Capítulo 3

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[Aviso: Esse capítulo contém palavras de baixo calão]

A cena que eu tenho na minha frente é algo horrível. Nojento. Repugnante. Ah não, isso não pode ser real, isso não é real, não agora eu estava tão bem.

Encontro o Lucas, na cama, com duas mulheres loiras, e eu reconheço uma delas, é a Bianca.

"Não..." eu disse desejando morrer.

"Hope? Amor eu posso explicar, não é o que você está pensando..."

Eu estou com o coração partido, estou destruída. Todas as memórias estavam agora vindo em minha cabeça, todas as vezes que eu me enganei fingindo que tudo isso era verdade. Tudo foi feito pelas minhas costas.

Isso é bem pior do que eu imaginei, já senti dores piores, mas essa está indo de encontro com meu coração. O Lucas estava brincando comigo, esse tempo todo, era apenas um jogo para ele.

Todos os abraços, todos os sorrisos, todos os beijos, todas as gargalhadas, todos os 'eu te amo'. E dane-se como dói saber que isso era planejado, todos os pequenos detalhes.

Eu sabia que tinha que falar alguma coisa, mas eu não achava minha voz, as pessoas na minha volta dançando e alguns ainda a me observar, mas ninguém realmente notava a garota que estava a poucos metros de distâncias deles morrendo, a garota que estava ficando com o coração congelado. Porém quando eu finalmente achei minha voz, ela veio com ódio e com força.

Gargalhei cinicamente e respondi "Olha aqui seu caralho de merda, você limpa essa sua boca antes de falar de mim, você não tem um pingo da noção do ódio que eu estou sentindo da tua cara. Como você pode Lucas? Você...você...eu não consigo" tinha muito para falar, tudo na minha mente, só que elas simplesmente não saem.

"E vocês suas putas" falei pegando elas pelos cabelos e atirando os lençóis a elas. "Saíam da minha frente."
Elas apanharam as roupas e saíram, Fechei a porta e fiquei a encarar o Lucas. Eu pareço mais confiante. Por dentro eu estou queimando e o meu coração está debaixo do pé dele.

"Seu filho de uma puta, você não tem noção do quanto eu te amei, do quando eu me entreguei a você!"

"Eu sou uma grande retardada por acreditar tanto tempo em você, claro que isso era tudo uma mentira, porque nem para ter um namorado que preste... era tudo muito perfeito para ser verdade, mais uma vez obrigada vida.
Eu sou muita burra, eu inventava desculpas na minha cabeça para encobrir você. Bela prima saiu a sua 'Bih' não é?"

"Eu perdi cinco meses da minha vida, acreditando, que eu, finalmente, ia sair de dentro do poço em que eu vivo. Porque alguém me amava de verdade e me apoiava, eu estava voltando a ser um ser humano com coração. Só que na verdade, você me puxou pra cima apenas, para soltar minha mão assim que eu enxergar a Luz, quanto mais alto, minha queda pior seria. E parabéns Lucas, você conseguiu, eu realmente estou só cacos aqui por dentro."

"Só me responde por que? Apenas isso. Por que eu?"

"Você estava lá..." respondeu honesto. "E...eu não te conhecia Hope, eu nunca imaginei que poderia me apaixonar por você, eu não sabia que alguma vez uma garota poderia conquistar a Pedra que eu tenho dentro de mim." ele disse, e dessa vez foi diferente, essas palavras tiveram efeito em mim. Senti o nó na minha garganta.

"Você é doente!
EU TE ODEIO, TE ODEIO SEU FODIDO DE MERDA!"
Com isso dei um estalo forte na sua cara, observando sua expressão de dor que me deu uma dolorosa satisfação.

"Você arruinou tudo, você tirou algo meu que não era seu, você não tinha esse direito. Era para alguém me amasse, Lucas. Alguém que nunca me machucaria do jeito que você fez."

"Eu gosto de você Hope, eu ia te contar da aposta, eu só estava tentando convencer ninguém a te contar."

"Oh, e você acha que por andar por aí convencendo pessoas a não falar a verdade, eu te perdoaria? Pelo amor de Deus, Lucas." eu já não controlava minhas palavras.

"Por favor me perdoa." falou Lucas.

Ri, ri falsamente da cara dele. "Perdoar você?"
"Você arruinou minha vida inteira, e você sabe disso não sabe? Claro que sabe, era esse seu objetivo. Você jurou que iria me arruinar e conseguiu. O que eu tenho que te dar agora? Dinheiro? Ou outra virgem?"

"Hope, por favor me escuta, eu..." antes dele terminar sua fala, saio do quarto e Bato a porta com toda a minha força.

Corri dali chorando e ignorando todos os olhares em mim. Ao chegar na porta sinto algo agarrando meus braços. Era ele.

"Me solte." falei cerrando meu maxilar e puxando meu braço do sei aperto.

"Quer saber sua cabra, você não imagina o quão feliz eu estou por finalmente você ter se tocado de toda essa palhaçada. Eu não aguentava mais fingir nada, e olhe que foram só 5 meses e eu quase não te aguento, você é Horrível.
E assim Hope, você acha mesmo que, EU, gostoso e lindo como eu sou vou me apaixonar por uma magricela e horrível garota como você? Isso foi tudo uma aposta.
Até a porra daquela esbarrada no corredor do colégio foi armação. Eu só tinha que encontrar uma novata lesada como você, o que foi muito fácil."

Interrompi a fala dele e dei um chute no meio das suas pernas, enquanto ele se contorcia de dor cuspi a cara dele e Gritei: "EU TENHO NOJO DE VOCÊ, MORRA SEU PEDAÇO DE MERDA!"

Dito isso sai a correr daquele lugar e de perto daquele monstro.
Sentindo a neve fria bater no meu rosto. A única coisa que eu enxergava era as lágrimas que embasavam meus olhos, eu não sei para onde vou agora, não quero saber da droga do toque de recolher do orfanato. Eu só quero ficar sozinha.

Andei, andei e andei sem fazer a mínima ideia de onde eu estava, meus pés já doíam.

Sento-me na ponta da calçada e ao mesmo tempo que eu olhava para o nada eu pensava em tudo. Parece que assim, sem distração, quando sou deixada com meus pensamento e memórias a dor parece me ferir de frente. Parece doer mais, parece arrancar meu coração.

A ventania fria batia contra meu corpo, porém parece que a dor está me destruindo tanto, que não há mais o que me quebrar, não há mais vento que possa me atingir, por que eu sou apenas pedaços. Pedaços jogados, velhos e usados.

Eu cegamente acreditei, eu realmente confiei em cada palavra do Lucas, eu tinha fé que ia achar alguém que me amasse de verdade. Quando minha mãe foi me contar que estava doente, ela me avisou, ela disse que a vida não era fácil. E eu ouvi sim, mas nunca pensei se seria isso tudo.
Eu já passei por muita coisa. Tive minha mãe morta por uma câncer aos 3 anos, fugi de casa aos 5 anos, com 8 fui abandonada e humilhada, e a partir daí passei meus dias depressiva. Ir para a psicóloga era uma rotina na minha vida. No começo eu não queria falar nada a ela, mas depois, depois que toda aquela história estava tomando conta do meu ser, eu tive que a contar. E eu batalhei, lutei para melhorar. Só que quando eu estava saindo do poço, da escuridão, vem um idiota qualquer e brinca comigo, com meu coração.
Eu não aguento. Não mais. Eu não posso deixar que façam mais isso comigo. Como tem em um livro que li: "Os seres humanos me assombram." E são eles, são justamente os humanos que me fazem passar por tudo isso na minha vida. Agora eu estou decida! Eles não podem mais e não vão fazer isso comigo. Não vou deixar mais ninguém se aproximar de mim, é isso. Só para me fazer sofrer? Não, não mais. DANEM-SE TODOS.

"Eu sou sei de uma coisa, assim como cafés, ou bolos, se deixado de lado; se esquecido; se muito desgastado; o coração, também esfria." murmuro para mim mesma.

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Oiiiiii

3° capítulo e já temos uma pequena briga aí. Como será que a Hope vai ficar depois de tudo isso?

PS: Eu sei que isso de aposta pode soar um pouco clichê mas, não quero que seja e não vai ser. Não gosto de livros previsíveis, muitas surpresas ainda aguardam por vocês.

Tchau! ;*


Hope • H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora