Sury se encolheu ligeiramente, levantando a mão para o cotovelo do outro braço. No instante seguinte, ele soltou mais uma gargalhada, interrompida pela tosse.
— Tô brincando, Sury. Fico muito contente por finalmente conhecer você.
— Finalmente?
— Eleanor é meio fissurada em você. Se é que me entende... — Revirei os olhos quando ouvi esse nome pela centésima vez como piada.
— Já disse pra você não abusar da conta, tem tanto nome pra você me chamar... — Avisei.
— Mas é seu nome. — Reclamou o Gabi, tossindo outra vez.
— É como ouvir Christian pra você. — Tapei a boca com a mão — Desculpe.
— Entendi o que você quis dizer.
— Então... o que aconteceu com você?
— Bem, eu nem sei se fui assaltado, não lembro de muito daquela noite. Lembro que eles fizeram uma pergunta e eu gritei, aí esfaquearam e foram batendo. Apaguei um pouco depois, e sei que acordei faz dois dias.
— Do nada? — Respondeu com um encolher de ombros — E como fica a sua recuperação?
— Vai levar um tempinho, né... fiquei sem partes do fígado e com uma lesão séria no joelho.
— Espero que passe logo. — O sorriso dele foi a última interação antes de um silêncio estranho, típico de primeiras interações. — Você tem olhos bonitos. — Atirou, provavelmente afogada em constrangimento tanto quanto eu. Gabi semicerrou os olhos, e depois arregalou, alternando a velocidade com que piscava os olhos depois.
— E você uma ótima visão. Daqui não consigo dizer a cor dos seus, mas percebo que você tem muitos traços em comum com a Luana. Mas o mais interessante é que vocês duas têm essa coisa de pegar no cotovelo por causa da culpa.
— Como...
— O cara deve ter algum distúrbio que faz com que ele desligue o foco principal do que está acontecendo e preste atenção a detalhes aleatórios. — Comentei.
— Isso sim é legal. Quem me dera. — Alguém bateu a porta.
— Entre! — Respondeu Gabriel tossindo em seguida.
— Entraríamos mesmo sem autorização. Batemos apenas por educação. — Anunciou o inspetor Venezes.
— Sr. Inspetor.
— Srta. Luana. — Tirou o seu chapéu para saudar, igual os cowboys fazem em filmes do faroeste. Atrás dele, oficial Xavier — E aí, como você tá? — Perguntou para o Gabriel.
— Desculpe? Quem são os senhores?
— Perdão, a culpa é nossa. Eu sou o inspetor Venezes, e este é o oficial Xavier, da unidade da Polícia Federal. Estamos investigando o seu caso. — Olharam os quatro de relance para mim, como se era suposto eu confirmar aquilo tudo — Estamos muito satisfeitos por ter acordado, mas teremos de lhe fazer algumas perguntas. A sós, se for possível.
— A gente fica aqui fora esperando, não se preocupe. — Avisei, puxando Suryana pelo braço. Fomos para o lado de fora. Ela se virou pra mim com os olhos abertos de forma entusiasmante, socando meu estômago levemente.
— Thays vai surtar, Luana.
— Não pode. O Will vai surtar mais que ela. Por favor, deixe que eu resolvo esse negócio.
— E papai é muito pouco hostil com quem convive com a gente. — Comentou. Botou a mão no queixo e negou alguma coisa com a cabeça — Minha cabeça olha para o Gabriel, mais gato e legal do que eu me lembro, e depois para você, apaixonada que nem uma garotinha de fanfic, e só um nome aparece na minha cabeça para explicar o porquê de você nunca ter realmente dado uma chance para ele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Olho de Âmbar
RomantikQual o efeito de uma promessa quebrada numa pessoa? Para Gabriel, uma promessa quebrada significou a perda de uma estrela. Significou a modificação dos seus laços com todos que o rodeavam, tanto através do afastamento como da aproximação. Para Luan...