05. Eu

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Oie, passando para avisar que nas falas dos personagens haverão erros ortográficos. (Não que o resto da história não tenha, mil perdões)

Boa leitura ♡
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Eu lembrava-me muito bem das sensações...

Das poucas vezes que conversamos, meu coração batia como louco, em cada uma delas, dos poucos momentos em que jurei que o outro estava sorrindo já estava com um sorriso bobo no rosto.

Mike à uma hora dessas deveria estar louco para me bater. Ele não deveria aguentar mais eu falando sobre Levi, mas o que eu poderia fazer? Eu simplesmente comecei a falar com um homem incrível e estamos ficando próximos! Aos poucos, mas estamos ficando.

Céus, tudo o que eu quero é poder ir para a porcaria daquele haras mais uma vez e ver ele.

Zacharius não para de me olhar de canto e fazer provocações sobre o assunto. Ele parece uma criancinha do fundamental, mas isso pouco me interessa.

Eu quero conversar com ele, quero poder sentir o cheiro dele, quero poder olhar para ele; mas ao mesmo tempo tudo que quero é quebrar tudo. O escritório está uma bagunça, negócios sendo fechados à todo momento, novos funcionários, se antes dizia que estava ficando louco agora tenho certeza.

Ter esses pequenos momentos de felicidade me fez esquecer o quão complexo e difícil é administrar uma empresa.

Meus funcionários deveriam estar me odiando.

O velho Erwin estava de volta. Mal-humorado, estressado, curto e um pouco grosso.

Meus funcionários não são os únicos que estão com raiva do meu mau-humor.

— Pelo amor de Deus! Erwin, você é uma nuvem de chuva em um dia ensolarado! — Hange gritou, aquele louco estava me dando nos nervos, já não bastava ter me interrogado sobre Levi quando nem eu sei as coisas sobre ele direito, agora ela está aqui me dando sermão.

— Vá ver o garoto você está um poço de ignorância. — Mike me olhou de cima abaixo sentado com as pernas em cima da minha mesa.

— E você de mal educação, tire os pés de cima da minha mesa, agora. — fingia olhar os documentos, precisava me convencer de que estava ao menos tentando fazer alguma coisa.

— Já pensou em ir num psicólogo? — Mike começou com aquele assunto de novo.

Já estava ficando estressado — Vá você.

— Erwin, a gente tá preocupado com você. — a voz de Hange parecia meiga, até mesmo um pouco preocupada.

— Eu não tenho tempo para psicólogo, eu preciso trabalhar. — os encarei com a mão na testa, meus óculos quadrados de leitura deviam me deixar horrível.

— Tá bom, mas vá ver o garoto. Ele faz bem para você.

— O nome dele é Levi.

— Eu nunca vi ele. Quando tiver a oportunidade me deixe conhecer ele. — a de óculos pediu.

— Não é só você que quer isso.

Mike suspirou alto e tirou os pés da mesa — Você já vai? — olhou para a outra que afirmou. — Tchau, Zoe.

Se despediram com Hange pondo a mão no ombro dele e Mike a tocando no pulso. Eram como pais preocupados com seu filho problemático. Aquilo estava me incomodando. E não era pouco.

O outro se foi. A porta agora estava fechada e o clima desconfortável estava matando a mim e a Mike.

Sabia que tinha algo a dizer — ele não ficaria se não tivesse — e isso me incomoda. Tudo o que eu quero é poder dizer que estou bem. Tanta preocupação assim me deixa mal.

— Você está trabalhando de mais, eu chego perto de você e sinto cheiro de cansaço. Por quê não pede para o seu pai vir trabalhar? Ou quem sabe mandar alguém para te ajudar, sei lá, você está sobrecarregado de mais.

Inspirei como se puxasse esperança para dentro de mim. Pena que esse tipo de coisa não se consegue pelo ar.

— Você acha que ele faria isso? Você acha que ele ao menos me daria ouvidos? — o encarei em busca de uma resposta.

Vi seus ombros cederem, seus olhos também se fecharam. — E por quê continua aqui se você não tem sequer esse tipo de escolha?

Não esperou que eu respondesse, tudo o que fez foi se levantar e sair, era como um pai que dava um sermão no filho que fez algo de errado e o deixava no cantinho do pensamento; mas não, eu preciso fazer muitas coisas, e acredite em mim, uma delas com toda certeza não é pensar.

[...]

Enfim eu pude respirar.

O ar fresco da entrada da minha casa. Aquele tinha sido o último dia em que fiquei quase o dia inteiro trancafiado dentro daquele escritório.

Olhei para os meus sapatos pensando em comprar novos, se não fosse um empresário não precisaria me preocupar tanto com a minha aparência, poderia sair com uma camisa rasgada no sovaco que ninguém poderia falar nada.

Encarei minha casa, ela ficou pronta ano passado. Não me lembro que surto psicótico tive ao achar que era uma boa ideia construir uma casa do zero, e cá estou eu, amo minha morada mas demorei muito pará sair da casa do meu pai. Isso me incomoda um pouco.

Minha residência não era o luxo que todos esperavam, não eram uma mansão com piscina olímpica e uma pista de pouso privada, longe disso. Era uma casa comum, requintada, mas comum. Tinha a predominância de verde pastel e madeira por dentro, por fora era um cinza meio sem vida; mas posso garantir que por dentro era o contrário, a casa era o tempo todo em um clima agradável, o chão de madeira deixava quentinho nas noites frias e fresco nos dias quentes, as janelas também ajudavam nisso, a sala era simples, sofá, tapete, televisão e uma poltrona. Os banheiros eram como o de qualquer casa, a cozinha era meu ambiente favorito. Os azulejos verdes e brancos com desenhos bonitos davam um ar de casa, a casa inteira tem quadros, eu amo ter uma corzinha nas paredes; a cozinha por outro lado não tinha os enfeites, era o ambiente mais calmo da casa, uma mesa redonda de madeira e quatro cadeiras, um balcão e quatro banquetas, nos armários existiam todos os tipos de temperos que jurei que iria usar cada um.

Era um lugar calmo, toda a residência permanecia em silêncio, o tempo inteiro. Eu estando ali ou não.

Caminhei para meu quarto, uma cama enorme e toda bagunçada, era perfeita para minhas inúmeras posições numa boa e companheira noite de insônia.

Me jogar nela e ir dormir todo suado e sujo me parece uma ótima opção. Mas não, tirei coragem de algum lugar e me dirigi para o banheiro, coloquei a banheira para encher enquanto me despia, despejei o primeiro produto para limpeza que vi e entrei dentro antes mesmo que terminasse de encher.

Talvez esteja banhando com desinfetante, mas está tudo bem.

Estava cansando.

Eu assumo para mim mesmo.

As vezes me pergunto o que seria de mim se não tivesse seguido o futuro que meus pais queriam para mim, as vezes me pergunto o que seria de mim se eu tivesse escolhido anos atrás guiar a minha própria vida, fazer meu próprio destino.

Não é algo que me incomoda diariamente, mas me sinto triste quando paro para pensar.

Quem eu teria sido se tivesse feito tudo diferente? Não, quem eu teria me tornado se tivesse vivido por mim?

Agora depois de anos querendo mudar não posso, me vejo preso a algo que pensei ser minha obrigação quando era apenas uma criança.

Tudo o que eu quero saber agora é como migrar desse cansaço.

Eu levanto a bandeira branca.

Eu me rendi.

Estou cansado.

Eu só quero algo que me faça ser feliz.

Algo que me faça ser eu.


Continua?

Minha Loucura Mais Lúcida [Eruri]Onde histórias criam vida. Descubra agora