Capítulo 1

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"Hope, acorde. Vamos preguiçosa, por favor". Despertei ouvindo uma voz doce e sentindo um peso a mais em cima do meu corpo, já sabendo que era a Agnes, abracei ela e comecei a fazer cócegas no seu pequeno corpo magro.

"Bom dia, linda!" se pôde, finalmente, ouvir a minha voz após alguns minutos de gargalhadas.

"Bom dia. A Irmã Grace pediu pra eu te chamar, toda gente está reunida lá no refeitório, nos vamos comemo...é...quer dizer, eu não sei o que vai acontecer. " disse Agnes.

"Bem, eu até poderia ir para lá, só que, por acaso, existe uma pessoinha em cima de mim." Falei duvidando um pouco da sua inocência na fala anterior. Estão aprontando algo.

"Oh, desculpe Ho."

"Tudo bem, agora saia para que eu possa trocar minha roupa." falei entre sorrisos.

"Okay." Agnes disse e saiu do dormitório a correr.

Fiquei observando aquela garotinha, de longa cabeleira preta e pele branca, tão nova e já provou o gosto amargo da vida. Ela chegou aqui no Orfanato dias após seu nascimento, foi abandonada próxima a uma lixeira aqui por perto, provavelmente porque sua mãe desnaturada não a quis criar. Lembro-me do dia em que ela apareceu aqui nos braços da Irmã Grace, eu tinha 14 anos e estava em uma das piores fases da minha vida; vivia trancada dentro do dormitório a ler ou chorar debaixo dos cobertores, ou ainda a cortar meus pulsos. Porém quando eu a vi, o brilho em seus olhinhos me transmitiram paz e felicidade, fazendo com que eu me encantasse por aquela garotinha. Ela é como uma irmã pra mim, eu sempre irei cuidar e proteger ela. Serei uma verdadeira irmã, nunca serei como a Ana Luiza...

Balancei a cabeça como forma de esquecer meus pensamentos, me levantei preguiçosamente da cama, e fui fazer minha higiene matinal. Arrumei meus longos cabelos ruivos e notei olheiras debaixo dos meus olhos negros, vesti uma roupa qualquer pelo meu corpo magro.

Segui pelo corredor até ao refeitório, onde todos já se encontravam em seus devidos lugares a olharem para mim com... expectativa?

A mesa estava farta de comida, o que era raro de se vê, já que o pouco dinheiro que as Irmãs tinham não era suficiente para tal ação diariamente.

Então se fez ouvir um bater de palmas e pessoas a cantar parabéns.

Hoje é meu aniversário. Não me esqueci disso por completo, mas prefiro ignorar isso. Digamos que não é uma data que eu goste muito. Por coisas que aconteceram nesse dia e pelo simples fato de que nesse dia, você recebe a atenção de todos, até pessoas que nunca falaram com você, eles fazem você se sentir querida, mas na verdade, deveríamos ser tratados com simpatia todo dia. Geralmente, sempre alguém faz o "favor" de me lembrar. Forcei um sorriso ao final, já que elas não têm culpa das lembranças que isso me causam.

"Oh minha querida, meus parabéns, que Deus te abençoe sempre e que você continue sendo essa pessoa maravilhosa que é." disse a Irmã Grace após me dar um abraço, digamos que ela é uma das principais Freiras, logo após veio as Irmãs Mary e Marge, que também coordenam aqui.

Assenti e disse um simples obrigada a elas.

Após os cumprimentos ouvi uma gritaria e uma correria vindas na minha direção e depois eu só senti minhas costas no chão. Ri com o pulo e queda que as crianças do orfanato deram em mim. Isso nunca iria acontecer tempos atrás, quando eu era uma chata e as crianças tinham medo de mim.

Depois de muitos abraços e beijos no rosto, consegui me levantar e se fez um silêncio na sala, vi vindo até mim a Irmã Irina, ela é a Freira mais velha e, consequentemente, a Diretora do Orfanato.

"Hope, meus parabéns. Como você sabe, esse é seu aniversário de 18 anos, e nos não podemos mais ser as responsáveis por você. Sem contar o fato que você já deve entrar na Universidade, então, unindo o útil, ao agradável a partir da próxima semana você iniciará suas aulas na Imperial College London." disse.

Hope • H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora