fifteen | mad hatter

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P.O.V NARRADOR

🕦Anos atrás🕦

Era uma tarde sombria na imponente mansão Addams. O vento uivava do lado de fora, agitando as janelas ornamentadas e espalhando folhas secas pelo gramado malcuidado. Dentro da casa, a atmosfera era igualmente sombria, com sombras dançando nas paredes de pedra e o crepitar das velas ecoando pelos corredores labirínticos.

Na sala de estar, iluminada apenas pela luz fraca das velas, a jovem Wednesday Addams estava absorta em seus pensamentos sombrios. Sentada à mesa de jantar de mogno escuro, ela observava sua mãe, Morticia, costurar com habilidade uma nova gola de guilhotina em seu vestido preto como a noite. Enquanto isso, seu pai, Gomez, lia o jornal com um ar de despreocupação, alheio ao ambiente macabro que envolvia a casa. Mas Wednesday não era como as outras crianças.

Enquanto a música ecoava dos alto-falantes antigos, Wednesday se perdia em memórias de sua infância incomum. Ela lembrava dos primeiros anos, quando era apenas uma criança pequena e estranha, criada entre túmulos e mausoléus, onde os sons dos corvos e dos lobos ecoavam pela noite. Sua infância foi uma mistura de contos de terror, brinquedos antigos e histórias macabras sussurradas à luz da lua.

Desde cedo, Wednesday aprendeu que a normalidade era um conceito estranho e distante. Enquanto outras crianças brincavam de casinha e faziam piqueniques, Wednesday preferia passar o tempo com sua coleção de bonecas quebradas e seu urso de pelúcia sem olhos. Seus amigos eram esqueletos e fantasmas, e suas brincadeiras envolviam jogos de tortura e travessuras sombrias.

Enquanto a música "Mad Hatter" de Melanie Martinez reverberava pela sala, Wednesday se encontrava dançando sozinha, movendo-se com uma graça peculiar ao ritmo da melodia distorcida. Seus cabelos negros esvoaçavam em torno dela enquanto ela girava, seus olhos brilhando com uma intensidade incomum.

A música evocava emoções profundas dentro de Wednesday, lembrando-a de sua própria estranheza e singularidade. Ela se via refletida na letra da canção, identificando-se com a sensação de ser diferente, de não se encaixar em um mundo que valorizava a normalidade.

À medida que a música chegava ao fim, Wednesday parou de dançar e olhou ao redor da sala, percebendo que, mesmo na solidão de sua mente peculiar, ela era única e incomparável. Com um sorriso sutil nos lábios pálidos, ela se levantou da mesa e deslizou silenciosamente pelos corredores sombrios da mansão Addams, pronta para mais uma aventura no mundo estranho que ela chamava de lar.

P.O.V WEDNESDAY

Agora🕦

Ainda me lembro da minha infância. Todas as histórias macabras e aterrorizantes que eu tenho para contar me deixam... Satisfeita.

Quando eu era pequena, minha mãe me levava para passear no cemitério. Ela dizia que era um lugar tranquilo, onde podíamos refletir e apreciar a serenidade dos mortos. Mas para mim, era mais do que isso. Era como se os túmulos sussurrassem segredos sombrios que só eu podia ouvir.

Lembro-me de uma tarde sombria, quando uma névoa densa envolveu os túmulos e o ar parecia pesado com o peso dos espíritos inquietos. Foi então que vi uma figura pálida, deslizando entre as lápides, com olhos brilhantes que me fitavam com uma intensidade arrepiante.

— "Quem é você?" —, perguntei com uma mistura de medo e curiosidade.

A figura sorriu, um sorriso que enviou calafrios pela minha espinha. — "Sou um amigo dos mortos" —, disse ele, sua voz sussurrando como o vento entre as árvores.

À medida que nos aproximamos, ele me contou histórias sobre as almas perdidas que vagavam pelo cemitério à noite, buscando vingança ou redenção. Fiquei fascinada e aterrorizada ao mesmo tempo, mas algo dentro de mim me impelia a continuar ouvindo.

I love my enemy | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora