Capítulo 38

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Quando aquele grito chegou aos meus ouvidos, e do Harry também, logo o aperto no meu coração se transformou e momentos de agonia. Eu sabia de quem era ele. E de onde vinha.

Depois tudo ocorreu como um flash e já estávamos no Hospital com a Agnes. Quando cheguei aos seus pés tudo a volta dela era vômito e estava encolhida segurando sua barriga. Durante todo o caminho ela pedia a mim e ao Harry para fazer aquilo parar, só fazendo meu coração se encolher cada vez mais. Eu estava com medo do que poderia acontecer a Agnes.

Já faz dois dias que estou plantada aqui no Hospital em que a mãe do Harry trabalha, ele está aqui comigo e assim que pude avisei as Freiras que ficaríamos aqui.

Tudo da minha cabeça é uma desordem, no primeiro dia tudo o que a Anne nos disse é que era apenas uma infecção intestinal, mas eu não sou tão burra ao ponto de saber que bastante líquido, descanso e soros resolvem o problema. Então o que eu venho martelando na minha cabeça é o porquê dela está a todo esse tempo internada aqui. A única solução que me vem à cabeça é que pode ser algo mais grave, só que prefiro não acreditar.

"Eu trouxe um pouco de café." fala o Harry me entregando um copo. Vejo pena nos olhos dele e tudo o que eu não quero é que alguém sinta pena de mim.

"Obrigada, mas não precisa." rejeito.

"Ho, não seja teimosa, você está aqui a todo esse tempo e ainda não saiu para descansar, isso vai te ajudar um pouco." insiste.

"Vá lá não me deixe mais preocupado."

Aceito sem mais palavras. Tudo o que eu pensei sobre nos dois durante nosso último beijo, se desfez quando eu tive algum tempo para pensar, ironicamente, contando o fato que eu não tive tempo.

Muitos motivos me levam a pensar nisso, primeiro porque eu não quero me deixar entregar de novo a este sentimento. Desde que estou no mundo ele não me deu os melhores exemplos de que ele é algo bom, que valha a pena. Segundo e o mais óbvio, por mais que uma pequena parte, bem lá no fundo, me diga que eu também gosto dele, não sou tão egoísta ao ponto de deixar isso transparecer, ele é o tipo de cara perfeito, atencioso, lindo, romântico, engraçado e de caráter, o cara que te trás café e insiste que você tome, ele se preocupa com quem ele gosta. Ele tem uma boa alma e esse é o problema. Eu não quero manchar sua áurea iluminada com os resquícios do meu passado negro. Além de que eu sou complicada e a pior pessoa para demonstrar afeto.

Se existisse essa possibilidade ele não seria o bad boy que fica com a mocinha, ele é um cara bastante normal, tirando um pouco do seu passado conturbado, ele não ficou com trauma de nada. E eu não seria a moçinha meiga e delicada porque eu realmente não estou nem um pouco perto disso, eu realmente só sou uma pessoa que não demonstra sentimentos, chata e calada. Uma garota sem nada de interessante e cheias de defeitos, físicos e psicológicos. Eu não sou o tipo de pessoa para se interagir.

Por isso volto a repetir a mim mesma, só amizade. Esse é o meu máximo.

Finalmente encosto o copo quente aos meus lábios e sinto um pouco dos meus músculos relaxarem.

Olho fixamente para o chão os meus pés enquanto noto nos meus sujos e gastos All Star. Sinto a presença de mais alguém na sala de espera e vejo uma mulher chorando desesperadamente nos ombros do seu marido. Tudo o que ela grita é o quanto quer seu filho de volta a vida.

Percebo o olhar do Harry queimando em mim e vejo que ele também fica triste por ela.

O súbito medo volta a se apoderar de mim. Eu ainda nem cheguei a ver a Agnes...

"Harry. Sua mãe chegou a dar mais notícias?" digo aflita.

"Não... Também queria ver ela." confessa para mim. Ele poderia ir lá atrás dela e procurar saber de algo, mas vejo que ele não pensa nisso e me levanto para procurá-la.

Hope • H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora