Colapso

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Dias se seguiram com encontros do pequenino mago e da pequenina princesa, no jardim. E, logo após, também vieram as noites. Foi se tornando um costume para ambos se encontrarem nessa frequência e nenhum dos dois reclamaram quanto à isso.

Entretanto, Lucas sentia a mana da Princesa cada vez mais forte, e isso o preocupava. Mesmo com o pouco tempo que ela e aquele animal tinham juntos, ainda era uma grande transferência de energia.

E a preocupação foi certeira, pois num certo dia, quando chegou a hora costumeira do chá da tarde que ela tinha com o Imperador, aconteceu algo.

Durante aquele momento rotineiro, houve algo que surpreendeu a todos. A Princesa acabou cuspindo sangue e desmaiou. Talvez o excesso de afeto nos últimos dias com Blackie tenha feito tanta mana retornar ao seu núcleo de energia, que seu corpo colapsou, fazendo a pequena Princesa desvanecer.

O Imperador encarou aquilo com surpresa e desespero. Lucas se sentia da mesma forma, ele entendia aqueles sentimentos ao ficar sabendo que sua amiga cuspiu sangue do nada, mas não podia fazer nada no momento em que tudo ocorreu. Afinal, ele não podia simplesmente frequentar as áreas restritas do Castelo como bem entendesse, e tudo ficaria bem. Ele precisava da confiança de Claude, e mesmo que no passar dos dias estivesse correndo atrás disso para tê-la, ainda não era tão fácil.

No dia em que isso aconteceu, Lucas estava do lado de fora dos portões, e só pôde ouvir os burburinhos vindos do recinto de chá. Todos corriam desesperados sem saber como acudir a Princesa. Ele esperou o imperador quase matar o pobre mago ancião do reino para que aparecesse ali, este que infelizmente não conseguiu fazer nada.

Foi então que, nesse momento, Lucas aproveitou para conseguir seu passe.

"Diga ao Imperador que eu posso ajudar." Ele praticamente gritou aos guardas para chamar a atenção.

E nem precisou de mais nada. Os guardas saíram arrastando-no dali. Era o que ele queria, então apenas permaneceu quieto enquanto era levado até a sala, que era na verdade o quarto da Princesa.

Quando as portas se abriram, o mago ancião que ainda estava ali dentro foi levado embora de mãos atadas. Lucas nem precisou olhar direito para ver que o projeto de feiticeiro estava desesperado com medo de uma execução pelo trabalho mal feito. Seus olhos rubros se reviraram em desgosto, mas logo permaneceu indiferente ao se encontrar com o Imperador não muito longe da cama posta ao centro da sala.

O que restava das lágrimas de dor no rosto de sua amiga, agora adormecida sobre a cama graças à Claude, o deixou de certa forma nervoso. Lucas preferia ter tomado as devidas medidas sobre aquela situação o quanto antes, mas acabou se deixando levar.

"Bênçãos e Glória sobre Obelia." O mago, em sua forma infantil, fez uma singela reverência, permanecendo com sua cabeça baixa diante do Imperador.

"Você disse aos meus guardas que poderia salvar minha filha. Acredito que não vá fazer muito, visto que é apenas uma criança insolente."

Não importava o que o loiro dissesse, não intimidou nem um pouco Lucas, que acabou permanecendo quieto e sem esbanjar nenhuma expressão com a atitude frívola daquele homem.

"Permita-me tentar, Vossa Majestade."

"Oh, é claro que eu irei." Uma risada curta foi acompanhada da frase zombeteira do imperador. "Mas se caso falhe e piore a situação de Athanasia, será banido das terras Obelianas pelo resto de sua vida."

"Ao contrário, Vossa Majestade... Eu desejaria entrar para o posto de mago real caso eu consiga salvá-la."

"Vejo que tem confiança suficiente. Tudo bem, ajude-a e eu irei pensar sobre isso."

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