Hope • H.S

Capítulo 47

Volto a repetir varias e várias vezes minha cabeça que eu preciso continuar a ser forte, só que agora eu realmente não sei onde procurar por isso. É repugnante que cada vez que eu ganho alguma vontade, algo volta e me atinge novamente. Acho que já alguma relação entre mim e a dor, algo como um bumerangue que nunca pode se afastar demais.

Saio de perto do Harry e sento numa das cadeiras quase em frente à sala que a Agnes está, suspirando pesadamente. É o que eu posso fazer no momento, não aguento, nem quero mais chorar.

A médica avisou que se não formos rápidos ela pode...morrer. Como pode haver alguma capacidade de eu conviver com isso normalmente?

Sinto o olhar intenso do Harry em mim, mas ignoro, preciso pensar em algo. Agora. Poderíamos procurar algo sobre ainda haver alguém vivo da família dela. Era unir o útil ao agradável, mas não, isso demoraria demais e claramente não temos tempo, dentre muitas outras possibilidades de dar errado.

Será que na família do homem que irá fazer a doação a Agnes não existe outra pessoa com a médula compatível? Acho que não, se houvesse ela já teria nos avisado, e talvez até tenha, mas não está cadastrado.

Claro, o cadastro. Porém assim, tão em cima do tempo é arriscado falhar. E claramente não podemos contar com a sorte. Isso é uma das coisas que eu aprendi bem na minha vida. Porque nunca eu ganhei ou consegui algo por pura sorte, se eu realmente queria aquilo tinha que conquistar, lutar e correr atrás para haver a possibilidade.

A porta se abre e a Agnes sai de lá numa cadeira de rodas. Os pacientes normalmente saem e voltam em macas para seus quartos, mas desde a primeira vez o Harry a levou, e isso não mudou até agora.

Ele sai do meu lado e vai até ela, a erguendo no seu colo, como na ida ela apóia a cabeça no ombro dele e fecha os olhinhos, seguindo conosco até seu quarto.

Assim que o Harry a coloca de volta na sua cama eu me sendo ao lado dela e seguro suas mãozinhas junto as minhas. Estão frias, pálidas e com a pele fina.

"O que nós vamos fazer Harry?" encaro seus olhos com preocupação estampadas nos rostos de nós dois.

"Não precisa se preocupar, nos vamos dar um jeito nisso, sempre damos. Eu estava pensando sobre isso e, não sei se você lembra, mas eu ainda não fiz o exame de compatibilidade, ainda há esperança."

"Ainda bem Harry, eu havia esquecido, realmente não estava sabendo o que fazer. Obrigada." falo me levantando da cama e o abraçando.

"Vai ficar tudo bem, ela vai melhorar." responde beijando o topo da minha cabeça.

"Eu espero."

[...]

Meses atrás, Suíça, POV Liam Payne.

Eu não sei bem o que esperar dessa escolha que vim a ter, mas agora não tem mais saída é isso que eu resolvi e agora é assim que vai ser. Não faz parte do meu vocabulário isso de voltar atrás, desistir.

O frio congelante do norte da Suíça batendo contra meu rosto, me faz lembrar os duros anos que enfrentei no exército. Lá era como uma prova diária de um pequeno inferno particular. Sempre pensei que esse seria meu sonho, minha vocação. Até o dia em que eu falei por mim, pelo meu ideal e não pelo que me era imposto. Agora que estou fora de lá sei que não nasci para fardas, ordens e perfeições. Eu quero ser livre, mas eu quero adrenalina, aventura, eu quero objetivos e é por isso que eu vim procurar por ela. Tenho dúvidas do quão grande são os negócios na "empresa" dela, mas dependendo do tipo da índole das pessoas que você perguntar, ela é bastante conhecida. E bem, eu quero um desafio, então vamos contra aquele exército de merda, contra as leis.