𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 (𝟎𝟏𝟓)

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DIAS ATUAIS

HORAS MAIS CEDO

O sol refletiu sobre os fios dourados e rebeldes. Natalie prendeu uma mecha tingida atrás da orelha à medida que caminhava em círculos com o celular em mãos. Os dedos finos e cobertos por anéis foram ágeis em acessar o perfil recém-ativado de Charlotte Matthews, insistindo em um encontro que provavelmente jamais aconteceria. Suas mensagens estavam se tornando mais desaforadas, e seus ruídos guturais de raiva mais alto. No fundo, sabia que não seria respondida, mas não custava tentar e vencer pelo cansaço. Charlotte sempre foi uma orgulhosa de merda, e depois do último encontro, as coisas estavam pra lá de estranhas entre elas — muito mais que o comum. Greg trocou o peso da perna, observando calado a escolha suicida da melhor amiga em tentar contato com uma assassina sanguinária. Está ali não era da sua vontade, assim como também se negava deixar Natalie sozinha com uma coisa que matava por diversão. A Scatorccio girou os calcanhares, insistindo em mais uma ligação, prometendo ser a última.

— Desiste, Nat, ela não vem, deve tá bem ocupada comendo bebês ou sabe-se lá o que mais vampiros fazem. — Disse o garoto. Natalie dispensou o comentário com uma revirada de olhos.

— Pode ter acontecido algo. — Respondeu ao desligar a chamada.

— Sim, ela é uma vampira sem humanidade e está devorando pessoas por aí.

— Não. — Natalie soltou um ar arzinho pelas narinas. — E se ela tiver com outra garota? — As palavras se embaralharam em sua mente. — No sentido de ter raptado outra menina.

— Então saberemos quando a segunda-feira chegar e a foto de alguém aparecer na caixinha de leite.

— Por isso temos que falar com ela... — A garota bateu um pé no chão, achando certo a decisão.

— E vamos dizer o quê a ela? — O rapaz se aproximou. — Oie, sabemos que você está tentando reunir garotas para invocar Lilith, será que pode parar, por gentileza?

— E se não for isso? Nunca saberemos se não enfrentamos ela.

— E o que mais ela estaria fazendo, Nat? — O garoto abriu os braços rapidamente.

— Tá, já entendi que você não quer fazer parte disso, Greg, sinto muito por ter te envolvido em tanta coisa!

Emburrada, Natalie recuou e se virou, afastando-se do garoto enquanto resmungava desaforos a si. Greg balançou a cabeça, fazendo o caminho inverso. Não muito longe de onde os jovens se encontravam, algo se encontrava escondido entre as sombras das árvores. Uma criatura que observava atentamente a conversa de dois adolescentes, ansiando pelo momento e a oportunidade perfeita para atacar.

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CASA DOS SCATORCCIO

As unhas roxas eram sinais de que o frio estava se tornando mais rigoroso com o cair da noite. Aquele era o fim do verão para o início do outono, assim como também era o começo para algo mais sombrio. Natalie desceu do ônibus e caminhou até em casa, estranhando o percurso silencioso e vazio. O toque de recolher realmente estava funcionando, e os ataques deixando a população com medo. Frustrada, chutou uma pedrinha para longe, furiosa por não ter uma resposta da vampira Matthews. Parou na frente de casa, e se deu conta que esquecera as chaves sobre a mesinha ao lado do sofá. Pela janela, viu a claridade da TV e a mãe adormecida na poltrona. Natalie suspirou, revirando os olhos. Deu a volta pelos fundos, e encarou a residência ao lado. A modesta casa de madeira dos Clark se encontrava com as luzes apagadas e cortinas cobrindo as janelas, dando sinais que Lilian ainda não estava ali. A Scatorccio também não gostaria de ter voltado para casa, mas ir atrás de Charlotte naquela hora era algo perigoso demais para ser feito. Além disso, não saberia se a encontraria na mansão Matthews ou em algum abatedouro humano. Às vezes, era difícil aceitar o que a filha do prefeito era agora e o que começava a sentir por ela.

𝐇𝐀́ 𝐀𝐋𝐆𝐎 𝐄𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐑𝐋𝐎𝐓𝐓𝐄 𝐌𝐀𝐓𝐓𝐇𝐄𝐖𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora