ME SINTO EM CASA - O inesperado pode levar ao verdadeiro amor

24 - Tenho um senso enorme de proteção com relação a ela

PIETRA

Estou extremamente nervosa e ansiosa e meu estômago já deu sinais disso. Saber que finalmente chegou o dia que estávamos esperando há semanas, somado ao fato de minha menstruação simplesmente não dar o ar da graça me fez não conseguir pregar os olhos durante a noite inteira. Eu pareço uma panda e estou totalmente indisposta, mas não existe possibilidade alguma de eu não estar na PW nesse final de semana.

Depois de tomar um banho, tento empurrar biscoitos cream cracker, um copo de leite e uma maça, mas depois de perceber que nada vai descer bem, eu desisto. Eu me recuso a passar mal a ponto de não conseguir sair de casa hoje. Visto uma calça jeans preta, minha camiseta branca com a escrita cool and nice, prendo o cabelo num rabo de cavalo no alto da cabeça e coloco um óculos escuro para esconder minha cara de derrotada.

Meu celular apita ao receber uma notificação de grupo. Clico para expandir as mensagens e sorrio.
Vits: Boa sorte com a sua missão nesse final de semana. Já me sinto abandonada, mas te amo. Você é incrível.
Vini: Como você é dramática, Vitória!
Vini: Parabéns, Pê! Tenho certeza que vocês vão arrasar!!!
Caio: 🚀 🚀 🚀 🚀 🚀 🚀 🚀 🚀 🚀 🚀

Eu sou tão sortuda por ter essas pessoas na minha vida! Decido responder depois e guardo o celular na mochila que separei para passar o final de semana, coloco-a nas costas e peço um Uber, porque provavelmente não chego lá viva se tentar ir de ônibus.

Se algum dia essa empresa já esteve mais alvoroçada, eu não estava aqui, mas eu acho pouco provável que já tenha estado. A recepção está cheia e a mesa de centro repleta de um café da manhã reforçado, digno de um hotel cinco estrelas. Meu estômago ronca ao ver tanta comida junto, mas eu sei que ele não está pronto para receber nada.

Antes de cumprimentar qualquer pessoa que seja, preciso recompor um pouco da minha dignidade. O caminho no carro conseguiu me deixar ainda mais enjoada. Vou ao banheiro, tomo um comprimido de omeprazol e disfarço um pouco das olheiras com corretivo antes de começar o dia. Com sorte, em meia hora o remédio faz efeito, eu consigo comer alguma coisa e tudo vai dar certo.

Tiro o celular da mochila para responder a mensagem do grupo e saio do banheiro. Colido com algo que derruba meu aparelho no chão e quase derruba a mim também, me deixando levemente mais enjoada do que já estou. Apoio na parede, fecho os olhos e respiro fundo para não colocar para fora aquilo que eu nem comi. Levo alguns segundos para abrir os olhos e perceber que Pedro está segurando meus braços.
- Você está passando mal? – Ele pergunta, sinceramente preocupado, enquanto olho para suas mãos em meus braços. A imagem da Fernanda brota instantaneamente em minha mente e eu me desvencilho dele.
- Está tão ruim assim? – Brinco para disfarçar o desconforto, mas é nítido que ele percebe.
- Está péssimo. – Ele também opta pelo disfarce e abaixa para pegar meu celular no chão, mas o seu tom de voz está frio e isso faz meu estômago revirar ainda mais. – Já estava assim? – Ele vira a tela do celular para mim quando levanta e eu apenas balanço a cabeça negando.
- Depois me passa o valor do conserto da tela. – Ele segura o celular em minha direção para que eu o pegue, mas eu estou concentrada demais no modo seco como ele está falando comigo para pegar o celular e não faço ideia do porquê isso está me incomodando.
- Não precisa. – Digo, mordendo a parte de dentro do meu lado inferior para não chorar. Por que caralhos eu estou querendo chorar?
- Não foi um pedido. – Ele segura meu pulso, vira minha mão para cima e deixa o celular ali. – Você comeu alguma coisa hoje? – Agarrando o celular, eu apenas balanço a cabeça, negando novamente e torcendo para que ele vá embora porque cada palavra que ele diz, dá uma pontada no meu coração e me faz perder o ar por alguns milissegundos. – Então coma alguma coisa! O café da manhã é a refeição mais importante do dia.