𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 (𝟎𝟏𝟏)

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DIAS ATUAIS

O estado de estupor ainda era presente mesmo após dez minutos já ter se passado. Natalie permaneceu parada no canto escuro, enquanto as pessoas se tornavam um grande borrão à sua frente. O que ela fez? E por que logo com Charlotte Matthews? Odiava ter que confessar que caíra facilmente nos truques da vampira, mas a verdade era que o impulso de beijá-la veio totalmente do seu interior com uma combinação intensa de um desejo que nem sabia que possuía. Foi assim que sentiu ir do céu ao inferno em questão de segundos. O beijo foi saboroso, e a intensidade de como foi feito, acompanhado das provocações e ameaças, fizeram seu corpo queimar como nunca sentiu. Ela não sabia que esse tipo de enfrentamento era excitante. O leve gosto de sangue na boca foi o motivo para seu torpor, mas o desejo por algo proibido chegava a ser muito maior. Bem que Natalie adoraria dizer que esse erro jamais voltaria a se repetir, mas aquela altura, enquanto sentia o meio das pernas latejar como nunca e o coração bater depressa, sabia que jamais conseguiria. Beijar Charlotte foi bom. Se sentir atraída por ela — de uma forma muito incomum — foi melhor ainda. Entretanto, o seu lado racional gritou mais alto, a fazendo despertar. Charlotte Matthews ainda era uma assassina, e esse era um detalhe que jamais deveria ser anulado.

O borrão a sua frente se tornou mais claro, então percebeu que as pessoas corriam em todas as direções. Os gritos, que antes estavam abafados em seus ouvidos, se tornaram mais altos. As luzes foram acesas, iluminando o amplo ambiente em que estava, então Natalie percebeu que algo deveria ter acontecido, além de, claro, seu mundo parar devido a um beijo. Piscou, finalmente tentando sair de onde estava. Deu alguns passos, mas esbarrou em alguém maior e mais forte, que não se importou em empurrá-la para outra direção. Um pandemônio se alastrava por todo o lugar. Natalie sentiu uma mão segurar seu braço e a puxar para longe do redemoinho de confusão. Seus olhos vagaram pelo galpão, curiosos com o que estava acontecendo, mas tudo que viu foi três corpos estirados no chão. Morte. O cheiro de sangue tomou de conta do seu nariz, mas a essa altura, já estava atravessando a saída de emergência, rumo ao lado de fora.

— Puta que pariu... — Era Spencer, parando finalmente a sua frente. Ele arfou, jogou o corpo para trás e depois apoiou todo o peso nas mãos que estavam sobre os joelhos. Natalie não disse nenhuma palavra, pois tudo que via ao redor eram pessoas fugindo em seus carros ou a pé. — Vem, vamos embora antes que a polícia chegue.

— Tem pessoas mortas lá dentro. — Comentou ela, com a voz baixa e pesada.

— Bela observação, Nat! Agora vamos embora antes que nos chamem por testemunhas.

O rapaz a puxou pelas mãos em direção ao velho opala estacionado. Natalie tropeçou nos pés, mas o seguiu até o carro, enquanto se perguntava qual das duas vampiras haviam causado aquele estrago: Charlotte ou Christine? Ela não saberia dizer e nem queria deduzir qual delas era tão audaciosa em fazer um ataque tão publicamente. No carro, a garota viu as luzes da cidade correrem do lado de fora, e o silêncio pousar do lado de dentro. Nenhum dos dois havia dito qualquer palavra, mas Spencer logo tratou de reverter a situação embaraçosa.

— Onde você estava? Falei para não sair daquele lugar e quando voltei, você tinha sumido. — Um dos seus braços segurava a direção, enquanto o outro estava relaxado na janela. Natalie revirou os olhos.

— Me senti mal com aquela merda de droga que você me deu. Sair para beber água e me perdi para voltar. — Mentiu. Era óbvio que Spencer não deveria saber do real motivo do seu sumiço no meio da festa.

— Que droga, em pleno aniversário, alguém morre. — Reclamou ele. Dessa vez Natalie soltou um sorrisinho, mesmo não tendo achado graça. Alguém sempre morre. — O bom é que a noite ainda não acabou, quer ir em outro lugar? Podemos ir à praia, que tal?

𝐇𝐀́ 𝐀𝐋𝐆𝐎 𝐄𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐑𝐋𝐎𝐓𝐓𝐄 𝐌𝐀𝐓𝐓𝐇𝐄𝐖𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora