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Estava no meu trabalho resolvendo assuntos do lançamento da próxima temporada de um anime que estávamos trabalhando a mais de seis meses para entregar ao cliente. Não parecia algo grandioso na minha visão quando peguei o roteiro pela primeira vez, mas conforme os dias foram se passando, notei que aquela animação sobre feiticeiros parecia... interessante.

Terminei de fazer mais um esboço do episódio cinco da segunda temporada e me sentia motivada a começar os próximos o quanto antes. Entretanto, vejo minha amiga de trabalho, Jennie, se aproximar e colocar um buquê de rosas a minha frente. Arqueio as sobrancelhas mas ela apenas me lança um sorriso.

— Não tem nenhum cartão do remetente?

— Não, já é o terceiro buquê esse mês que você recebe. Tem certeza que não sabe quem possa ser o seu admirador secreto? — Ela me encarou seria.

Jennie é bem reservada e veio de uma família de nome renomado. Ela fala poucas coisas durante seu expediente e raramente sai conosco para beber ou comer. Não é uma mulher dócil, mas as poucas vezes que conversamos, achei a mesma divertida e até posso dizer que quebrei um pouco as suas barreiras.

— Juro que não sei quem é — O único nome que me veio em mente logo fiz desaparecer, não poderia ser ele, o mesmo continua desaparecido e sem ao menos responder as minhas mensagens.

— Acha melhor jogarmos fora? Pode ser um stalker ou algo mais perigoso, quem sabe, estaria dando abertura para continuar te enviando.

— Está tudo bem — Toco aquelas rosas com um tom avermelhado tão vivo e que por algum motivo me fazia sentir bem. A mulher em minha frente deu de ombro e se afastou.

Fiquei submersa em meus pensamentos até resolver dar uma olhada em minha volta. Será que poderia ser alguém aqui do trabalho? Talvez isso justificaria saberem exatamente onde eu trabalho e também o andar em que atua a minha área.

Respiro fundo desistindo da adivinhação e voltando a trabalhar. Só mais algumas horas antes de finalmente ficar livre e ir correndo para os últimos ajustes do meu vestido de madrinha de casamento.

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Miwa era muito exigente desde que eu a conheço, não seria diferente com o seu casamento e principalmente comigo. Parecendo a minha mãe, ela caminhava de um lado pelo outro no enorme provador e ficava me analisando. Me sentia completamente intimidada com seu olhar.

— Não sei dizer se gostei desse vestido, mas querendo ou não ele fica completamente perfeito em você.

— Esta dizendo que eu estou dando a beleza para ele? — Ela assentiu com a mão no queixo e dando um leve suspiro.

Observei sua reação cansada e me sentei ao seu lado. Minha amiga colocou o rosto em meu ombro e ficou em silêncio por alguns segundos, acariciei seus fios de cabelo enquanto esperava ela dizer o que tanto a incomodava.

— Você acha que foi uma boa escolha eu me casar assim tão nova?

— Se você o ama — Dei de ombro e a mesma me olhou — Além disso, não somos tão novas assim, já temos 28 anos.

— Se casaria com o Yuji se ele te pedisse exatamente agora em casamento? — Pisquei um pouco surpresa mas quando parei para pensar, talvez, eu dissesse não. Nós nem ao menos aproveitamos um pouco da vida.

— Minha relação com o Yuji não pode ser comparada com a sua. — Me levantei começando a desamarrar o laço nas costas para tirar aquele vestido — Você e o Kokichi se conhecem desde o ensino médio, você foi a primeira a se apaixonar por ele e o mesmo te trata igual uma rainha. Eu nunca vi ele levantar a voz para você ou te destratar. Miwa, olha o homem que você tem ao seu lado. Se a primeira coisa que você fez quando ele te pediu em casamento foi aceitar, então porque esta com dúvida agora?

— Eu vejo as outras garotas curtindo a vida, viajando com seus namorados... E se virar uma rotina? E se começarmos a nos odiar?

— Isso não significa que irão se separar — Entrego o vestido a ela e começo a colocar minha roupa — É normal um casal entrar na rotina e ter dias que um não consegue olhar para cara do outro, vocês terão discussões por causa da toalha na cama ou por não ter feito algo que o outro pediu. Mas tudo não passa de experiências que logo se tornarão bobagens ao longo do tempo e aprenderão a superar. Ou vai me dizer que não quer ter a experiência de chegar em casa e dar um leve esporro no Muta por ele ter passado a noite toda fazendo aqueles robôs ao invés de dormir com você?

— Você está certa, não tem porque eu sentir medo do novo. Tudo será experiência para ser adquirida! — Abriu um sorriso enorme e me abraçou assim que eu terminei de amarrar meu cabelo — Eu acertei em cheio na minha madrinha de casamento. Agora vamos logo fazer o pagamento e esperar essa semana terminar para finalmente eu dizer que estou casada.

— Só não espere que eu pegue o buquê de flores — Dei uma risada e caminhamos lado a lado implicando uma com a outra.

Após fazermos o pagamento, paramos em um quiosque para comermos algo. Me sentei observando o lugar aconchegante e esperando nossos pedidos ficarem prontos.

— Esta sentindo a falta dele, não é?

— A todo instante — Coloco minha mão no rosto — Ele me pede para seguir a minha vida pois irá me encontrar novamente, mas e se ele voltar quando eu já estiver com outro? Nossa relação durante esses anos foram de tantos desencontros...

— Esquece um pouco o que ele disse. O Itadori com certeza sabe das consequências em te deixar solta novamente, mas também deve entender que não pode te colocar em perigo. 

— Será que ele esta bem ? — Vejo o garçom colocar nossos drinks e alguns aperitivos na mesa.

— Os rapazes dizem que sim, mas nem o Kokichi quis me dizer o que o Choso falou para ele.

— Seu namorado é um cuzão — Revirei os olhos — O que tanto eles escondem?

— Vai saber — Miwa experimentou seu suco e fez uma careta — Acho que esqueceram de colocar açúcar 

— É por isso que eles colocam esses cubinhos de açúcar na mesa, para você mesma deixar da forma que deseja — Dei uma risada — Sua lerda. 

— Apenas desatenta — Fez biquinho — Mas voltando ao assunto, vamos fazer um trato.

— Que trato?

— Vamos esperar por notícias dele até o dia do meu casamento. Depois disso, quero que você se permita conhecer novas pessoas. 

— Kasumi Miwa...

— Obrigada por concordar — Ignorou meu protesto já comendo os aperitivos e me deixando falar sozinha.

*Quebra de tempo*

Ao chegar em casa, me joguei na cama enquanto olhava para o teto sem saber o que fazer, o dia tinha sido longo mas não me sentia cansada. Uma semana para o casamento e até o momento sem noticias dele. Talvez a Miwa esteja certa, não posso mais me prender, depois do casamento eu voltarei a estaca zero. 

Pego meu celular e digito o número do Junpei, ele atende no segundo toque mas avisa que esta ocupado com alguns projetos do trabalho, apenas concordo já me despedindo dele. Parece que todos estão cansados de mim e das minhas perguntas sobre o itadori. Talvez eu devesse continuar fazendo o que ele me pediu, apenas seguir em frente e torcer para que nada de ruim tenha acontecido com ele.

 Talvez eu devesse continuar fazendo o que ele me pediu, apenas seguir em frente e torcer para que nada de ruim tenha acontecido com ele

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Eu não digo é nada... 

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