𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 (𝟎𝟎𝟒)

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Natalie estava determinada a não dormir naquela noite. Tomou essa decisão por ter medo de ser assombrada mais uma vez pelos pesadelos lúcidos e por continuar em choque com o que presenciou na mansão Matthews. Ainda era possível sentir o odor de morte impregnado nas narinas e na visão fantasmagórica rondando a parte interna da casa. Se antes as coisas já pareciam estranhas, agora mesmo que pressentia que algo estava indo muito errado na velocidade da luz. Sob as cobertas, navegou pelas redes sociais na intenção de dissipar todos os pensamentos de mais cedo da cabeça. Seus dedos digitaram uma mensagem para Greg, mas não teve uma resposta, e ao lembrar-se do estado que o garoto ficou após sair da mansão, talvez ele nunca mais voltasse a falar com ela ou demoraria um bom tempo para se recuperar do choque vivido.

Embora quisesse afastar Charlotte da cabeça, algo em seu interior se revirava em mantê-la fixa em sua mente. Natalie se odiou quando digitou o maldito nome dela na caixa de busca do Instagram, e para sua surpresa, nenhum perfil foi encontrado. O estranho era que mesmo após seu sumiço, o perfil na rede social ainda existia, mesmo que estivesse desatualizado. Nat engoliu seco, retornando a página principal, onde clicou no perfil das The Storm, rolou o feed até o final se deparando com fotos e vídeos dos torneios do time, mas nenhuma foto de Lottie. Era como se ela nunca tivesse participado de nada. Natalie desligou o telefone e encarou o teto. Uma chuva caía do lado de fora, com direito a trovões e ventanias fortes. Parecia que o céu chorava por alguma tragédia ou pressentia a chegada de algo pior. Sentiu os olhos pesados, mas não se deixou vencer pelo cansaço. Levantando-se da cama, caminhou até a cozinha, onde preparou um café forte.

Natalie...— Ao ouvir o nome ser sussurrado em suas costas, então sentiu tudo parar. Natalie se manteve estática, consumida pelo terror. Dessa vez está acordada, e bem acordada, tinha certeza disso. Sua mão se prendeu ainda mais firme em volta da caneca, e o que fosse que estivesse ali para assustá-la, sairia ferido caso tentasse algo. O chão rangeu com o peso do que se aproximava, assim como a sensação de ter mais alguém no mesmo cômodo cresceu ainda mais. — Natalie, o que faz fora da cama a essa hora?

A garota piscou, como se despertasse de um pesadelo. Ao virar-se, encontrou o pai, com olhos vermelhos e pesados devido à embriaguez e sono. Joe caminhou até a pia, onde encheu um copo de água para beber. Observou a filha em silêncio, notando como ela estava branca como um papel, muito mais que o normal.

— Nada, eu só estou sem sono. — Disse ela, enquanto bebia o último gole de café um pouco mais tranquila.

— E está bebendo café? — Joe ergueu as sobrancelhas grossas. Natalie deu de ombros.

— Me acalma. — Natalie deixou a caneca sobre a pia e caminhou para a entrada da cozinha. Odiava ficar a sós com o pai e ter que trocar mais de duas palavras com ele.

Voltou para o quarto em passos largos e trancou a porta. Devido ao café, se sentiu agitada, então procurou pelo notebook, onde pesquisou sobre mortes súbitas de pássaros. Porém, assim como as pesquisas que fizera na noite passada a respeito de ataques de animais, também não obteve sucesso. Frustrada, optou por ver filmes e séries até que o sol retornasse ao seu devido lugar.

Pelo menos, foi isso que planejou até cair no sono sem sonhos e pesadelos.

Pedimos desculpas por isso, policial. — Natalie abriu os olhos ao ouvir a voz do pai vindo da sala. — Sabe como são os adolescentes nessa idade, acham que nada vai acontecer a eles. Garanto que isso não irá mais se repetir.

A luz do sol, filtrada pela cortina, fez Natalie soltar um ruído gutural de raiva. Passou a mão pelo rosto, odiando o fato de ter adormecido na metade da série que assistia. Porém, ela lidaria com isso depois, já que agora, havia problemas maiores que estavam do outro lado da porta do seu quarto. E isso envolvia a segunda voz masculina e desconhecida que ouvia distante. Sorrateiramente, atravessou a porta do quarto e caminhou até a cozinha, na intenção de poder ouvir a conversa com clareza.

𝐇𝐀́ 𝐀𝐋𝐆𝐎 𝐄𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐑𝐋𝐎𝐓𝐓𝐄 𝐌𝐀𝐓𝐓𝐇𝐄𝐖𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora