No momento que contei a Agnes sobre a surpresa um pequeno sorrio surgiu nos seus lábios e ela não queria voltar a dormir. Porem, não se animou muito porque ainda estava um pouco fraquinha.
A apresentei a Karol, e como imaginei logo uma gostou da outra, minha amiga tem imenso jeito com criança. Conversamos um pouquinho sobre os desenhos favoritos da Agnes e finalmente ela adormeceu novamente.
Olho para minha amiga sentada na cama ao lado e suspiro.
"Sinto-me mal por ela..." digo.
"Não fica assim, isso não é sua culpa. È normal." fala.
"Eu não sei..."
"Olha, a única coisa que te resta fazer é a deixar descansar e fazer coisas legais pra ela. Como é febre emocional, logo ela estará melhor."
Apenas assinto e olho de novo para a pequena dormindo angelicalmente na cama. Sua febre já está mais baixa e a enfermeira disse que ela já pode sair da Enfermaria assim que acordar.
Como já é de tarde ela provavelmente só se levantará a noite.
"Eu vou pegar alguma coisa para você comer. E não venha me dizer que não quer porque não quero você doente também." fala a Karol saindo sem me dar a palavra, me deixando na sala.
Eu tenho medo, medo dela crescer e sentir a mesma coisa que eu sinto da Ana Luiza, do que aconteceu comigo e com ela. Não são casos parecidos, mas também era pequena quando ela saiu. Não parece grande coisa, eu sei. Mas não quero que quando ela fique maior sinta a mesma mágoa que eu tenho da garota que me gritou.
Quero poder ir à sua casa a tarde quando for velha, conhecer seus filhos e seu marido e falar tudo o que aconteceu por aqui. Parece um sonho bastante distante, mas é assim que eu imagino meu futuro. Nada grandioso demais.
Até porque não mereço futuros grandiosos. Não com toda culpa que eu carrego nas minhas costas por causa do meu negro passado.
...
Após ter comido por lá mesmo resolvi sair um pouco da enfermaria e tomar um banho para relaxar. Tudo insistência da Karol. Por mim, ficaria lá o dia todo, mas ela me prometeu que chamaria se qualquer coisa acontecesse.
Na mesma rápida velocidade que tomei o banho visto uma nova roupa e retiro minhas coisas do chão, perto de onde era a minha cama.
Saio do dormitório e sigo pelos "famosos" corredores desse lugar até a Enfermaria.
Curiosa como sou passo olhando todas as salas a procura do único quarto propriamente vazio dessa grande casa. Coloco minha mochila ao lado da pequena parede do quarto e vejo as coisas da Karol por lá também. Dou uma girada 360° no quarto e sinto minha pele arrepiar um pouco ao lembrar que foi num quarto parecido com esse que eu e o Harry nos beijamos pela primeira vez, porém esse quarto está a algumas milhas daqui, em outro Orfanato.
Balanço minha cabeça como forma de esquecer e sigo para fora do quarto. Eu já me decidi que vou esquecer sobre tudo isso. Não quero mais saber.
Olho para uma janela, vendo o jardim ser iluminado apenas pela luz da lua.
Por um momento foco minha visão lá até algo passar por mim e por reflexo me fazer virar a cabeça.
"Irmã Mary, espere." digo, fazendo-a parar e me olhar. Estava mesmo querendo falar com ela.
"Sim Hope, diga."
"Quando cheguei aqui, de manhã a Irmã estava nervosa por causa do que aconteceu a Agnes?"
"Por que querida?"
"Olha, é só que... No dia que eu estava indo para a Universidade no táxi, com a senhora, pedi para me avisar sobre qualquer coisa que acontecesse com ela. Não é que não confie mais ou vou ficar chateada, mas e se eu não tivesse decidido vir hoje? Quem iria ver ela no quarto queimando de febre?"
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Hope • H.S
Fiksi PenggemarO medo é algo que pode manipular o ser humano, mas de alguma forma nós conseguimos o manipular para atingir outras pessoas. Porque na verdade esse é o alvo dele. Tirar a vida de alguém pode ser um exemplo disso. Mas as voltas que o mundo dá fazem se...