Capítulo 07

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Londres, South Kensington - Quarta, 01:49AM

     O loiro analisava cada matéria postada, cada depoimento dado, cada teoria em blogs de fofocas e cada informação que tinha sobre tudo. Fazia isso desde os últimos seis meses e meio, sem conseguir tirar isso da cabeça.
     A cada dia se sentia mais perto da verdade e mais perto do colapso. Talvez a verdade não fosse o melhor caminho, mas talvez não saber a verdade o deixasse ainda mais louco a cada dia que se passava.
     Mas para ele não importava o quão próximo da loucura, ou algo do tipo, estava, ele só queria saber a verdade sobre Giselle. Ele só precisava disso para se sentir em paz, sentir que havia lhe pagado o que devia antes de encontrá-la. Feito o mínimo que deveria como o último amor da vida de McGuyver.
     Continuou anotando as informações que tinha na agenda de capa empoeirada, que já estava cheia de anotações, tentando ligar acontecimentos e depoimentos com outros materiais antigos, até cair no sono em cima da caderneta.

Londres, The Boltons Street - Quarta, 05:27AM

     Yara havia ficado mais uma noite sem dormir direito, mas dessa vez sabia exatamente o motivo. O dia que mais temia, estava chegando.
     Cansada de ser acompanhada pelos seus pensamentos, decidiu sair da cama e caminhar pela casa, com cautela para não acordar os avós e a madrinha, que ainda dormiam.
     Em algum momento, depois de ficar minutos andando pela casa sem rumo, decidiu ir até a cozinha e adiantar o café da manhã, mas se assustou quando viu a imagem de Gregory, com um braço o apoiando na bancada da cozinha e a outra segurando uma caneca azul, que deveria ter café dentro dela.
     Achou que ele não havia percebido a sua presença, mas quando foi fuzilada com o olhar frio e sem vida do garoto, percebeu que estava errada.
    Engoliu em seco a princípio. Não por ele ter percebido a sua presença, mas por ter um olhar tão frio consigo, um olhar que Yara nunca havia visto antes. Diria que um olhar até meio morto, um olhar morto repleto de ódio ou medo.

– Por que acordou tão cedo? – Sussurrava. –

– Pesadelos. – Respondeu antes de dar um gole no seu café. –

     A garota logo entendeu o motivo do olhar tão... Sem vida.

– Está meio pálido, cinzento. Se sente bem? – Perguntou preocupada ao reparar na aparência geral do irmão. –

– Sim, sim, apenas um pouco de dor de cabeça, mas estou bem. – Disse escondendo um pouco da verdade. –

– Certeza? – A garota questionou novamente, preocupada. –

     Acabou recebendo apenas uma confirmação não-verbal do irmão, o que não foi o suficiente para convencê-la, mas foi o suficiente para deixá-lo em paz.
    No final, Yara já havia esquecido o que iria fazer na cozinha e tentava, falhamente, se recordar do que iria fazer lá, até ouvir um barulho na direção da porta de entrada e se alarmar.

– Será que algum dos nossos avós saíram? – Greg perguntou com a voz fraca. –

– Não sei, vou lá ver.

     Gregory, a princípio, não se manifestou diante da afirmação da irmã, até o pensamento de que poderia ser alguém tentando entrar na casa, invadir sua mente. Yara poderia estar indo encontrar a sua morte e Greg não poderia fazer muito para impedir, levando em conta que a porta já havia sido aberta e a garota já estava lá, mas mesmo assim foi atrás dela e viu algo bem melhor atravessando a porta.
    A confusão tomou conta do corpo dos dois jovens quando viram a mulher, que era a cópia exata de Gregory, atravessar a porta. Usava um sobretudo que ia até o joelho e deixava sua tatuagem de rosa na panturrilha à mostra.

– Madrinha, o que fazia na rua uma hora dessas? – Yara, confusa, foi a primeira a falar algo. –

– Resolveram, de última hora, me ligar para resolver algumas coisas da sua guarda. Só voltei agora para levar os seus avós, depois já volto.– Deu de ombros, tirando o sobretudo. – Tantas burocracias para ter a guarda de uma pessoa quase responsável por si mesma, como a lei é incrível!

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