16. Disposto A Correr Atrás De Você

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Eu chorei escrevendo, mas não se emocionem porque o próximo pior.

Peço que por favor leiam com atenção e tentem entender como os personagens se sentiram.

Boa leitura♡
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O moreno de olhos verdes então se sentou no sofá com uma xícara de chá em suas mãos sem encarar o loiro sentado ao seu lado.

— Vem.

Como ele o conhecia tão bem?

Erwin estirou-se sobre o sofá deitando a cabeça no colo do moreno encolhendo as pernas para que pudesse caber no sofá. Quando aquele móvel diminuiu tanto assim?

— É alguém importante? — O de olhos azuis estava para perguntar se Lucian estava lendo sua mente, mas desistiu da ideia, tudo o que queria agora era o colo do seu... padrasto? Mas bem não importava o título, mas sim o papel que ele desempenhou durante tantos anos na sua vida.

Bebeu um gole de chá enquanto esperava o outro se pronunciar.

— Eu conheci um cara, e ele é incrível, — Sorriu bobo — mas... depois do nosso primeiro encontro ele simplesmente sumiu. — confessou envergonhado, certo de que o culpado de tal desgosto era apenas ele.

— Como se conheceram? — O homem perguntava com sua doce voz suave deslizando os dedos entre as madeixas douradas do enteado.

— Mike me levou para um haras, ele trabalha lá, aí quando eu conheci ele foi tipo uma explosão, eu fiz de tudo pra ficar perto dele, eu ia ao haras com frequência, sempre procurando ficar mais íntimo dele. Quando achei que era hora o chamei pra sair, ele aceitou e foi incrível, a gente se despediu no restaurante e depois desse dia... eu tentei contato e ele não retornou, ele parecia ter gostado sabe? — Buscou por aconchego nos olhos alheios, por um olhar acalentador e doce, lhe dizendo sempre os melhores conselhos do mundo.

— Já tentou ir na casa dele? — O maior desviou o olhar, não queria ser tido como covarde, não por alguém que jurou a si mesmo nunca decepcionar.

— Me olhe nos olhos Erwin, sabe que não vou te julgar. — Relutante e envergonhado hesitou, não! Por Deus! Seus olhos brilharam com o líquido transparente que se acumulava naquela região. Anos haviam se passado e ele não passava do mesmo menino medroso, chorão, inseguro de si e covarde, se envergonhava de quem havia se tornado, era covarde o suficiente para sequer desejar voltar para o passado, pois tinha medo de fazer tudo pior e se arrepender mais ainda.

Ele era o mesmo menino fujão, a mesma criança solitária no parquinho, o exemplo do professor, o mesmo filho que servia de troféu, o mesmo adolescente inseguro com sua sexualidade, o mesmo garoto idiota que sempre se decepcionava com o amor, o mesmo rapaz que tratava seu corpo como uma máquina, trabalhando dia e noite, ignorando todos os seus limites, recusando ajuda, recusando cuidado, com um enorme par de olheiras, uma mente cansada e um sorriso falso que saia de sua boca dizendo as mesmas palavras todas as vezes "Estou bem, lido melhor com meus problemas sozinho." . Apesar de praticamente nunca estar sozinho ele sempre sentiu ser sozinho.

Não o olhou. — Não. Eu não tentei.

— Eu sei como se sente e tudo que eu quero que saiba é que maior orgulho é você. Eu sempre vou te amar independente de quem você seja.

Aquele foi o seu estopim, naquele momento não era mais o CEO de uma empresa, não era um homem adulto, era o orgulho de Lucian. E isso era tudo o que importava, rodeou os braços na cintura do moreno ainda deitado em seu colo e desabou, libertou toda sua alma daquela dor contida apenas para si, desprendeu seu interior de todo aquele sofrimento.

Estava autorizado a sofrer.

Estava autorizado a ser o menino chorão do titio Lui.

[...]

Horas haviam se passado e agora o loiro se encontrava sozinho em sua casa.

Erwin batia o pé inúmeras vezes no chão enquanto mordia a carne de sua bochecha, ok, estava decidido, iria visitar Levi, tinha se aberto com Lucian e tinha decidido que queria, não, precisava correr atrás de Levi.

Lutaria por aquilo que amava.

[...]

Do outro lado da cidade Levi fechava a porta de sua casa com um pequeno sorriso no rosto. Segundos atrás ele estava na companhia de Nanaba, a mulher havia passado boas horas lhe fazendo companhia, e apesar do pouco tempo estava completamente mudada, esboçava um sorriso doce, uma gargalhada alta e feições despreocupadas, o moreno as vezes se impressionava com o quão melhor a loira aparentava estar após tão pouco tempo de término, um relacionamento abusivo destrói a vida de qualquer um da pior maneira possível.

Lembrava-se de si dizendo que ela combinava bastante com vermelho, por conta sueter natalino fora de época, a loira se sentiu honrada e até mesmo tímida, quando na verdade tudo o que desejava era ter Erwin trajado de vermelho bem ali na sua frente.

Querendo ou não, apesar de ignorar o outro ele persistia em não deixá-lo em paz, mesmo em seus pensamentos, as mensagem já haviam parado, mas sua própria mente se martirizando por sequer tentar ter uma conversa com Erwin já era o suficiente para deixá-lo inquieto.

Quem ele poderia enganar? No fundo seu peito doía ao lembrar das conversas, seus olhos lactimejavam e um enorme nó era dado em sua garganta. Tinham sido bom de mais para se esquecer tão depressa.

— Sobrancelhudo folgado. Mal chegou na minha vida e já roubou meus pensamentos. — Levi dizia aquilo para si mesmo se convencendo de que não era algo minimamente preocupante, e esquizofrênico.

Brincava com seus dedos na pior posição possível no sofá enquanto um pequeno aperto tomava seu peito, não era o de sempre, não o que sentiu nas últimas semanas, era o que carregou desde o dia em que nasceu.

Respirou pesado olhando para Dorian tentando por sua mente em outro lugar que não fosse a situação de pânico, Levi gritou alto consigo mesmo por estar assim, um gosto ruim tomou sua boca, uma secura imensa seus lábios e uma sensação de vômito enorme e sua garganta. Levi sabia, conhecia e convivia com o que aquilo era.

Disforia.

Mesmo após quase um ano da cirurgia de retirada das mamas ele não conseguia suportar a dor de se sentir um intruso em seu próprio corpo. Aquilo acontecia as vezes, a frequência diminuiu drasticamente com o passar dos anos, mas sempre retornava, era uma enorme vontade de simplesmente morrer.

Não existia nada mais assustador de sentir que o corpo em que vivia não era seu.

Estava em meio a uma crise, seu peito subia e descia disparado, seu coração pedia socorro dentro do peito enquanto sua boca muda se ressacava cada vez mais com os gritos de socorro sem som que saiam de sua boca.

Sentia seus olhos arderem, sua carne da boca se rasgar, seu sangue ferver dentro de suas veias.

Tremia como um desgraçado, hidratando os lábios com a língua, as poucas lágrimas que caíram secavam com a fraca brisa do fim de tarde tornando seu rosto gélido e aos poucos sua respiração ia voltando ao normal e a sensação ruim ia embora.

Levantou-se cambaleando meio zonzo caminhando até a geladeira pegando uma garrafa de cerveja, tirando a tampa com os dentes e bebendo boa parte do conteúdo com um único gole, sentindo sua garganta rasgar.

Horas atrás atrás sensação era prazerosa, beber com uma amiga enquanto conversavam, agora afogava sua dor numa garrafa barata de álcool.

Tirou seus olhos do mais puro nada direcionado-os até a porta, a companhia havia tocado, Nanaba havia esquecido algo? Provavelmente.

Caminhou até a porta a abrindo esperando ver outra pessoa. Muita semelhante a aquela que estava do lado de fora.

Não era ela, era ele.

Ele.

Erwin Smith.

Esperando por si do outro lado daquele batente.





Continua?

Minha Loucura Mais Lúcida [Eruri]Onde histórias criam vida. Descubra agora