TW: Violência;
A Princesa encarava, pela janela em movimento, Obelia se tornando distante a cada balançar que a carruagem dava. Pelo que se lembrava, ela nunca havia saído do Império ou nada do tipo. Então ver aquela construção que era seu lar se afastar deu-lhe uma dor pela saudade crescente em seu peito, mesmo que tivessem saído há pouco tempo.
O pior disso, com certeza, foi despedir-se de seu pai e dos outros. Sua garganta parecia ter um nó que a impedia de falar após entrar na carruagem, ou caso contrário choraria que nem uma garotinha perdida de seus pais.
Um suspiro escapou de seus lábios quando encarou o Príncipe adormecido ao seu lado, mas que ainda mantinha seus dedos entrelaçados aos dela para indicar um ao outro que estavam ali. Ela então encarou as mãos conectadas, lembrando-se de como aquele toque a deixava estranhamente calma nos piores momentos.
Cabel instintivamente agarrava sua mão quando ela começava a se sentir desconfortável, apertando-a com cuidado para não machucar; e aquele toque lhe trazia uma calmaria, apagando qualquer medo e receio que sentia ao encarar Lucas – cujo essas emoções quase não existiam mais, visto que agora davam espaço ao coração acelerado só de lembrar do mago.
"Você é algum tipo de mago?" Athanasia sussurrou a pergunta para não acordar Cabel, mas não pôde impedir um grunhido dolorido escapar do fundo de sua garganta com uma repentina dor de cabeça ao falar aquela frase que lhe parecia ser tão familiar. A mão livre pousou em sua têmpora, massageando-a como se com aquilo fosse apartar a dor.
As orbes rubis entraram em sua mente, mas, como esperado, ela não sentiu medo. Dessa vez era apenas... um sentimento desconhecido que aflorava em seu peito. A forma que Lucas a encarou com pura dor antes de partirem mexeu com ela de certa forma.
"Isso é tão estranho..." Um sorrisinho confuso cresceu em seus lábios, mas ela não se importou.
Ali, naquele momento, Athanasia só foi capaz de fechar os olhos para descansar um pouco mais antes de alcançarem o destino.
E, ali, ela sonhou com um campo dourado, repleto de fadinhas... E um belo garoto de cabelos longos e negros ao seu lado.
⋨⍟⋩
"Athy! É hora de acordar. Nós já chegamos em Arlanta!" A voz gentil de Cabel entrou pelos ouvidos de Athanasia. Mas o suficiente para que as pálpebras dela se abrissem e encarasse o Príncipe foi as cutucadas que ele lhe dava na bochecha. "Boa noite, Athy."
"Hmm. Boa noite." A Princesa respondeu com pura manha, preparando-se para fechar os olhos novamente por conta do sono. Mas ele não deixou, voltando a cutucá-la e soltando umas risadinhas pela careta que ela agora fazia.
"Temos que ir, Athy. Ou não me diga que quer dormir na carruagem ao invés de uma cama?"
Athanasia resmungou uma confirmação xoxa, levantando-se para sair da carruagem, mas acabando por se desequilibrar e cair em cima de um Cabel confuso e em pânico. Ela o encarou por alguns segundos sem uma reação definida, até começar a explodir em risadas pela cara que ele fazia.
"Sua cara está hilária, Bel!" Ela exclamou entre risos, acabando por irritar o Príncipe.
Era como se uma fumaça imaginária saísse por suas narinas quando ele a abraçou e se levantou, saindo daquela carruagem em um instante sem se preocupar com os olhares que os servos davam a eles.
"Agora, aguente até chegarmos em seu quarto. Caso eu te solte aqui, irão estranhar." Cabel sussurrou enquanto procurava seu pai no início dos portões, mas não o encontrou. Suspirou baixinho para controlar seu mau humor pelo Imperador tê-los abandonado. "Ei, você aí. Poderia nos guiar até os aposentos da Princesa? Ela está um pouco cansada e não consegue andar."
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Find You
Romance"De olhos fechados, o que consegue ver, Athy? (...) Se for a escuridão, saiba que essa é a minha vida sem você. E a beleza que vê agora... (...) É como está começando a ser minha vida ao seu lado." "Está vendo as estrelas, Lucas? (...)Quando olhar o...