ME SINTO EM CASA - O inesperado pode levar ao verdadeiro amor

13 - Você faz parte da minha família, Pedro

PIETRA VALENTIN

Nem acredito que a semana passou tão rápido. Hoje já é sexta e no domingo acabou a moleza e minha mãe vai embora. Acordar com seu o café da manhã tem sido tão maravilhoso que eu estou seriamente considerando a possibilidade de obriga-la a vir morar comigo. Chegar em casa depois do trabalho e ter uma janta maravilhosa me esperando não é nada mal também. Mas acima de tudo isso, ter a minha mãe perto de mim me deixa extremamente feliz e segura. Com ela por perto, eu tenho coragem para enfrentar qualquer coisa.

É claro que eu tenho total consciência de que mesmo longe, ela está sempre perto de mim, mas mesmo que a gente tenha isso como uma afirmação sem questionamentos na cabeça, é diferente quando a pessoa está de fato perto de você.

Hoje é o último dia da minha primeira semana na PW e tudo foi tão incrível. Eu sinto como se estivesse exatamente onde deveria estar. Sei que vou crescer e ser muito feliz aqui. Estou ajudando a galera em um novo projeto da PW e tenho trabalhado mais do que pensei que trabalharia, mas não estou nenhum pouco incomodada com isso.

Acho que foi isso que Confúcio quis dizer quando disse "Escolha um trabalho que você ama e você nunca terá que trabalhar um dia sequer na vida", eu realmente não sinto como se estivesse trabalhando.
- Chuck disse que você não vem almoçar. – Encostado no batente da sala, Pedro ergue as sobrancelhas para mim. 
- Eu como algo rápido depois, antes do meu horário de almoço acabar. – Olho rápido para ele e volto os olhos para a tela do computador.
- Isso é sobre o projeto?
- Sim. – Balanço a cabeça.
- Sabe, você está me fazendo ficar com a consciência pesada. – Ele diz, entrando na sala. – Você está fazendo coisas demais e agora ainda vai ficar sem almoçar? – Ele ri antes de olhar para a tela do computador. – Nossa!
- Está bom? – Questiono, receosa.
- Isso está incrível! Sério! Eu sabia quando te entrevistei que você tinha que participar desse projeto.

Acho que está para nascer no mundo uma pessoa mais perfeccionista do que eu. Nada do que eu faço está bom para mim, embora no fundo eu saiba que sou boa no que faço. Eu não sou uma pessoa compreensível.
- Não acho justo você ficar aqui, quando todo mundo está indo almoçar, Pietra. – Ele me arranca do meu pequeno devaneio.
- Eu estou bem. É sério. É que eu estou inspirada e preciso aproveitar. Estou no meu momento de epifania. – Digo, rindo.
- Ok. Eu trago algo para você comer então. – Ele diz e em seguida dá dois toques de leve na tela. – Isso está muito bom mesmo.

Quando o Chuck comentou comigo sobre esse projeto quando estávamos almoçando na quarta feira, eu comecei a orar silenciosamente para que eu fosse chamada pelo Pedro. Parece que a oração do justo realmente pode muito em seus efeitos, porque na quinta-feira ele me chamou na sala dele para falar sobre o projeto e me convidar para participar.

A ideia dele é criar uma espécie de Tinder versão "solidariedade". O aplicativo vai ter um banco de dados com perfis de orfanatos, creches, asilos, instituições etc. O perfil vai conter todo tipo de informações sobre determinado local e os materiais que estão precisando. O solidário vai ter a opção de dar o like (ou não) e entrar em contato com o responsável pelo perfil para que o mesmo vá buscar a doação, ou ele mesmo poderá ir ao local e deixar sua doação.

Antes de fazer a reunião com a equipe, antes mesmo de eu pensar em trabalhar na PW, o Pedro e o Chuck já haviam entrado em contato com muitos locais que se interessaram totalmente pelo projeto, principalmente por ser um projeto totalmente sem custo, então já temos uma boa quantidade de perfis para montar. O plano inicial é que seja um aplicativo local e para algumas cidades próximas, mas a galera está tão empenhada que eu não duvido que espalhe rapidamente.

E eis-me aqui com essa epifania que bateu na hora do almoço para montar um logotipo para o projeto.

Aproveito que meu horário de almoço ainda não terminou e crio coragem para ligar para o Vinícius. Não nos falamos direito desde o dia do beijo e eu preciso muito esclarecer as coisas para ter o meu amigo de volta.