11 - Eu sou Chuck Bass

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PIETRA VALENTIN

Depois da minha repentina ligação para a minha mãe, ela resolveu vir passar um tempo comigo. Ela está tentando me convencer desde quando chegou de que o que fiz foi totalmente compreensível, de que não a abandonei e de que está tudo bem.

Hoje é o meu primeiro dia na Pw e eu estou tão tensa que a minha gastrite nervosa já deu um sinal disso e o meu estômago já começou a embrulhar.
- Mãe, eu estou enjoada. Não vou conseguir comer. – Digo depois de ela insistir pela milésima vez para que eu coma alguma coisa antes de ir.
- Filha, você precisa comer. E eu vou no mercado fazer umas compras. Você só tem besteira nessa geladeira, Pietra. Essas coisas vão te matar. – Ela pega um pedaço de bolo de cenoura e me entrega. – Toma!

Desisto e sento na cadeira para tomar café. Sei como minha mãe é irredutível quando o assunto é a minha alimentação e também não é justo que eu recuse toda essa mesa de café da manhã que ela preparou. Se não fosse o meu primeiro dia de trabalho, eu não estaria nervosa e provavelmente acordaria com aquele apetite que me atinge toda manhã e todas essas comidas desapareceriam em dois tempos. Uma mesa de café da manhã dessas é o meu sonho desde que eu vim para cá e sempre me contento com uma fruta ou ovos mexidos.
- Obrigada mãe. – Sorrio para ela.

***

A sensação é de que o caminho até a PW triplicou e o trânsito parece que resolveu tirar uma onda com a minha cara. Como não quero chegar em cima da hora, desço do ônibus e resolvo ir andando, afinal, três quadras não é muita coisa.
- Bom dia, mocinha. – Um menino muito parecido com o Chuck Bass de Gossip Girl me recebe na porta.
- Bom dia. – Respondo sem conseguir disfarçar o meu espanto com tamanha semelhança.
- Eu sou Chuck Bass. – Ele estende a mão, rindo do meu espanto.
- Sim. Você é! – Aperto sua mão, rindo.
- Você é a Pietra, não é? Eu sou o Junior, mas todo mundo me chama de Chuck. Aquela é a Gabi – ele aponta para a menina na recepção -, ela é recepcionista e marqueteira daqui desde sempre, mas o termo de marqueteira ela não aceita.
- Bem-vinda, Pietra. – Gabi diz, acenando para mim.
- Obrigada, Gabi. – Aceno de volta, sorrindo.
- Vamos lá! Vou te levar para a sua tour na PW. – Ele diz sorrindo.

Ele me leva primeiramente até a sala em que vou trabalhar. É uma sala exclusiva para o setor de ui/ux design. Aqui as paredes também são brancas com azulejos pretos. Há uma mesa redonda gigante de madeira no centro da sala e algumas outras mesas espalhadas por ela de modo bem organizado. Duas dessas mesas estão desocupadas e Chuck diz que eu posso escolher a que eu quiser. Uma está bem próxima ao janelão de vidro que fica no corredor e a outra, bem perto de uma estante branca cheia de livros, então me sinto automaticamente escolhida por essa. No final da sala, há um quadro branco na parede recheado de post its colados e alguns rabiscos. Antes de saírmos para que ele me mostre o resto da PW, ele me apresenta as pessoas da sala que são bem simpáticas e receptivas.

Acho que posso dizer que ele é uma das pessoas mais carismáticas que já conheci até hoje. Foi inevitável conhecer ele e não lembrar da Vitória. Penso em mandar mensagem para ela falando sobre ele, tenho certeza que ela adoraria saber, mas meu orgulho é mais forte. Não acho justo ter que ser a primeira a hastear a bandeira branca se foi ela quem me falou aquele monte de coisas do absoluto nada, mesmo que lá no fundo, eu pense que ela tem razão.

Ele me mostra cada pedaço da PW e finalizamos na sala em que ele trabalha sozinho. Chuck me contou sobre um projeto incrível que eles vão começar e me deu esperanças de que posso ser escalada para participar dele, o que me deixou bem feliz.
- Eu preciso conversar com o Pedro antes para alinhar algumas coisas, mas sério, é um puta projeto. – Ele diz enquanto senta em sua cadeira e mexe no computador. – Dá uma olhada nesse case! – Pede alguns segundos depois e levanta para que eu sente. Enquanto olho a proposta do projeto, ouvimos algumas batidas na porta, mas já estou tão empolgada com essa ideia, que nem me dou ao trabalho de olhar quem é.
– Bom dia, Pietra. – Ergo a cabeça para olhar e Pedro está sorrindo ao lado de Chuck na porta.
- O que você queria falar comigo? – Ouço Pedro perguntar.
- Temos um projeto para desenvolver. Dos bons. – Ele responde e em seguida, olha para mim. – Pê, volto em 2 minutos, tá bom?
– Pê, dá uma olhada para mim uns minutos? – Chuck pergunta.
- Tudo bem. – Afirmo com a cabeça e eles somem de vista, enquanto volto a ler sobre a proposta desse novo projeto.

ME SINTO EM CASA - O inesperado pode levar ao verdadeiro amorOnde histórias criam vida. Descubra agora