Raindrops

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A intenção de Lucas realmente era descansar mais um pouco para seu corpo de fato se recompor e sua regeneração retornar a engrenar em cem por cento como deveria ser – ao contrário de como ocorreu desde a flechada.

Antes ele não sentia ganas de se curar, não queria continuar nesse plano terrestre. Mas agora era diferente... A chave em sua cabeça havia girado como se seu cérebro e pensamentos fossem uma roleta. E o motivo dessa mudança não era apenas uma coisa, mas várias outras; a principal, ah, nem era necessário citar quando o sorriso apaixonado em seu rosto dizia tudo. Ele parecia um adolescente babão pensando em seu primeiro amor entre suspiros entusiasmados das lembranças recentes daqueles olhares que mesclavam preocupação, carinho, paixão e desejo.

E como não se sentir um idiota pensando nessas mudanças tão súbitas e radicais? Céus! Uma hora Athanasia era uma pessoa tão diferente; arisca, hostil, distante, fria, bruta. E na outra estava tão carinhosa, amável, delicada, solícita. Pareciam até duas garotas diferentes; e isso realmente poderia acontecer por conta dessa parafernália toda da linha temporal rasgada. Porém, Lucas sentia a essência daquela que amava naquela linda Princesa modificada que estava em sua presença algumas horas atrás.

Vale ressaltar que Lucas jurava ter lido naquele olhar de jóia safira muito além do que Athanasia estava conseguindo expressar. Ele jurava ter decifrado sentimentos profundos que pareciam desesperados para se mostrarem aos seus olhos. Então, sim, definitivamente aquela era sua amada Princesa. Aquela a quem procurou durante meses ininterruptos; a quem aprendeu amar como um homem, com desejo de viver para sempre ao lado e até de criar uma família.

E tudo era tão surreal, um paradoxo tão inconstante, que de fato parecia um sonho.

Sonho...

Lucas já perdeu as contas de quantas vezes se beliscou para confirmar que não era um sonho e que tudo realmente estava acontecendo.

"Chega de ficar aqui como um doente." Ele disse a si mesmo quando colocou os pés para o lado de fora da cama e rumou em direção ao cabideiro que continha um roupão verde cheio de desenhos ramificados de flores – que sua expressão logo deixou claro o quanto desaprovou o estilo. Mas era o que tinha para vestir no momento, uma vez que não era capaz de usar magia enquanto segurava aquela pedra em sua mão.

Olhar a pedra rubi na palma de sua mão após vestir – com muito custo – o roupão, novamente fez um sorriso brotar nos lábios pálidos de Lucas. E pensando na dona da pedra, que ele rumou para fora da sala de cura em direção a nenhum destino certo. Ele só queria sair dali em busca dela. De Athanasia...

Quando irrompeu a passagem da porta para o lado exterior, os olhos de Lucas praticamente se fecharam para que suas pupilas se acostumassem com a claridade excessiva dos cristais esverdeados brilhosos sendo iluminados pelas luzes solares.

Estava um sol escaldante, mas os raios ultravioletas não queimavam as peles dos Hualanos que corriam para lá e pra cá, ou saltavam de um cipó ao outro; muito menos maculava a pele sensível de seus visitantes – uma prova disso era Ijekiel, que por ser albino não podia pegar tanto sol.

E falando no Alpheus, o agora Duque estava recostado na parede de vinhas ao lado com braços cruzados enquanto encarava o mago. Lucas, no entanto, só o percebeu ali quando seu olhar rubi varreu todo o local em busca de Athanasia e não a encontrou.

"Que merda está fazendo aí?!" Lucas soltou com a voz de certa forma alterada, como se contivesse um grito de um susto. E para se recompor ao ver o albino dar uma risada debochada, pigarreou e o apontou com um olhar analítico. "Por acaso virou uma assombração para ficar me perseguindo? Parecido com um fantasma você já é-"

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