The Perfect Life

Capítulo 2

NOTAS INICIAIS

Olá, estrelinhas, como estão todas?

Apaixonados por Samuka?

Querendo colocar a Liv num potinho? 

Olívia não gostava de escutar conversa atrás da porta. E isso só se intensificou quando ela escutou uma conversa esclarecedora, mas também muito dolorosa há meses atrás. Sua mãe não sabia que estava ali, atrás da porta, pronta para bater nela. Ela nem imaginava que teria alguém em casa. Era para estar todos fora. Com exceção dela e do marido. Mas Olívia havia esquecido algo com os pais, e por isso voltou. E se arrependeu amargamente. Mas ali estava ela novamente, escutando atrás da porta. Dessa vez, não era sobre nada traumático. Bem pelo contrário. Seus pais estavam namorando. Sempre ficava encantada com o relacionamento deles. O companheirismo, o amor. Seu pai tratava sua mãe como uma princesa. A protegia de tudo e todos, não importava o quê. O olhar apaixonado dele era percebido por qualquer um. Eles podiam estar apenas conversando e ainda assim, havia amor em seus olhos. E vice e versa. Sim, ela via também o amor grandioso que sua mãe tinha por seu pai.

Olívia pensava se um dia conseguiria ter aquilo para ela. Se merecia. Depois de saber como foi gerada, de vez enquando se pegava pensando que talvez ela não tivesse que ter nascido. Foram anos de sofrimento. A mãe sofrendo, o pai sofrendo, ela sofrendo. Não queria dizer que seu sofrimento era maior que o de sua mãe, mas ainda assim, sentia que sim. Não havia sido amamentada por ela. Não tinha sido abraçada e acalentada em seus braços em uma noite de pesadelo. Não tinha sido cuidada e amada desde muito antes do nascimento. Pelo contrário. Havia sido rejeitada. Tudo bem, não conseguia culpar a mãe por isso, mas também não conseguia deixar de se sentir triste por ela ter sentido tudo de ruim por uma criança inocente.

Respirou fundo e se encostou na parede.

Já vinha acontecendo há alguns dias. Aquela falta de ar. Aquela dor no peito. Infelizmente toda vez que se lembrava do passado de sua mãe, e consequentemente sua história, entrava em uma crise de pânico. Não conseguia sair do lugar por vários minutos. Tentava se concentrar em qualquer coisa ao seu redor enquanto isso. Respirava fundo e soltava de vagar por várias vezes até se sentir melhor.

Não havia contado a ninguém. Nem mesmo a sua melhor amiga, por mais que tivesse sentido vontade por várias vezes. Mas tinha vergonha. Vergonha de como havia sido gerada. Nunca foi planejada ou querida. Sua mãe não a queria. Não a desejou. Não quis que ela nascesse. E como doía saber disso. Queria nunca ter escutado isso na vida. Doeu tanto, principalmente enquanto escutava sua mãe desabafar com seu pai em meio ao choro. Talvez aquela não tivesse sido a primeira vez que acontecia. Viu o momento em que seu pai a acalentou, a beijou e a apertou nos braços. Ele queria poder tirar todas aquelas lembranças ruins dela, Olívia sabia disso só por seu olhar.

— Irmã.

Abriu os olhos, encontrando Brooke.

— O que houve? Você está bem?

Olívia percebeu a preocupação nos olhos claros da irmã mais velha.

— Estou, foi só... um mal-estar passageiro.