PIETRA VALENTIN
- Sério? – Pergunto à Deus depois de tocar a campainha do apartamento do Vinícius pela quarta vez.
Definitivamente ainda não entendi como a Vitória conseguiu me convencer a vir aqui, mas agora que já estou aqui com certeza não vou embora. Mesmo com a correria da PW, o Vini está me fazendo uma falta terrível e eu não vou passar mais uma noite com a minha consciência pesada por causa de toda essa confusão.Sento no chão encostando na porta, disposta a passar a noite e se necessário, a madrugada inteira aqui até esse rapaz aparecer. Dez minutos depois e parece que estou aqui há uma eternidade. Esse corredor a meia luz está me dando medo e a cada bipe do elevador eu quase morro do coração. Duas pessoas já passaram por aqui me olhando como se eu fosse uma psicopata esperando o namorado, mas o porteiro ainda não subiu para me mandar ir embora, então acho que está tudo bem.
Ligo para o Vinicius pela quinta vez em dez minutos e ele não atende, então resolvo ligar para a Vitória, que atende ao primeiro toque.
- Me diz que vocês já se entenderam, por favor. – Ela exclama.
- Já estou aqui há dez minutos e nada dele. Acho que vou embora.
- Dez minutos e você já quer desistir, Pê? Esperava mais resistência de você. – Ela ri.
- Ah, isso porque não é você que está sentada sozinha nesse corredor sombrio.Me assusto novamente com o bip do elevador e o vejo saindo com umas sacolas nas mãos.
- Ele chegou. Vou desligar.
- Me liga quando... - Ouço-a dizer e desligo antes que ela termine de falar.
Ele caminha em minha direção rindo e eu fico feliz porque um sorriso soa como uma bandeira branca para mim, então sorrio de volta.
- Você é uma pentelha mesmo, não é? – Pergunta, ainda rindo. – Veio pelo cheiro da comida?
- O que tem ai?
- Japonês.
- Quero! – Ergo as sobrancelhas, dando o maior sorriso que posso e fazendo cara de feliz.Fazia tempo que não vinha no apartamento do Vini, mas está tudo tão no mesmo lugar que tenho a sensação de um dejavu. Ele sempre foi o mais organizado de todos nós. Sigo ele até a cozinha e o ajudo a tirar as coisas das sacolas.
- Então o senhor vai continuar oscilando entre estou de bem com a Pietra e estou de mal com a Pietra ou o quê? – Pergunto arrumando as coisas na mesa.
- A gente pode conversar sobre isso depois de comer? Não vamos estragar o nosso japa, por favor. – Ele abre a geladeira, e em seguida me olha. – Coca ou suco?
- Coca. E toda essa quantidade de comida? Se você está esperando alguém, eu posso ir embora.
- Não estou esperando ninguém. Eu como muito. Você sabe. – Ele senta depois de mim.Acho que nunca comi tanto na minha vida. Sinto que até respirar está difícil. Depois de ajudá-lo a arrumar a cozinha, vamos para a sala.
- Como estão as coisas na PW? – Ele pergunta assim que sentamos.
- Ótimas. É muito bom trabalhar lá. – Puxo uma almofada e coloco no colo.
- Duvido que mais que com a gente. – Ele ri e pega o controle para ligar a TV.
- Não. Nunca será, mas para de tentar mudar de assunto. – Ergo as sobrancelhas, puxo o controle da mão dele e desligo a TV.
- Está bem. O que é que você quer saber? – Ele puxa uma almofada para o colo também e olha para mim.
- Se estamos bem, e se não, como é que a gente muda isso? Vini, você é tão importante para mim. Eu não deveria ter deixado aquilo acontecer.
- Credo! Foi tão ruim assim? – Ele coloca uma mão no peito fazendo cara de ofendido.
- Para com isso! Eu quero conversar sério. – Digo, rindo.
- Ok. – Ele respira fundo. – Eu não vou dizer que estou totalmente bem com a situação. Pietra, Deus e o mundo sabem que eu sou apaixonado por você. Eu não deveria ter deixado aquilo acontecer. – Ele diz isso olhando no fundo dos meus olhos e dando ênfase no "eu".Tenho certeza que estou completamente corada, mas definitivamente não me importo. Ele nunca foi tão direto assim em relação ao que sente por mim, está sendo totalmente honesto e era exatamente esse o tipo de conversa que eu buscava quando resolvi vir até aqui, então eu preciso ser sincera o tanto quanto é possível que eu seja sem magoar ele.
- Então me diz como você está se sentindo em relação a isso. De verdade. Eu quero saber. Eu quero que as coisas voltem ao normal entre a gente. – Digo com toda a sinceridade do mundo.
- Eu achei que não fosse confundir as coisas, que não fosse me deixar levar, mas não foi exatamente assim que aconteceu. Aquele beijo me deu esperanças de que talvez as coisas mudassem entre a gente, e quando eu descobri no dia seguinte que não tinha mudado nada pra você, eu fiquei muito irritado. Eu tentei fingir que estava tudo bem no almoço...
- Você sabe que não precisa disso. – Interrompo. – Nós somos amigos antes de qualquer coisa, a gente não tem que fingir as coisas um para o outro. Sempre foi assim e você sabe disso.
- Eu sei. – Ele diz e segura a minha mão entre as dele. – E é por isso que eu não vou fingir mais. É por isso que eu estou dizendo que eu sou apaixonado por você. Mas eu preciso de um tempo depois desse beijo, porque eu sei que você não sente o mesmo por mim e eu entendo.
- Vini, eu queria tanto...
- Olha pra mim! – Ele segura meu rosto. – Tudo bem. A gente não escolhe essas coisas. Vai passar. Eu não vou deixar isso interferir na nossa amizade. Nunca interferiu, certo? Eu só preciso de um tempo.
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ME SINTO EM CASA - O inesperado pode levar ao verdadeiro amor
RomanceQuando tudo parece estar saindo dos trilhos, às vezes a solução tá no lugar mais inesperado: o coração do chefe que virou seu melhor amigo! ✨ Friends to lovers ✨ Ele se apaixona primeiro ✨ Slow Burn ✨ Relacionamento no trabalho