Capítulo 3

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NOTAS INICIAIS

Preparados para mais TPL?

Começamos a semana bem, não é?

Vamos a leitura














Os gritos acordaram-na. Eram apavorantes. Se assustou e chegou a chamar pelo pai, mas ele não escutou, e muito menos apareceu. Por isso, mesmo muito assustada, jogou a coberta para o lado e saiu da cama, seguindo em direção aos gritos. Eles não paravam. Pelo menos por vários minutos, ela só escutava gritos, e então um choro alto e sofrido. Desesperado até. Seu coração acelerou enquanto seu corpo inteiro continuava a tremer. E então encontrou seus pais sobre a cama, abraçados. E descobriu que quem gritava e chorava era sua mãe. Ela chorava muito. Segurava em seu pai da mesma forma que ela mesma, quando tinha pesadelos e seu pai aparecia após seus chamados desesperados por ele. Sua mãe estava com medo. Mesmo tão pequenininha, sabia que sua mãe tinha medo. Mas por quê? Será que teve pesadelos?

Ela sempre se perguntou o que estava acontecendo com a mãe. A resposta que vinha de seus irmãos e pai eram sempre as mesmas. Ela estava doente. Doente. Doente. Mas de quê? Ninguém nunca dizia. Depois, imaginava que era de tristeza, porque ela estava sempre chorando. Amuada no quarto. Nunca saía. Nunca sorria. E mal comia. Ela via o pai voltar com a bandeja praticamente intacta alguns dias. Mas ela nunca entendia. Era muito pequenininha. Era um bebê. Tinha menos de três aninhos quando começou a perceber as coisas. Inacreditavelmente, mesmo tão pequena, ela era observadora. E muito, muito inteligente. Talvez por causa das leituras que sua madrinha, seu pai e seus irmãos sempre faziam com ela. Ela amava livros de todos os tipos, até mesmo os mais complexos, que havia palavras incompreensíveis para ela.

A menininha de cabelos negros se aproximou mais e mais da porta entreaberta, e de repente, viu uma sombra. Algo tenebroso em volta de sua mãe. E consequentemente de seu pai. Aquilo a assustou tanto que ela arregalou os olhos saiu correndo de volta para seu quarto. Parecia que aquilo estava seguindo-a. Aquela sombra. Aquela coisa que fazia ela tremer dos pés à cabeça. Se jogou na cama e cobriu a cabeça, e por alguns minutos, choramingando debaixo delas, ainda tremendo, não houve nada, até as cobertas serem puxadas.

Olívia se sentou na cama assustada. A respiração alta e irregular. Na verdade, puxava o ar tentando ter de volta a respiração normal. Seu corpo tremia. Como quando tinha pesadelos. Suas mãos suavam. As noites já não eram as mesmas para ela. Algumas delas, pelo menos. Dia sim, dia não, acontecia os pesadelos. As lembranças de quando era crianças. Lembranças de quando era curiosa e ficava horas observando sua mãe. Escondida. Ninguém a via. Ela queria saber mais de Felicity. Queria entender mais. Melhor. Conseguir descobrir o motivo de ela nunca ir vê-la, colocá-la para dormir ou beijá-la como ela beijava os gêmeos. Por algum tempo foi insistente com o pai. Tentou tirar dele ou de quem quer que fosse as respostas para seus questionamentos. Mas quando não teve as respostas que desejava, desistiu. Ou tentou, pelo menos. Passou a observar sua mãe escondia sabendo que só teria isso e nada mais dela.

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