Capítulo 31

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"Como senti sua falta, Senhora Emily!"
Dito isso, como se tivesse despertado me abraça forte e acolhedoramente deixando várias lágrimas saírem de seus olhos também.

"Oh minha pequena Hope quanta saudades tuas! Esse Orfanato numa mais foi o mesmo sem ti! " sorrio gentilmente limpando minhas lágrimas.
"Vamos entrar, está frio aqui fora." Aconselha.

"Claro." respondo e olho para trás vendo que o carro do policial não se encontra mais aqui.

"Tenho tanto para te contar, tanto que já passei que precisava apenas de mais um apoio teu... Tanta idiotisse que já fiz, em que apenas um conselho teu resolveria..."
Falo sentando em no sofá, perto da lareira, olho para ele como se aquele objeto pudesse fazer com que tudo voltasse...

"Eu sei Hope, eu sei... Todos esses anos que eu carrego nas costas me fazem saber bem, o quanto a vida é difícil." diz enquanto olho fixamente em seus olhos, aqueles familiares olhos castanhos, como eu gosto dessa mulher! Eu a tenho como uma mãe! "Você está tão diferente desde que saiu daqui, cresceu tanto... Aliás por onde andaste esse tempo todo menina?"

"Depois que fugi daqui... Acabei parando em outro Orfanato, e apenas continuei por lá, até completar meus 18 anos."

"Oh Deus! Quanto tempo se passou desde que você se foi. Ficamos tão preocupados Hope, tudo o que tínhamos era um pequeno bilhete que você deixou, não fazíamos a mínima idéia de onde você estava! Nem o porque de ter fugido, eu pensei... Sinceramente... Que já estava morta a essa altura."

"Realmente não foi fácil para mim também Senhora Emily deixar isso tudo... Eu era tão pequena, passei algum tempo na rua, depois ficou tudo bem comigo sim, graças a Deus, e bem, hoje já sou Universitária."

"Que bom querida, estou muito orgulhosa de você."
Fala e eu assinto sorrindo, estou tão feliz por vê-la de novo! Até acabei esquecendo meu... Motivo de estar aqui.
"Eu acho melhor ir ajeitar logo um quarto para você, amanhã pela manhã continuamos a conversa, não podemos ficar aqui uma hora dessas."

"Eu entendo senhora Emily." dito desanimando, queria verno Harry ainda hoje, saber se ele está aqui ainda hoje!

"Venha comigo." chama.

[...]

Acordo apenas quando já é dia... As cortinas estão fechadas deixando o Quarto escuro, o que não permite que afete minha visão.

Retiro o fino lençol de cima de mim e procuro a porta do meu quarto.

Viro a maçaneta cor de rosa, que pintei com a ajuda do meu pai. Ele estava feliz nesse dia.

Não é cedo, mas ninguém ainda está acordado na casa, papai e mamãe gostam de dormir muito, por isso eu me levanto cedo e venho assistir TV enquanto pego algum tipo de comida. Na cozinha abro um saco que só tem um pão, ele está partido e um pouco duro mas eu sei uma coisa que pode deixar ele mais molinho, eu sempre faço isso.

Abro a torneira e vejo que falta água, então vou no balde onde a mamãe costuma deixar água e pego um pouco colocando no copo. Vou para sala e enquanto assisto o único canal que pega na televisão parto um pequeno pedaço do pão e mergulho na água, não fica muito gostoso mas se eu não comer minha barriguinha dói.

Depois de um certo tempo vendo um cara oferendo carros para comprar ouço um choro, é o meu irmão.

"Porra Hope vem logo tirar essa coisa daqui! Não aguento o choro dessa peste perto de mim!" grita minha mamãe, e como todo dia eu faço, subo as escadas e vou até o berço do meu irmãozinho, ele é muito fofinho e eu gosto de rir junto dele porque eu não rio muito aqui.

"Desculpe mamãe, já vou." grito de volta para ela. Não queria fazer isso, eu tenho medo de cair, mas se não fizer minha mãe bate em mim, e as vezes gosta de encostar seu isqueiro na minha barriga. Dói muito e eu choro, mas ela fala que é para eu não aprender a fazer as coisas erradas e a culpa é minha.

Subo em um cadeira e tiro meu irmão de dentro do berço, tenho medo de deixar ele cair, mas eu sou corajosa e faço. Levo ele até a sala comigo, em baixo. Sento ele no sofá e divido meu pão com ele.

"Nãm" soa sua pequena e fofa voz quando ofereço o pão em sua boca.

"Tem que comer bebé, para ficar fortinho." digo. Mas ele ainda não aceita.
Então deixo assim mesmo.

Sento ele no chão comigo e brinco com ele um pouco, não posso deixar ele triste e chorar para acordar a mamãe. Ela fica muito brava.
...

Sem perceber, dormi um pouco no chão, e de lado vejo que o Jake não está brincando. Não deveria ter feito isso, ele aprendeu a se arrastar, e agora não fica mais quieto.
Ando pela casa e chamo ele baixinho: "Jake, cadê você?"
"Jake!"

Mas ele não responde, estranho. Entro na cozinha e vou até perto da pia, vendo a tampa do balde com água no chão. E isso me faz olhar rapidamente para o balde, vejo meu irmão dentro dele com as perninhas para fora acho que ele não deveria ficar assim, mas se ele não chora é porque não deve doer, mesmo assim me aproximo para pegar nele, quero voltar na sala.

Seguro ele no meu colo, mas ele está mole, e frio. Deve ser a água. Pego um pano e seco ele, mas só agora vejo seus olhinhos fechados e o rosto roxo.

Levanto da cama com um enorme pulo, estou suada e com lágrimas nos olhos, minhas mãos tremem, meu coração está a mil.

Isso não pode voltar!! Eu tinha parado de ter pesadelos com meu passado e agora tenho um. E pior, este é o começo, é apenas uma das coisa que me aconteceu, que me atordoou a vida toda! Odeio tudo isso!

Não! Saí! Por favor! Para! Não quero lembrar mais disso.

Tento me deitar de novo e voltar a dormir, vendo que ainda está cedo. Canto um música baixinho... Para tentar me acalmar. Mas viro para um lado e paro o outro e não consigo.

Decido desistir e me levantar. Vou até a cozinha.

Procuro por um copo e acho rapidamente, vou até perto do filtro e coloco água dentro. Bebo calmamente para ver se essa minha angústia passa. Respiro fundo várias vezes, e finalmente volto para o corredor, seguindo para o Quarto.

Mas uma mão segurando meu pulso, atrás de mim me para. Viro e olho para cima vendo brilhantes esmeraldas a me olhar.

"Hope?"

Hope • H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora