Hope • H.S

Capítulo 25

"Onde você tava menina? Te procurei o dia todo, primeiro que você já acordou sumida, depois não vai para aula, e agora me aparece assim, como se nada tivesse acontecido. "

"Woah, calma... Eu só..." começo reticente.

"Você...?" insentiva minha amiga se jogando na cama e me encarando fixamente.

"Eu estava sem sono, saí um pouco e..." engulo em seco dando uma pausa. "Eu e o Harry..."

"Meu Deus! Você e o Harry? Estão namorando? Se beijaram? Ele disse que te ama? " fala me interrompendo e perguntado animadamente.

Gargalho fracamente e respondo: "O que? Nãoo! Você não acha que é rápido demais?!"

"Okay. Já percebi. Ainda não se assumiram um para o outro. Mas só um aviso, eu quero ser a madrinha."

Sem reação apenas olho para o chão e coro.
Mas a memória do que aconteceu a pouco me atinge me deixando mais triste...

"Hope, o que foi? Eu... Falei alguma coisa errada? Não era minha intenção eu..."

"Não, não foi você." Interrompo e levanto a cabeça vendo minha amiga olhando atentamente para mim esperando alguma explicação.

"Eu e o Harry brigamos..."

"Mas Hope..."

"Não me interrompe, se não eu perco a coragem de contar." digo e ela assente.

"Eu moro em um Orfanato Karol..." fala com um pouco de medo vendo a expressão de surpresa da minha amiga.
"Não sou orfã nem nada. Fugi de casa, porque... Eu...
Eu... Fiz uma coisa que não deveria." digo já sentido meus olhos ardendo e minha visão ficando embaçada por causa do choro. Também oculto o que realmente aconteceu, não estou preparada para contar a alguém, é um assunto bastante delicado para mim.
"Em uns dos orfanatos que vivi, conheci um garoto doce, amigo, companheiro, carinhoso e brincalhão. Era meu único amigo lá, tirando minha "irmã" de consideração. Sempre fui muito apegada a esse tal menino. Ele se chamava Edward. Tudo que fazíamos era juntos. Um dia até fugimos da sala de aula apenas para passar o tempo brincando, ou conversando..." sorrio com a memória. "Mas, em uma manhã eu acordei e fiquei a sua espera na porta do refeitório, como fazíamos todos os dias, mas ele não apareceu. Esperei um bom tempo, até que não restava mais nenhuma criança na sala e tive que comer sozinha. Achei que ele estava doente, por isso fui até o sua cama no dormitório dos meninos... M-mas, ele não..." Sou impedida de completar a frase pois um nó grande forma na minha garganta e eu não aguento mais segurar as lágrimas pendentes em meus olhos. Simplesmente desabo, me deitando na cama em posição fetal, e depois sentindo braços quentes e confortáveis me rodeando.

"Eu acho que entendi o que aconteceu..." sussurra minha amiga afastando os cabelos presos em meu rosto pelas lágrimas.

Seco elas do meu rosto e continuo. " Eu perguntava a todos de lá, todos, mas ninguém sabia onde ele estava, para onde foi, ou qualquer outra informação. Adoeci por muitos dias, tinha febre muito alta, quase tive convulsão febril mas nenhum remédio resolvia. Consegui me recuperar com ajuda da minha "irmã" até o dia em que fui para a escola e encontrei, um pouco junto ao lixo, um pedaço do quadro que tinha pintado para ele.
Tenho ele guardado até hoje. Foi aí que eu soube que ele não voltaria mais.
E bem, ele é o Harry. Meu Edward é o Harry!!"

Vejo minha amiga esbugalhar os olhos em surpresa, também colocando a mão na boca que se encontra aberta.

"Ele já sabia, se lembrava de mim. Mas, fisicamente, está muito diferente. Eu não o reconhi e com o nome diferente do que eu lembrava foi pior para minha falha memória se recordar. E bem... Ele me contou isso hoje de manhã."

"Ainda não entendi o porque de vocês brigarem. Não era para estarem feliz? Comemorando? Juntos? Abraçados?" questiona.

"Sim, era para estarmos assim. Mas eu tinha uma mágoa, muito forte aqui dentro. Eu fui abandonada. Ele me deixou sem explicação. Eu queria poder estar em seus braços agora, apenas precisava falar que tinha ficado magoada por isso, mas a raiva e dor dentro de mim falaram mais alto e eu mandei ele sumir da minha frente."

"O que? Você está de brincadeira com a minha cara não é Hope?" ela pergunta e eu me assusto quando ela se levanta da cama em um pulo e me olha indignada.

"É verdade." digo quase sem voz.

"Vocês têm toda essa história de paixão envolvida, se encontram magicamente, ele te conta e tenho certeza que foi da forma mais romântica possível e você nem para dar um beijo de cinema nele?  Você já viu aquele garoto? Ele é um Deus grego em Londres!
Por acaso você estava sobre efeito de droga? Fumou maconha estrada?"

"Eu estava bem, normal."

"Então você não tem algum tipo de juízo nessa cabeça. Com certeza é isso."

"Não foi culpa minha..." digo olhando para ela assustada.
Em resposta me lança um olhar de morte, e eu me encolho mais.

"Eu estou... Tão... Arrependida, Karol..." falo tristemente, abaixando mais minha cabeça e tapando meus olhos com as mãos.

"Socorro Deus, dois retardados apaixonados e que não movem um dedo para namorarem. Tenho que bolar um plano para juntar vocês dois. Cupido Karol em ação."

Levanto minha cabeça rapidamente, ela não vai fazer isso. "Ah não, por favor não faz nada. Não e não."

"Por favor, Hope."

"Não!"

"Só um empurrãozinho..?"

"Nunca."

"Deixa vai."

"Jamais."

"Okay, você venceu Hope. Se quer viver sem o homem da sua vida não vou fazer mais nada." suspira rolando os olhos.

Ouço uma batida na porta e o Niall entra.

"Olá meus amores." diz abraçando a Karol, e depois a mim.

"O que foi minha pequena? Você estava chorando?" pergunta preocupado.

"Ah... Não foi nada demais. Apenas um... Filme que tava assistindo." minto para ele.

"Okay."

"Hum... Ni, você não tem uma coisa para perguntar a Hope?" fala sua irmã piscando o olho para ele que cora. "Acho que vou lá fora apanhar um pouco de ar." continua rindo e saindo do quarto.

Sorrio e encaro um Niall totalmente corado e sem jeito. "Você tem algo para me perguntar?"

Ele clareia a garganta e olha para suas mãos. "Eu tenho uns chocolates aqui no meu bolso você quer um?" diz ainda tímido.

"Bem. Eu vou aceitar um. Mas eu acho que a pergunta não era essa certo?" gargalho um pouco já me sentindo bem melhor na presença dele.

Ele me entrega um único chocolate e senta na cama do meu lado. Mexe um pouco no dedo enquanto eu mordo um pedaço daquele delícia.

"Você... Vai visitar a Agnes esse final de semana?"

"Não sei ainda Ni. Vai depender se você ou a Karol não quiserem me "raptar" de novo." sorrio brincalhona para ele. Que me dá um belo sorriso.

Olho para ele com espectativa esperando outra questão vir dele.
Ele sussurra um: "Dai-me força santa comida" e agarra na minha mão mordendo um pedaço do seu chocolate. Gargalho diante sua atitude.

"Você Queria... Hum... assim... Sair comigo?"