Capítulo 10

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Capítulo 10

Zayd / Hassan Al-Banna

       Ela é completamente meu tipo de mulher. É alta, de pele escura e com curvas nos lugares certos, rosto delicado destacado por lábios grandes e cheios, usa um véu cobrindo os cabelos que estão cacheados. Fico tão paralizado por seu cheiro que não consigo soltá-la. Seus olhos escuros e grandes me encaram com a mesma fixação que os meus a admiram, sinto exatamente o momento em que sua respiração fica acelerada, e ela desvia o olhar do meu.

- Me desculpe senhor, não o vi. - Ela diz enquanto abaixa o rosto visivelmente envergonhada. Toco levemente seu queixo o levantando como dedo indicador a fazendo olhar em meus olhos e digo;

- Não foi nada habibti. - Falo com carinho, e ela me olha com uma expressão confusa, e como se tivesse recuperado a consciência e imaginando quem eu sou se levanta rapidamente, e eu claro a ajudo.

       Quero reforçar que não teve problema algum, mas antes que eu consiga dizer qualquer outra coisa um homem alto, que parece ser da mesma idade dela e com traços asiáticos nos vê e vai até ela. Ele toca seu ombro de forma carinhosa e a olha com preocupação, e fico me perguntando se são namorados.

- Tá tudo bem aqui Fer ? Precisa de alguma coisa ? - Ele pergunta fazendo círculos em sua mão.

- Não Felipe, eu que esbarrei sem querer no Sr...

- Al- Banna. Hassan Al- Banna. - Digo observando os dois atentamente.

- Ai meu deus ! Mil perdões, senhor, eu sou uma desastrada. - Ela diz visivelmente chateada e confesso que odeio ver essa expressão de medo em seus olhos.

- Peço perdão em nome da senhorita Martins senhor, eu irei conduzi-lo até seu assento. - Ele responde ela, o que me deixa muito irritado.

- Eu disse a senhorita... Martins que não tem problema algum, foi um acidente. - Digo com um sorriso discreto. - Ah e não precisa me levar até o meu lugar, eu sei onde fica. - Falo já dando as costas para os dois.

       Ando pelo corredor da aeronave, até o meu assento e bebo um pouco de água, refletindo sobre essa mulher. Desde que me separei ninguém me balançou assim, por mais que eu tenha minhas necessidades como homem nunca deixei passar disso. Algo puramente carnal, sem emoção. Passava uma semana com uma bela mulher nas praias do Caribe, ou então chamava para minha cobertura em Abu Dhabi, minha cidade natal que tanto amo, mas só. Depois daqueles momentos mandava Phillip, meu assistente pessoal, enviar uma linda joia como desculpas e nunca  mais retornava.

     Eu sei. É errado e super babaca fazer isso. Mas não posso me apegar. Tenho muito o que fazer antes que a minha vingança esteja completa. E se o que eu tenho em mente dar certo não posso ter ninguém realmente importante na minha vida, tenho que ser um homem sem nada a perder.

     Depois daquele dia em que Farid Hashmi entrou pela porta da lanchonete, eu me tornei eu de novo, porém com um novo sobrenome, história e endereço. Já que assim que terminamos aquela reunião fui até a pequena pousada onde alugava um quarto pegar alguns poucos pertences que me sobraram e chegando lá me deparei com a humilde construção em chamas. 

      Aquele era um sinal claro que Malik não me deixaria sair vivo, com chances de ir atrás de toda a fortuna que me roubou.Como passei várias horas conversando com Farid, quem quer que tivesse investigado sobre mim a mando dele errou ao presumir que eu já estaria em casa naquele horário.

     Do carro luxuoso de Farid assistia anos de trabalho daquele povo sendo consumido pelo fogo enquanto o ouvia dizer com deboche;

- Ora veja só o belo irmão que você tem. Mesmo te tirando tudo, te deixando na miséria, ainda tenta te matar, mesmo você não representando risco algum para ele. - E ainda olhando aquele fogo incandescente eu disse num tom seco e sem emoção para ele;

Encontro nos Céus : A Aeromoça e o SheikOnde histórias criam vida. Descubra agora