Breathe.

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"Como isso aconteceu?!" Lucas perguntou assim que teleportou-se para o quarto que Cabel estava.

O Príncipe estava com uma feição contorcida de dor, mas já usava da própria magia para se curar sem nenhum problema. Só estava sendo um pouco mais difícil e doloroso, pois a mana de Agnis era tão densa que até um ataque pequeno desses era intenso o suficiente para matar alguém. Por sorte havia acertado no ombro.

"Ela simplesmente entrou por ali..." Cabel mostrou a janela estilhaçada, e continuou: "...E começou a gritar incoerências, como se eu tivesse feito algo contra ela. Não entendi nada. Ela é louca! Ela..."

O gosto amargo da certeza de que Agnis era a agressora e quase assassina de Tiger e Flora, veio à boca de Cabel, e ele precisou respirar fundo e conter-se para não acabar vomitando pela ânsia. Precisava contar isso a Lucas o quanto antes, para que seu mestre ficasse atento.

"Agnis quem atacou Flora e Tiger... Eu sei disso. E ela sabe que eu senti isso, sabe que eu consegui identificar a essência que ela deixou na área do crime."

"O que?!" Lucas mal acreditava no que ouvia. Ele pode até ter sentido alguma relevante essência parecida no dia do ataque, mas não se apegava muito a isso, pois o que sentiu naquele momento foi apenas o rastro, já que chegou depois. Quem esteve bem próximo de quase ver Agnis foi Cabel.

"Ela me ata-"

A projeção astral de Phantom no centro do quarto tomou a atenção de mago e príncipe que, instantaneamente o encararam, curiosos do porquê havia aparecido só agora.

O animal, no entanto, pouco se importou com os olhares confusos e curiosos que ambos os rapazes lhe entregavam e focou no ombro machucado de Cabel - que era pressionado enquanto ele se auto curava.

Phantom choramingou baixinho e se aproximou, lambendo a mão livre de Cabel como um consolo pela dor que o Príncipe sentia. Seus olhos dourados e astrais - estes que deixaram os dois humanos presentes na sala, de certa forma, confusos, pois eles nunca haviam visto esta coloração nas orbes do animal - focaram nos oceânicos de seu dono.

"Phantom?" Cabel murmurou o nome do leão numa entonação confusa, curvando as sobrancelhas. "O que foi? Os seus olhos, eles..."

O animal sagrado sentiu-se incapaz de transmitir algum pensamento em resposta, simplesmente limitando-se a esfregar o rosto na mão de seu dono, demonstrando-lhe carinho.

"Diga o que está acontecendo, Phantom." Cabel insistiu, sorrindo reconfortante para o leão. "Está tudo bem. Eu estou bem."

Uma lufada de ar saiu das narinas de Phantom, que fechou os olhos e pensou um pouco mais. Em seu âmago sentia que contar a Cabel sobre Athanasia não era o certo a se fazer, pois estaria mexendo no destino dos seres criados pelo superior. Talvez fosse assim que Oberon se sentia? Mas o animal sagrado não era como o Rei das Fadas. Não havia sobre si tamanha responsabilidade, como o azulado tinha.

Eu a encontrei. -  Foi tudo que Phantom revelou em sua conexão telepática com Cabel, observando como aos poucos a expressão do Príncipe saía de uma simpática e carinhosa para uma confusa e, então, tornou-se uma de puro choque.

"V-v-v-você o quê?" Cabel gaguejou vergonhosamente. Todo o seu corpo começou a amolecer; aquela sensação agoniante de um frio na barriga que parecia espalhar por todos seus nervos como um vírus desconhecido era simplesmente enlouquecedora. Suas orbes oceânicas de pupilas estreladas dividiam o foco entre seu animal e seu mestre.

Lucas, no entanto, estava um tanto confuso por não ser capaz de participar da conversa telepática que o Príncipe tinha com Phantom.

"É.... i-isso é v-verdade?!" O Arlantino praticamente berrou, esperançoso, buscando com sua magia um único resquício de que aquilo poderia ser mentira. Entretanto, filtrando tudo o que poderia, ele não encontrava um único resquício de incerteza nos olhos dourados e intrigantes de Phantom.

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