Capítulo 18
Fernanda
Ainda consigo sentir meu corpo meio mole; é uma sensação de calor e calma enquanto ando pelo quarto, procurando a roupa que escolhi para ver Mateus. A noite com Hassan foi... Como explicar? Quente e, ao mesmo tempo, profunda, com uma entrega tão leve que nem parecia real. Não foi nada como eu imaginava; foi mil vezes melhor, e talvez justamente por isso eu sentia o contraste de estar com ele.
Escolho um vestido leve e discreto. Nada de chamar atenção, afinal, vou para resolver de uma vez por todas essa história entre Mateus e Cecília. É tudo o que eu queria, que essa história se resolvesse de vez, já se estendeu muito.
Quando passo o batom, penso na última vez em que vi Mateus. Ele parecia confuso, em uma mistura de arrependimento e orgulho ferido, como se não conseguisse lidar com a própria culpa. Sinto um aperto no peito por Cecília. Ela merece paz e um amor tranquilo, mas, para isso, ele precisa agir rápido.
Saio do quarto, checando o celular e vendo as notificações. Várias mensagens acumuladas. Felipe. Ah, Felipe... Respiro fundo, sabendo que preciso responder, mas não agora. Tento me concentrar, mas, enquanto desço o elevador, flashes da noite passada com Zayd voltam, me deixando com um sorriso leve. Ele tem essa habilidade de fazer o tempo sumir.
As portas do elevador se abrem no térreo, e vou caminhando até a lanchonete do hotel, onde marquei com Mateus. Ao entrar, percebo Felipe do outro lado do salão. O olhar dele encontra o meu, e vejo uma hesitação em seu rosto antes de ele se aproximar, abrindo um sorriso meio sem jeito.
— Fernanda! Nossa, achei que tinha esquecido de mim. — A voz dele sai mais leve do que esperava, mas seus olhos entregam uma pontada de desconforto.
— Oi, Felipe! — Sorrio e dou um abraço rápido. — Ah, desculpa mesmo, está tão corrido que acabei me perdendo nas mensagens...
Ele balança a cabeça, disfarçando a frustração com um sorriso educado.
— Tudo bem. Eu entendo, só... achei que tínhamos combinado de tomar um café outro dia, sabe?
Sinto o peso do olhar dele sobre mim e, por um momento, um misto de culpa e confusão me atravessa. Felipe é alguém com quem eu sempre tive uma boa conexão, uma pessoa confiável e presente, mas, ao mesmo tempo, não quero deixar nada mal resolvido.
— Eu sei, Felipe. Desculpa mesmo, não foi minha intenção sumir.
Ele dá de ombros, assentindo com um leve sorriso.
— Claro, entendo. Não se preocupa com isso. Mas vamos marcar algo, qualquer dia desses? Foi incrível nosso encontro no outro dia, eu adoraria repetir.
— Claro, vamos sim. — Digo meio automaticamente, sabendo que preciso ser sincera com ele, porque, por mais que não tenhamos nada demais, e nem eu tenha nada demais com Hassan, não conseguiria ficar com os dois ao mesmo tempo. Mesmo Felipe sendo um lindo, minha mente não estaria com ele.
Ele se despede, parecendo um pouco mais aliviado. Tento me concentrar novamente no que vim fazer e caminho até a mesa onde Mateus já está sentado, com os olhos fixos no celular. Sento e, sem mais rodeios, preparo-me para dar um grande sermão nele.
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**Horas mais tarde**, estou deitada em meu quarto falando com minha irmã sobre assuntos aleatórios, quando ouço uma batida na porta. Cecília entra disparada em meu quarto, esbaforida e mal conseguindo respirar. Eu a paro, coloco as mãos em seus ombros e digo calmamente:
— Amiga, calma, respira. O que tá acontecendo?
Ela respira fundo e diz:
— Amiga, o Mateus me ligou, pedindo uma chance para me explicar tudo o que aconteceu com a vaca da Maitê aquele dia, e eu acabei aceitando ir jantar com ele, mas sei lá, acabou me dando uma crise de pânico.
— Oh, amiga, vamos sentar aqui, vou pegar um copo de água. — Tadinha, ela tá toda vermelha, suando demais.
Entrego o copo pra ela, e ela bebe tudo numa golada só, o que inevitavelmente me faz rir.
— Amiga, eu tô surtando, não sei o que pode acontecer hoje, tenho medo de ser fraca e ceder. Não sei o que fazer.
Abaixo, ficando de joelhos na frente dela, tiro seu cabelo do rosto e digo calmamente:
— Cecí, você ainda gosta dele? Seja sincera.
Depois de um longo suspiro, ela diz baixinho:
— Sim, amiga, acho que como nunca gostei de alguém.
— Então dê uma chance a ele. Deixe que ele te explique o que realmente aconteceu. E, se no seu coração você sentir que deve perdoá-lo, faça.
— Mas, Fer, e se as pessoas rirem de mim quando voltarmos a OA? Se me julgarem como uma boba por ter aceitado ele?
— Amiga, se você realmente perdoá-lo, tem que ser pra valer, para você não ficar remoendo esse assunto, porque sei que nenhum relacionamento dura se a gente não perdoa a pessoa de todo coração. Se não conseguir fazer isso profundamente, é melhor nem aceitá-lo. Por mais que isso te doa. Acha que consegue?
— Não sei, amiga, acho que depende do que ele disser. Eu já sofri tanto, sabe? Não queria sofrer mais.
— Eu sei, minha linda, mas, se você não for, nunca saberá o que poderia ter acontecido, o que vocês poderiam ter sido.
Ela pensa por um tempo e diz, ainda meio incerta:
— Tudo bem, eu vou. Seja para dar um ponto final ou para seguirmos em frente.
— Isso aí, amiga. Orgulhosa de você.
Ela me abraça e diz, meio abafada:
— Você me ajuda a me arrumar?
Nos afastamos, e dou uma boa olhada para ela.
— Claro que sim, amiga. Vamos lá no seu quarto. Vou pegar minhas maquiagens e as coisas para arrumar seu cabelo.
Depois de mais ou menos uma hora e meia, minha amiga estava pronta. Nós não temos o mesmo manequim, mas ela usou um dos meus saltos, o que a deixou com um ar bem poderoso.
Fiz um penteado diferente do que ela costuma usar, um rabo de cavalo com a franja solta na frente, e na maquiagem optamos por algo marcante nos olhos, mas uma pele mais básica, já que a coitadinha estava suando de nervoso. O saldo final foi maravilhoso.
Ela ficou linda. A levei lá embaixo e a coloquei no carro, dizendo que estaria de olho no celular caso precisasse de ajuda. Eu realmente espero que eles se resolvam. Mais cedo, quando conversei com Mateus, ele me garantiu que foi um mal-entendido o que aconteceu com Maitê e que ela que forçou uma situação.
Senti verdade no que ele disse e falei que ele precisaria parar de dar tempo à Cecí e partir pra cima para reconquistá-la, e ele pelo visto entendeu o que eu quis dizer e correu atrás do prejuízo. Só espero que ele não dê uma de louco de novo para cima da minha amiga, senão ele vai se ver comigo.
Já em meu quarto, depois de colocar minhas coisas no lugar, ouço uma notificação, e, pensando que possa ser minha amiga, vou conferir o celular. Me surpreendo ao ver que, na verdade, é Hassan, me chamando para sair amanhã, e eu, boba, aceito na mesma hora... Ai, meu Deus, esse homem vai acabar comigo.
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Encontro nos Céus : A Aeromoça e o Sheik
RomanceEm "Encontro nos Céus : A Aeromoça e o Sheik", Fernanda, uma aeromoça plus size e negra do subúrbio do Rio, embarca em uma jornada de autoconfiança ao ser contratada pela luxuosa Oasis Airlines. Durante sua estadia em Dubai, ela se vê envolvida em u...