Capítulo 31

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N/A: Recomendo escutarem a música "Come and See - Lean Year", durante todo o capítulo. (Música adicionada a playlist oficial de Tenor)

Londres, Eaton Square - Sábado, 00:42AM

– Me desculpa. – Yara ouviu a voz de Lux vindo do sofá, enquanto ela enchia um copo com água. – Eu não deveria ter te tirado de lá. Para ser mais exato, eu não deveria ter te colocado nessa bagunça.

– Eu deveria te agradecer por ter me tirado daquele lugar. – Se aproximou, entregando-lhe o copo d'água. – Beba e depois vá tomar um banho, não vou deixar você dormir nesse estado.

– Iria pedir para que não falasse nada com Hadley, mas isso só pioraria o sentimento de ser uma criança que foi pega pulando na lama.

     Yara riu, observando-o tomando água, como se fosse um item frágil. A garota mais parecia um guarda de filmes clichês, que, a preço de qualquer coisa, tem que proteger a filha do presidente, ou alguma princesa indefesa.

Londres, Eaton Square - Sábado, 07:21AM

     SaintClair acordou ao som de As Quatros Estações de Sandy & Junior, sinalizando que alguém estava ligando para o seu número. Se ajeitou no sofá, abrindo os olhos de forma lenta e pegou o seu telefone. À primeira vista, não conseguiu ver quase nada na pequena tela, mas, assim que seu olhar se centralizou bem, conseguiu ver claramente o nome de Gregory aparecendo e era como se seu corpo estivesse petrificado.
     Se lembrou de que não avisara ao garoto que não voltaria para casa e que não pegava direito no telefone desde que havia chegado no pub. Ela estava morta.
     Atendeu o telefone, sentindo todo o seu corpo tremer ao aproximá-lo de seu ouvido, pronta – ou nem tanto – para escutar o sermão de Greg.

– Onde. Caralhos. Você. Está? – Ouviu a voz enraivada do garoto, vinda do telefone, e logo soube que receberia um sermão, ou agora, ou quando chegasse em casa. –

– Estava tarde, Abby me trouxe para dormir na casa dela. – Falou com uma voz mais sonolenta do que realmente estava, em uma tentativa de amenizar a raiva de Gregory. – Me desculpe por não avisar a ninguém, acho que fiquei muito imersa na ocasião e acabei esquecendo desse detalhe.

     Ouviu o suspiro pesado de Greg do outro lado da linha, mas não fazia ideia do que esperar.

– Você está bem? – Perguntou, acalmando um pouco o tom de voz. –

– Estou e, daqui a pouco, já vou estar em casa, então não se preocupe tanto. Eu sou jovem, mas não sou idiota. E você é jovem também, ao invés de se preocupar comigo, vá... Não sei, fazer coisas de adolescentes. – A frase de Yara fez com que Gregory soltasse uma risada fraca. – Até mais.

– Até.

     Então a ligação foi encerrada e era como se um peso tivesse sido retirado de Yara, mas assim que se lembrou de que Lux estava lá, o peso voltou para o seu corpo.
     Não hesitou em se levantar e ir até o quarto onde havia deixado o garoto dormindo. Enquanto dormia, parecia ter paz, mas Yara sabia muito bem que Lux poderia ter tudo em sua vida, menos paz. Sentiu a vontade de tirá-lo de toda bagunça, de poder fazer ele saber que tudo estava bem, que tudo ficaria melhor. Yara queria proteger Lux.
     A brasileira ficou tão imersa na fantasia onde ela poderia ser um ponto de paz para o loiro, que nem percebeu quando os olhos azuis se revelaram e começaram a encará-la.

– Bom dia. – A voz rouca de Lux fez com que Yara voltasse para o mundo real. –

– Bom dia. – Respondeu, sorrindo de forma singela. – Se sente melhor?

– Acho que sim. – Coçou o olho direito, caminhando até a sala, com Yara em seu encalço, e se sentando no sofá. – Mais uma vez, me desculpa, por tudo, eu não

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