Capítulo 30

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N/A: Recomendo escutarem a música "Ressaca - Jão", durante todo o capítulo.

Londres, The Boltons Street - Domingo, 22:03PM

– Ei Lux, onde quer que esteja, por favor, me responda. Todos estão preocupados com você. – Falou com pesar, deixando um recado na caixa postal do loiro. –

     Assim que jogou o telefone para longe dela, continuou a ler a matéria que estava aberta em uma página do seu notebook. Era sobre Cadence.
     Todos estavam falando para ela o quanto continuar sabendo sobre todo o caso, era prejudicial para sua saúde, mas ela não poderia apenas fingir que nada estava acontecendo. Tudo estava girando em torno de sua vida e, consequentemente, ela havia sido a causadora daquilo. O que teria acontecido se ela nunca tivesse entrado naquele banheiro?
     Cadence estaria viva?
     Bella estaria solta?
     Lux estaria aqui?
     Eram tantas perguntas que rodavam a cabeça da morena, que, por alguns minutos, ela até esquecia de uma parte da realidade.
     Dentre isso tudo, uma das coisas que mais preocupavam Yara, era: Onde Lux estava? Por qual motivo ele havia sumido de repente? Estaria certa a mídia ao falar que ele era o culpado? A mente do plano.
     Ele não seria capaz... Seria?

– Esquece isso, Yara! – Reclamou com ela mesma, fechando o notebook e se jogando na cama. –

Londres, Westminster School - Sexta, 09:21AM

     E mais uma vez, a Westminster havia superado outra morte. Seguindo a sua vida como se nada de trágico tivesse acontecido, mas, dessa vez, seus corredores estavam cheios de sussurros, que não deixavam as paredes daquele colégio esquecerem o que havia acontecido.

– Isso não tem amor! – Ouvia a professora de cabelos vermelhos resmungar. – Eu pedi um poema de amor, onde eu conseguisse sentir que o eu lírico sofre por tal sentimento, não um poema que fizesse eu sentir que o eu lírico fale de um desconhecido.

     A garota que havia acabado de se apresentar, se encolhia, envergonhada com tal humilhação.

– Se sente, por favor! – Simbolizou com a mão, olhando a lista. – Yara SaintClair, se apresente.

     A garota de cabelos escuros sentiu o seu corpo tremer ao andar para a frente da sala. Ela nunca havia sentido o amor puro e verdadeiro, nunca havia sentido o amor, era quase certeza que a professora diria o mesmo de seu poema.

– Pode começar, senhorita SaintClair.

     A garota suspirou fundo, abriu seu papel e então leu o poema.

"Imensa escuridão
Que só eu encontrava em sua alma
Tão sombria que se disfarçava de doce

O doce do Whisky
O amargo do chiclete
O calafrio do mar
A queimadura da neve

Todo o seu teatro enchia a minha alma de tristeza
Enquanto seus erros feitos com destreza
Conseguiam ser a luz que me guiava
E me libertavam da vazia e desalmada fortaleza"

     Sentiu o seu interior revirar após ler aquilo, pois, enquanto lia, era como se ele se deteriorasse por inteiro. A ansiedade corria livremente por seu corpo, mas não era pela leitura e sim por lembrar dele. Dos seus olhos grandes e o estúpido sorriso certinho que ele tinha.
     Por algum motivo, aquele poema agora tinha um sentido para ela e causava alguma dor em Yara.

– Pode se sentar, senhorita SaintClair. – Ouviu a voz da mulher interromper o silêncio da grande sala. –

     Olhou para o lado e viu a mulher sorrir, então tentou mostrar um leve sorriso também, mas deu a tentativa como falha antes que concluísse a tentativa.
     Voltou para o seu lugar, sentindo o seu corpo queimar de desespero e vergonha.

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