Minha Loucura Mais Lúcida [Eruri]

06. Um Talvez

Vocês acham que segunda é um bom dia para postagens semanais?

Boa leitura♡
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Me levantei exausto. Era sábado. Noite passada dormi na banheira e agora todo meu corpo pedia arrego, eu só queria poder me jogar na cama e tomar café as onze da manhã. E tudo o que consegui com isso foi um torcicolo.

Respirei fundo e me afundei no meu travesseiro. Por que ele me parece tão macio agora?

Respirei fundo e fechei os olhos. Só mais alguns minutos...

[...]

Acordei novamente, dessa vez bem melhor que a anterior. Deviam ser mais de dez horas, mas isso não importa, meu corpo está bem melhor e me sinto até um pouco feliz.

Me espreguicei pondo meus dedos na madeira, senti sua textura, temperatura, as vezes me pergunto por que sinto tanta sensibilidade durante a manhã.

Já tinha me levantado e tomado café, um banho calmo e quentinho tinha sido a melhor coisa a se fazer, me tornei um novo homem. Aquele cansaço desgraçado tinha ido embora e sentia minha típica preguiça de sábado.

Uma felicidade um pouco que contida habitava meu interior, assistir desenhos animados e reler pedaços de alguns livros jogados na minha estante foi o que fiz durante a manhã.

Já tinha planos para a tarde, ir ao haras. Era sábado e apesar de achar aquilo meio desumano ele não era aberto todos os dias da semana, o que soava menos mal, mas ainda sim... trabalhar num sábado?! Ninguém merece isso.

Pensando bem... acabei de perceber que ontem foi o único dia em que não pensei em Levi. Acho que estava cansado de mais para isso.

Mas hoje não, por algum motivo sinto que devo ir para lá. Não sei sei vai ser tão bom quanto da última vez, mas eu quero espairecer; por alguma razão acredito que lá seja o melhor lugar para isso.

[...]

Já estava com o pé na estrada, depois de um bom banho e uma manhã solitária me senti melhor. Não entendo como ficamos tristes sozinhos e melhoramos também sozinhos.

Meu corpo já não estava dolorido, minha cabeça não pesava mais uma tonelada e minhas costas haviam desistido da escoliose.

Era meio estranho, mas estava me sentindo confortável naquele silêncio.

O som do carro na estrada de terra, alguns pássaros cantando e o rádio desligado. Pensei que iria enlouquecer caso fosse para o haras sem pôr algo na porcaria do rádio. Na verdade pensei que iria enlouquecer se escutasse as vozes da minha cabeça, mas por hoje elas resolveram se calar.

Via a estrutura do lugar se formando no horizonte, parando paga pensar agora, é tão bonito, os animais agora repousam em uma tarde não tão quente, a maioria debaixo de árvores, tem poucos trabalhadores, poucos carros estacionados também, deveriam ter pouquíssimas pessoas.

Desliguei o carro e desci, o cheiro puro já me intoxicava mais uma vez e o sol começava a arder minha pele. Adentrei o local. Nada de novo, caminhei até o estábulo, sabia que era lá onde Levi estava. Ao menos era o que eu esperava.

O lugar estava vazio, os cavalos pareciam calmos e sequer se importarem com a minha presença, estava um silêncio ensurdecedor no local.

Era como se um balde de água fria tivesse sido jogado bem na minha cara, era como se estivesse dizendo: "O que te faz pensar que ele estaria aqui?" A voz não estava errada. Talvez Levi não trabalhasse todos os dias no haras, talvez Levi não estivesse ali só por hoje...

Droga... por que eu estou assim?

Eu não sou desse jeito, é raro que eu fique triste por algo tão bobo, mas bem, eu estou. Eu estou triste para cacete.

Ontem foi um dia cansativo onde eu só queria desaparecer e hoje tudo pareceu melhor e agora... ele não está aqui.

Senti o cantinho dos meus olhos esquentarem, eu não iria chorar, não podia; não aqui, não por um motivo tão besta.

Deuses, eu realmente deveria fazer o que me disseram e ir à um psicólogo.

Levei as mãos até os olhos frustrado. Minha cabeça estava voltando a latejar e meus olhos a arderem.

Não, por favor, não.

— Você é alguma espécie de "stalker" ou coisa do tipo? — levantou seu olhar de imediato. Era Levi, trazendo um cavalo preto enorme atrás de si. Onde estava com a cabeça que não escutei o animal trotando?

Balancei a cabeça tentando recordar o que o outro havia dito, tentando não sorrir.

— Não. Sou preguiçoso de mais para isso. — tentei fazer uma piada, mas Levi não pareceu achar muita graça daquilo.

O baixinho suspirou pegando uma escova para pentear a crina do animal, ele parecia odiar fazer contato visual.

— Se não é o um "stalker" é o quê? Você me fez te ajudar a montar, depois magicamente me encontrou, me deu carona, me levou a farmácia e ainda por cima me deixou em casa. Das duas uma, ou você é uma alma muito bondosa, ou é um psicopata querendo me matar.

Me senti um pouco ofendido. Não vou negar a voz dele é extremamente linda, foi a primeira vez que o ouvi falar tanto, tudo bem, foi praticamente uma interrogação.

Bem, voltando ao assunto, o que eu vou dizer para ele?

Então te achei muito bonito e resolvi dar em cima de você, só que você é pior do que uma freira virgem que pratica celibato desde o dia que nasceu.

Isso seria terrível e ele provavelmente daria dois tapas na minha cara e chamaria a polícia.

Que outra escolha eu tenho? Sou um completo idiota que faz as coisas sem pensar e agora eu estou aqui.

Minha vida daria um bom livro: "As burrices de Erwin Smith"

Arregalei os olhos tentando encarar a realidade ao me lembrar que o outro ainda esperava por uma resposta.

— Eh... Eu não tenho más intenções. Pode ter certeza disso.

— E de que me vale a sua palavra?

Foi como um soco no meu estômago com ele me dizendo: "Quase completo estranho, por que eu deveria acreditar na sua palavra?"

— Ok, tudo bem, você não me conhece direito. Eu sei que é difícil acreditar, mas eu prometo que não vou te fazer mal e que não tenha intenções ruins.

Passaram-se alguns segundos e não obtive resposta.

Encostou as costas em um pilar e cruzou os braços, desviou o olhar para baixo e mordeu o lábio. Tão sexy.

Pensei que tinha sido ignorado e estava prestes a pedir desculpas e sair daquele haras para nunca mais voltar, mas algo me impediu.

— Ok. — ok? Tipo, um ok limpo e seco? Não foi tipo, eu não acredito nele mais vou fingir que sim, foi tipo um... ok.

— Ok? — tentei não parecer idiota.

— Céus, apesar de você ser enorme é um completo bocó, ok, você veio aqui montar não foi?

Me senti intimidado, em toda minha vida ninguém nunca me tratou assim. Não vou negar estou surpreso. Bastante surpreso.

Levi ainda me encarava como se eu fosse um alienígena, mas pelo visto ele desistiu de me fazer entender e foi buscar o cavalo.

Logo vi ele voltar com o cavalo. Havia colocado o outro equino na baia e posto as rédeas no grande animal, era engraçado. Levi era minúsculo perto do cavalo.

Tentei não sorrir, mas foi impossível, coloquei a mão na boca na tentativa de disfarçar meu sorriso.

— Vamos, suba nele.

Continua?