03. Um Vazio

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Cap um pouco mais curtinho, sorry 😞

Boa leitura♡
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Todo seu corpo estava dolorido, suas juntas pediam socorro enquanto suas costas estavam desalinhadas, precisava urgentemente marcar uma consulta no quiropraxista.

Mas dor não era a única coisa que sentia. Podia se lembrar muito bem de como um par de olhos azuis mexeu consigo mais cedo.

Sua mente tinha criado um filme com as imagens preferidas que ficariam guardadas só para si. E sem sombra de dúvidas nada sentido se comparava à sensação de ter o peitoral do outro roçando nas suas costas.

Colocou a mão na nuca fechando os olhos.

Precisava tomar um banho. Seu corpo estava grudento e com certeza estava fedendo.

Pensando bem, agora ele se sentia um pouco envergonhado por ter ficado tão próximo de alguém mesmo estando sujo.

Tirou seus sapatos e caminhou até seu quarto, estava impecável, o guarda-roupa preto, a mesa de cabeceira, os quadros nas paredes, era tudo preto, conhecia pessoas que gostavam daquela cor apenas por não demonstrar sujeira. Ele não era desse tipo, o chão brilhava, o teto não tinha uma teia de aranha sequer, sua cama estava bem organizada, estaria, se não fosse por um binder jogado por cima da mesma.

Se sentou no colchão pegando o pedaço de pano na mão, estava bem gasto, mas o pano continuava branco e alvo, fôra seu primeiro binder, havia comprado aquilo com o que? 15 anos? Não, antes. Seus peitos tinham começado a crescer antes disso.

Mas bem, agora isso não era uma preocupação. Havia feito mastectomia no final do ano passado, poderia ter enormes cicatrizes abaixo do que seriam seus peitos, mas estava tudo bem.

Aquele era o corpo que se sentia confortável, aquele era um corpo que ele gostava de ter.

Deixando isso de lado, agora era a hora do seu banho, na verdade já havia passado, mas isso não importava.

[...]

Deitou-se no colchão, estava geladinho, agradecia a todos os deuses por ter ligado o ar-condicionado antes de sair do quarto.

Os lençóis cheiravam a novos, mesmo estando ali há três dias, sua pele molhada secava com o baixa temperatura do local, suas narinas sentiam o cheiro doce se espalhar pelo ar.

Talvez não devesse passar tanto produto de limpeza na sua casa, muito menos perfume antes de dormir, mas o que ele poderia fazer? Amava sentir-se cheiro e ter sua casa igualmente cheirosa.

Pegou o telefone, deslizava os dedos na tela em busca de algo interessante, já teria encontrado se não pensasse tanto em coisas bobas.

Um loiro alto e super gentil que havia ensinado a montar hoje era essa coisa boba.

Ele tinha muito o que fazer no dia seguinte, deveria dormir agora.

[...]

Estava com um belo par de olheiras, ele deveria ter dormido. Ele teria dormido, se conseguisse dormir.

Ainda estava deitado no colchão pensando se valia a pena se levantar daquele lugar quentinho e confortável para ir trabalhar igual um desgraçado das sete as dezessete.

Chegou a conclusão de que sim, pois ele tinha que ganhar seu salário para sobreviver.

E lá se foram as longas horas de seu dia. Havia trabalhado mais e mais feito um camelo, seu salário era bem alto para um cuidador de cavalos, permitindo que vivesse bem, porém também se sentia muito preso ao emprego. Só saia de lá as cinco, e as cinco da tarde tudo praticamente já está fechando.

Mas enfim. Ele não era um herdeiro.

[...]

Estava suado e arfando, a parte de cima do seu macacão estava para baixo. Amava o fato de poder tirar aquilo do seu corpo.

Seu expediente estava quase no fim. Hoje o dia havia sido bastante cansativo, bem, ultimamente o trabalho estava sendo bastante cansativo, talvez ele devesse começar a fazer exercícios.

— Levi! — seu chefe havia o gritado, bem um de seus chefes. Quando se cuida dos cavalos não é muito difícil ter um cargo acima do seu.

— Sim? — tentava ser educado, mas isso não significava que era capaz de conseguir.

— Os intrutores disseram que viram você ensinado um homem a montar, isso é verdade?

Cacete

Exitava em dizer suas palavra e ponderava cada sílaba. — Eh... sim eu ensinei um homem montar. Mas eu disse que não era especializado naquilo e me ofereci para levá-lo até os instrutores... mas ele não quis.

Retirava tudo que havia dito sobre seu trabalho. Ele amava trabalhar. Quer dizer... amava receber bem para trabalhar.

— Dá próxima vez dê um jeito de levar essa pessoa para um instrutor. Faça só o seu serviço.

Levi viu o homem desaparecer podendo finalmente soltar o ar que sequer sabia que estava prendendo.

— Sobrancelhudo se eu te pego eu juro que te mato.

Agradeceu por não ter ninguém por perto para chamá-lo de louco.
Em contrapartida ouviu Glako relinchar.

— Você pode ter gostado dele, mas eu levei "esporro" por causa dele! — apontou o dedo para o animal, que abaixou a cabeça como se estivesse entendendo e participando da conversa. — Eu deveria colar capim velho "pra" você.

O animal relinchou novamente, só que dessa vez ameaçando pular em cima de Levi. Dessa vez foi o momento do moreno calar a boca.

[...]

Estacionava a moto na garagem com o som dos carros passando na rua, morava num lugar calmo que não chamaria de "seguro", mas a vizinha adorava flores e lhe deu uma como presente de boas vindas quando chegou no bairro, que agora era um belo jardim que enfeitava a frente da residência; era uma ótima senhora.

Desligou a moto e retirou a chave.

Estava girando a maçaneta, como odiava esse tipo de porta.

E lá estava ele mais uma vez. A mesma casa, com certeza as mesmas comidas (macarrão instantâneo) e as-

Seus pensamentos medíocres foram tirados de si por um ser arranhando seu macacão como se sua vida dependesse daquilo — Miau!

Pegou o animal no colo. — Dorian! Ainda está como raiva por eu ter esquecido da sua existência ontem? — o bichinho miou em resposta — Desculpa. Eu "tava" muito cansado, meu bem.

Fez carinho na cabeça do animal com a pontinha dos dedos.

Dorian era um gatinho que rua que Levi havia encontrado meses atrás, já o encontrou meio grande então ele já deveria ter quase um ano.

O animal era muito sapeca, corria pela casa, fazia bagunça quando comia e era extremamente manhoso; haviam vezes em que Levi perdia sua cadeira favorita para o seu gatinho mandão.

O pequeno Dorion então saltou do colo de Levi e correu para perto de sua tigela de ração.

— Tá com fome? — Ackerman pegou o pote de ração e despejou um pouco na vasilha do pequeno, também lavando a de água.

É, talvez a vida não fosse tão mal assim. Ele gostava desse tipo de coisa, da calmaria e da tranquilidade, de como sua casa era silenciosa, gostava do seu gatinho, gostava dos animais do haras.

No final das contas existiam coisas que ele gostavam, eram bem menos do que as que desgostava, mas isso não é discussão para agora.

Uma onda de calor preencheu seu peito e um pequeno sorriso brotou em seus lábios, era nesses momentos que percebia que a felicidade estava nas pequenas coisas da vida.

Continua?

Minha Loucura Mais Lúcida [Eruri]Onde histórias criam vida. Descubra agora