𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 (𝟎𝟏𝟔)

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Sentir-se uma completa bagunça ia muito além do sentido figurado. Natalie também estava assim, começando pelo vestido, onde o tecido preto grudava, molhado pelo sangue de outra pessoa. Suas mãos estavam na mesma condição, sujas e trêmulas. Sua visão estava borrada pelas lágrimas que ainda escorriam enquanto tentava limpar o que podia ao seu redor e em si mesma. Muita coisa havia acontecido em questão de minutos, e muitas mais ainda iriam acontecer até o fim daquele dia. Ela encarou o corpo inconsciente de Lily, e tudo o que conseguiu sentir por ela foi raiva. Aproximou-se das coisas espalhadas pelo chão: uma garrafa de água, uma adaga de prata suja de sangue e um crucifixo. Lily estava realmente disposta a matar um vampiro naquele dia, e havia deduzido com facilidade que Charlotte estaria presente no velório. Fácil até demais.

Ao ouvir duas batidas na porta, Natalie correu para impedir a entrada de quem quer que fosse. O cômodo ainda estava coberto de sangue, e ela, principalmente. Explicar o que havia acontecido ali minutos antes seria complicado. Natalie conteve a abertura da porta, colocando parcialmente o rosto pela fresta que permitiu abrir. Encontrou a senhora Harris, uma das vizinhas que estava ajudando com o velório.

— Natalie, querida, estávamos procurando você — disse ela, tentando empurrar a porta um pouco mais, mas Natalie a impediu. — Aconteceu alguma coisa?

— Sim... quer dizer, não... — Ela balançou a cabeça, confusa. — Passei mal, mas já estou melhor. Vou descer em alguns minutos.

— Oh, céus, você precisa de algo?

— Não, já estou bem, obrigada.

— Sendo assim, desça, pois queremos que você diga algumas palavras de conforto sobre o seu pai antes de partirmos para o enterro.

— Claro — respondeu Natalie, acenando. A senhora Harris a olhou com confusão, mas sem insistir, virou-se e saiu pelo corredor.

Natalie fechou a porta, aliviada por ganhar mais alguns segundos. Agora precisava se limpar e descer para falar em público. Ela rangeu os dentes, furiosa. Odiava falar em público, e não tinha nada de bom para dizer sobre Joe. Aproximou-se de Lily, verificando o estado da mordida de Charlotte. Felizmente, a ferida já estava seca. Ela sacudiu a outra garota com força para acordá-la. Lily piscou, recobrando a consciência gradualmente.

— Natalie? — murmurou o nome dela. Viu duas Natalies à sua frente, ambas com expressões furiosas. — Não me olhe assim...

— E como você queria que eu olhasse? Você perdeu o controle, Lily! Machucou o meu amigo no velório do meu pai! — Natalie levantou-se, a voz subindo de tom. — Você aproveitou esse momento para se vingar.

Lily piscou, ainda se ajeitando. Passou a mão pelo pescoço, assustada ao perceber a mordida sarada. Ela estava tão perto de terminar com tudo aquilo. Tão próxima do que realmente queria.

— Você tem noção do que fez?

— Eu poderia ter feito algo se você não tivesse chegado — disse Lily, levantando-se com um pouco de dificuldade. Natalie se aproximou, furiosa, com os ombros tensos.

Ter feito algo? Você esfaqueou o meu melhor amigo! — Gritou a acusação. — Que tipo de psicopata você é?

— Ele só apareceu no lugar errado e na hora errada. E além disso, ele ficaria bem depois que eu matasse aquela vampira. Só precisava do sangue dele para atraí-la.

— Ficar bem? Você realmente acreditou nisso? — As mãos de Natalie tremeram ainda mais. Greg não teria sobrevivido se ela não o tivesse encontrado. Lily o teria deixado morrer só para concluir sua vingança. E agora, Greg estava tecnicamente morto. — Você vai desaparecer da nossa vida, Lily. Volte para o buraco de onde saiu.

𝐇𝐀́ 𝐀𝐋𝐆𝐎 𝐄𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌 𝐂𝐇𝐀𝐑𝐋𝐎𝐓𝐓𝐄 𝐌𝐀𝐓𝐓𝐇𝐄𝐖𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora