Capítulo 19

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POV Harry

"P-pai?" falo, e então, o tempo que estou me virando para o encarar passa em câmera lenta e vem vários flashbacks do meu passado.
De quando ele batia na Anne, ela que é minha mãe ou batia em mim.
Esse imbecil a minha frente sempre com esse sorriso estranho nos fez passar por escravo dele! Eu nunca me conformei, nunca! Minha mãe sempre o amou, demais, sofria por ele porque em seu coração havia paixão. Até o dia em que ele a ameaçou de morte e fez ela perder minha irmã. Isso foi a gota d'agua para a Anne, ela sempre teve dificuldade em engravidar e quando conseguia - o que não aconteceu- era de risco.
Mas, graças a Deus que ele saiu de nossas vidas.

Vejo uma lágrima solitária e sem vida descer vagarosamente pelo seu rosto velho. Não acredito! Agora ele vai pagar de arrependido? Poupe-me!

Antes que qualquer resposta de merda sai da sua boca dou um soco que faz virar seu rosto. Esse soco que eu já queria ter dado a muito tempo.

Fico esperando alguma reação dele mas o mesmo apenas continua com o rosto virado, do impulso que o meu soco o fez ficar.
Sem pensar saio daquela maldita sala batendo a porta e apresso meu passo para sair o mais rápido de lá.

"Eu não vou fazer nada Harry, por que você está certo. Eu mereço isso." fala calmamente, atras de mim aparecendo na porta.

"Cala a boca! Some da minha vida e de perto MINHA família. " digo com o dedo no rosto dele. E acrescento: " Eu vou sair dessa Universidade, não se preocupe. Não quero estar perto de você."

E finalmente saio daquele lugar, eu, sinceramente não sei para onde vou, só quero me afastar daqui o mais rápido possível.

E sendo guiado pela raiva chego no meu carro.
Preciso de tirar conclusões sobre isso e eu sei exatamente para onde eu vou.

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"A Dra. Anne se encontra?" pergunto ao chegar na recepção do Hospital que minha mãe trabalha.

"Ela está em seu consultório nesse momento, você tem hora marcada?" diz a atendente.

"Moça, eu não sou paciente nem nada, sou filho dela, agora me diz logo onde é que eu quero entrar." falo já irritado.

"Sala 26, ala B." indica rapidamente.

Sigo como o indicado por entre os corredores daquele lugar. Chegando finalmente na sala da minha mãe. Bato uma vez e entro.

"Filho? Mas o que... Porque você está aqui?"

Já irritado vou direto ao assunto.
"Era com o William que a senhora falava ao telefone não era?"

E como num passes de mágicas a expressão da minha mãe fica totalmente chocada e assustada.
"Harry... Eu..." para um pouco como se estivesse tomando um pouco de coragem e assente "Sim, era com ele, filho."

Exasperado dou um soco com toda a minha força na mesa, apenas piorando a quantidade de sangue que existia na dobra dos meus dedos. Mas ignoro a dor, isso é meu menor problema agora.
" A senhora sabe o quando eu odeio aquele cara. É certo isso mãe? Você me colocar na Universidade dele sem me contar? Eu não sou nenhum retardado mental para não descobrir!
Como você tem capacidade de voltar a falar com... Com aquele monstro?! "
Eu sabia, tinha certeza, que aquelas ligações dela estranhas tinham que ser algo grave assim, até porque desde o início ela me escondia o que eram.

"Harry, me ouve. Nenhuma Universidade queria te aceitar mais, tanto pelo motivo de sua expulsão, quanto pela data que já era. Eu já estava ficando preocupada.
E ele ficava me precionando, sempre me ligava perguntando sobre você e se eu já tinha conseguido sua vaga... E... Ele parecia arrependido filho." fala minha mãe tentando me convencer e falando esse última parte com bastante convicção.

"Ele pode virar o Papa e eu não quero saber! Nunca vou perdoa-lo. Ele nos fez passar por tudo isso e a senhora ainda tem coragem de falar assim dele? Como se ele fosse um santo? " digo passando as mãos pelos cabelos frustado.
Mas uma coisa me vem a cabeça e eu pergunto:
"Você não... Você ainda ama ELE?!!" grito ligando todos os pontos na minha cabeça... O fato dele ligar e ela atender, o fato dela defende-lo. Ela ainda tem esperanças.

Sua resposta para mim foi um silêncio feito no seu consultório. Mas, só ao olhar nos seus olhos vejo que sim.
Balanço minha cabeça em negação e saio de lá, não posso mais ficar, eu não me resposabilisaria pelos meus atos, e apesar de tudo ela é minha mãe, eu ainda a respeito.

Hoje meu dia não está sendo nada fácil. Muitas informações para mim. Eu só preciso de um descanso sabe? Queria poder voltar no tempo, poder consertar certas coisas, desfazer outras, e ainda afastar o que me fez mal. Só que eu sei que isso é impossível. Agora estou dando em doido...ótimo rolo os olhos mentalmente.

Enquanto estou dirigindo lembro-me que deixei a Hope sozinha, eu ainda tenho que conversar com ela... Suspiro pesadamente.

Eu sei onde vou encontrar um pouco de paz, eu preciso desabafar. Sei quem pode me acolher muito bem.

Lembro-me bem o caminho ainda, depois de um tempo, quando já estava maior eu passei a sempre que precisar ir lá. A viagem demora um pouco, mas a cidade é relativamente bem perto.
...
Estaciono o carro e vou andando até lá. Isso me traz tantas memórias... Esses velhos portões, tudo está tão igual.

Toco a campanhia e uma figura de quem sinto muita saudade aparece na porta.

"Edward?"

Hope • H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora