O Senhor de Fire Moon

Capítulo 4

Aproveitando uma pequena e necessária pausa em seu cansativo trabalho na cozinha, Megan foi em direção aos jardins que existiam na ala leste do castelo, aquela suave brisa que vinha do mar a chamava, era possível ver por todo o campo as gramíneas já amareladas, isso era o prelúdio de novos tempos, agora talvez depois de longos anos de guerra e com o retorno do senhor Conan, enfim, viesse a paz tão esperada por todos.

Megan ainda recordava dos tempos em que os sorrisos e a alegria eram constantes em Fire Moon. Ela sabia que desde a morte da esposa do senhor Conan, havia uma nuvem negra instalada sobre o lugar, os deuses estavam castigando os Mackinley, mas, era difícil imaginar o porquê, eles eram boas pessoas.

Fire Moon era o clã mais bem cuidado de Wick, o dono de tudo por ali, era um dos lugares mais admirados e respeitados de toda a região. Fazer parte dos Mackinley sempre foi o desejo de todas as famílias nobres do Reino da Escócia. Mesmo muito pequena, Megan se lembrava do brilho que existia no olhar do jovem Conan, quando se casou a senhorita Mary Anne Campbell. A festa comemorativa durou uma semana e nunca os criados trabalharam tanto e com tanto prazer.

Os meses se passaram e a notícia da chegada de uma criança foi festejada por todos, Megan ainda se lembrava da alegria e admiração da senhora Annabel, nunca a tinha visto mais bela e feliz, com a perspectiva de ser avó, de ter em seus braços um filho vindo do seu primogênito.

Megan era uma criança nesta época, frequentava o castelo sem impedimentos ou constrangimentos, pois, como sua mãe Bethany era a criada pessoal da senhora Annabel e ela e Sellie tinham praticamente a mesma idade, não houve dificuldade em que ambas convivessem juntas e criassem um laço de irmandade e amizade, ela vivenciava todos os acontecimentos como se fizesse parte da nobre família Mackinley.

Conan sempre lhe causou admiração, enquanto Duncan sempre parecia estar envolto em uma névoa de frieza e angústia. O primeiro sempre era gentil e responsável, acompanhando o senhor Elliot por todo o tempo, preparando-se para o suceder. O segundo sempre foi egoísta, preguiçoso e autoritário parecia ser a cópia física do seu pai, era muito intimidador.

O senhor Elliot sempre foi um homem muito exigente com seus criados e arrendatários, mas, sempre se mostrou muito justo. Megan nunca sentiu a volta dele aquela aura nebulosa presente em Duncan, porque no fundo da alma do senhor de Fire Moon havia amor verdadeiro por sua família.

Era estranho depois de tanto tempo Megan pensar nessas coisas, talvez isso esteja acontecendo pelo retorno do senhor Conan. Ela lembrava todos os dias dos olhos dele, de como eram negros e misteriosos, de como ela se sentia acalorada quando estava próxima a presença dele, mesmo sendo apenas uma criança. Essas lembranças nunca a abandonaram, nunca deixaram de fazer parte do mais profundo dos seus segredos, ela amava Conan, desde que era pequena, nunca soube explicar o porquê esse sentimento existia, era como se já tivesse nascido completamente apaixonada, sabia que os deuses haviam feito aquela escolha por ela, mesmo que jamais isso pudesse ser dito ou demonstrado, ela sabia que só pertenceria a ele, mas, o que mais a intrigava era como ela poderia ajuda-lo ou ser imprescindível às necessidades dele, já que a possibilidade de uma simples aproximação era quase remota.

Aquele estava sendo um dia intenso, os acontecimentos, a chegada do senhor Conan, as lembranças, o aumento do trabalho na cozinha com a chegada dos visitantes e a preocupação com a saúde de sua mãe, deixavam Megan angustiada e com a sensação de que alguma coisa muito importante iria em breve acontecer.

Megan se preocupava com o fato de ficar tanto tempo ausente da companhia de seus amados pais, mas, por ter que acordar antes do sol nascer diariamente para providenciar as refeições do castelo, a distância a impedia de ir e voltar para sua casa nas colinas. Essa ausência a fazia sentir-se solitária, mesmo estando cercada por tantas pessoas, nenhuma delas abastecia-a com o amor necessário para enfrentar seu dia a dia.