Capítulo 48

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Nunca estive tão preocupada com alguma coisa, o quadro da Agnes piorou drasticamente da noite para o dia. Assim que soubemos, o Harry foi fazer o exame. É o que nos resta acreditar agora. Por favor, que dê certo, por favor.

Faltei aula hoje para ficar aqui no quarto com ela, se tudo der certo, hoje será a cirurgia. Foi adiada por causa do estado dela. Quanto antes, mais chances de sobreviver.

Ela passou a manhã e tarde toda dormindo, de vez em quando se mexia para o lado ou balbuciava alguma coisa. A febre dela ta alta e a todo o momento enfermeiras vem verificar a temperatura dela e trocar as compressas de água fria para não ter uma convulsão.

Enquanto ela dormia em seu momento de calmaria a porta se abre e a Dra. Victória aparece atrás dela com algumas folhas nas mãos.

"O Harry é totalmente compatível com ela e segundo a bateria de exames ele está com a saúde perfeita. Hoje à tarde faremos o transplante."

"Eu não posso nem acreditar!" digo com um dos meus primeiros sorrisos do dia. Ela abre os braços para mim e vou a sua direção para ganhar o abraço.

Depois de um tempo em que ela observou a Agnes e me indicou algumas intrusões sobre o transplante finalmente saindo da sala puxo meu pequeno celular do bolso e ligo para o Harry que deve está em aula agora. A chamada é encaminhada e alguns toques depois ele me atende.

"Amor? Está tudo bem? ''

Rapidamente uma corrente leve passa pelo meu corpo. Ele me chamou assim mesmo? Várias borboletas no meu estômago fazem um sorriso sair pelos meus lábios enquanto sentia meu coração bater furiosamente contra meu peito.

"Sim. Está tudo bem. O transplante da medula foi marcado para essa tarde. Tem alguns procedimentos que precisam ser feitos. Você pode vir para cá?"

"Claro, estou indo agora. Você precisa de alguma coisa?"

"Não, eu trouxe tudo."

"Okay então." ele responde e antes que ele possa desligar minha voz volta a chamar seu nome, mas já é tarde, o bip na linha do telefone indica o fim da chamada.

Eu queria falar a ele o que eu estou sentindo agora. Por tudo isso que ele fez e faz por mim. Aquelas três pequenas palavras com significados enormes. Que até a pouco eu nunca tinha vivenciado.

Suspiro e volto a olhar para a Agnes na cama. Ando até lá perto e vejo que há uma camada de suor frio sobre seu dorso, se encolhendo lentamente debaixo do pequeno cobertor branco. Seu tórax faz um movimento rápido de sobe e desce, como se ela tivesse ofegante.

Peguei o pano molhado assim como me recomendaram e o pousei em sua testa, que rapidamente parou de ficar encolhida, como se um alívio passasse pelo seu corpo.
Passei a mão em sua cabeçinha lisa e só então percebi que seus olhos haviam sido abertos, mas agora eles não estavam apenas cansados, seus olhos estavam arregalados e com uma aparência perturbada.

"M-mamãe? É você?"

Meu coração ficou apertado em meu peito, ela está alucinando? A médica me avisou que nesse estado de febril poderia chegar a acontecer, mas não pensei que chegaria a esse ponto.

Ela ainda continuava me olhando fixamente, assustada. Percebia que mil memórias e perguntas passavam pela cabeça dela.

"Mamãe você não é mais uma estrelinha? Onde está meu papai?"

"Agnes, sou eu, Hope."

"Não mamãe, me tira daqui, eu não gosto desse lugar. Tudo dói."

E mais uma vez meu coração se parte em pedaços. Puxo-a para o meu colo e a abraço permitindo deixar algumas lágrimas minhas caírem na sua vestimenta. Continuei a embrulha-lá num abraço forte não deixando de sentir todo sua temperatura alta se espalhando contra meu corpo. Acariciei suas costas com a ponta do meu dedo numa tentativa de acalmá-la e de trazê-la de volta.

Hope • H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora