ME SINTO EM CASA - O inesperado pode levar ao verdadeiro amor

07 - Estou prestes a fazer uma grande besteira

PIETRA VALENTIN

Blame, do Calvin Harris toca, e eu já nem lembro mais quantos shots, garrafas de ice e big Apple eu já tomei. Também não lembro em que momento saí da pista de dança para me reabastecer 'alcoolicamente'. Aparentemente, os meninos levaram bem a sério a ordem da Vitória de nos manter servidas. Já não sinto mais os meus pés de tanto dançar e a minha cabeça gira como o ioiô de uma criança que acabou de ganhar o brinquedo. Vinicius e Caio se aproximam trazendo mais bebidas. 

Eu realmente não sei se sou capaz de botar mais uma gota de álcool na boca sem dar pane, mas eu não poderia estar me importando menos com isso. Se eu for capaz, definitivamente vou perder totalmente o controle sobre mim, mas não é como se no momento eu me importasse com isso também. Enquanto o Caio agarra a Vitória por trás, Vinícius me entrega dois shots de gelatina de alguma bebida que eu não sei mais qual é.
- Percebi que são seus preferidos. – Ele diz quase gritando para que sua voz se sobressaia em relação ao som da música.
- Me sinto menos errada me embriagando de gelatina. – Digo, rindo e engolindo um shot, e em seguida, o outro.

A pista de dança é tomada por Thinking Out Loud, do Ed Sheeran. Parece que o DJ resolveu dar uma acalmada nos ânimos da galera. Não tinha ouvido uma música lenta desde que cheguei aqui. Dou uma olhada em volta e vejo que o clima de romance se instalou na pista de dança. Sorrio ao ver Vitória e Caio num beijo digno de novela das oito. Quando volto a olhar para o Vinícius, ele está com uma mão estendida, as sobrancelhas erguidas e um sorriso no rosto, me chamando para dançar. Rio, reviro os olhos e seguro sua mão.
- Isso definitivamente não é uma boa ideia. Eu vou me arrepender de tudo isso amanhã. – Digo, enquanto ele envolve meus braços no seu pescoço.
- Ainda bem que eu não estou entendendo nada do que você fala. Você está muito bêbada mesmo. – Ele diz rindo, enquanto envolve os braços na minha cintura.
- Haha, engraçadinho. – Digo, franzindo as sobrancelhas. – Por que você não bebe?
- Alguém precisa tomar conta de vocês, e o Caio definitivamente não vai ser essa pessoa. Ele está quase tão ruim quanto você. – Ele diz, olhando por cima do meu ombro para eles que estão totalmente envolvidos pela música. Rio.
- Estou acatando as ordens do meu chefe. – Digo, levantando as mãos como quem se rende.

Quando apoio os braços de volta em seus ombros, ele está me encarando fixamente. Sorrio sem graça, tentando me desvencilhar de seus braços, cambaleando. Ele me segura firme e sorri, balançando a cabeça.
- Você não nasceu mesmo para beber.
- E você está um chato que precisa beber.
- Hoje não. – Ele diz e me solta quando a música acaba.

Vitória corre em minha direção me puxando para continuar a dançar. Acho que Summer, do Calvin Harris. Para ser sincera, eu não estou mais sóbria o suficiente para identificar ao certo que música está tocando, ou se é realmente a Vitoria que dança comigo feito uma louca, ou se eu realmente estou aqui ou estou sonhando ou tendo um pesadelo. Estamos aqui a pouco tempo e eu já perdi totalmente o controle de mim mesma. 

Preciso confessar que não é a pior coisa do mundo. Eu não penso em problema nenhum, nem em ninguém além de mim mesma. Apesar disso, encher a cara não é a maneira mais inteligente de fugir de problemas e pessoas, porque no dia seguinte, todas as coisas vão estar no mesmo lugar, acrescentando uma puta de uma ressaca. Começo a pensar no quanto vou estar mal na manhã seguinte, principalmente levando em conta que eu não tenho costume de beber e que amanhã é dia de trabalhar, e resolvo que é hora de voltar para casa. 

Já comemorei o suficiente, já consegui esquecer os problemas e até conheci o maravilhoso shot de gelatina. Vai ser difícil nunca mais beber depois de ter provado isso.
- Vits, você não acha que é hora de irmos?
- Oi? – Ela grita.
- Ir embora. – Grito de volta.
- Você está louca? Claro que não. – Ela grita ainda mais alto e balança a cabeça desesperadamente. – Eu nunca te vi tão empolgada. Sua comemoração não vai durar só 2 horas.

Ergo as sobrancelhas. Meu Deus! Só tem 2 horas que estou aqui e já estou mais bêbada do que já estive a minha vida inteira? Definitivamente, ou eu sou muito fraca para beber ou eu já bebi demais... Ou os dois.
- Ela já quer ir embora. – Acordo do meu devaneio, quando ouço Vitória gritando para o Vinicius e revirando os olhos. Caio corre para dançar com a Vitória e percebo que ele está com a própria garrafa de... Vodka? Talvez. Olho de volta para o Vinicius.
- Duas garrafas? – Eu digo, erguendo dois dedos. Acho que ergui dois dedos.
- Olha só! Ela ainda consegue contar. – Ele diz, rindo. – Uma para cada casal. – Ele pisca.
- Nós não somos um casal, Vinicius. – Reviro os olhos e o encaro séria.
- Droga! Pensei que já estava bêbada o suficiente para isso.