12 - Você vai fazer um strip tease para mim?

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PIETRA VALENTIN

Acredito que meu primeiro dia no emprego novo não poderia ter sido melhor. As pessoas são ótimas, o ambiente de trabalho é ótimo, até a namorada do meu chefe é legal.

Abro a porta de casa e sou atingida pelo cheiro maravilhoso da comida da minha mãe. Que saudade desse cheiro e de jantar uma comida decente.
- Que saudade que eu estava da sua comida, mãe! – Exclamo, largando minha bolsa no sofá e indo em direção a sala.
- Que susto, minha filha! – Ela diz, mexendo em uma panela no fogo. – Tenho uma surpresa para você! Como foi o primeiro dia?
- Que surpresa? – Pergunto, erguendo as sobrancelhas.
- É uma surpresa, não é Pietra? Ela desceu para comprar um refrigerante.
- Ela?
- Ela. A surpresa. Vai tomar um banho, vai!
- Não! Eu vou esperar! – Digo, puxando a cadeira e sentando.

Minha mãe obviamente não deixaria o João entrar. Ele foi a primeira pessoa que passou pela minha cabeça. O Vinícius não me ligou o dia inteiro, o que é bem estranho, então pode ser ele, mas todo aquele lance do nosso beijo não ficou bem resolvido. Eu o conheço o suficiente para saber que se ele ainda não me mandou uma mensagem ou me ligou no meu primeiro dia de trabalho numa empresa em que eu queria muito entrar, é porque tem alguma coisa errada e ele provavelmente não está totalmente confortável com a nossa situação...
Grito ao ver a Vitória entrar na cozinha e minha mãe grita junto.
- AAAAAAAAAAAAH! NÃO ACREDITO!
- MENINA, VOCÊ TÁ QUERENDO ME MATAR HOJE? – Grita minha mãe, em seguida.

Levanto da cadeira e corro em direção a Vits que já está com os braços abertos.
- Nunca mais fique tanto tempo sem falar comigo. Eu vou te matar! – Digo, abraçando-a apertado.
- Desculpa pelas besteiras que eu te falei. – Ela diz, chorando.
- Para! Não chora! Eu vou te matar!
- Tudo bem! Podem ir se matar lá na sala e me deixem aqui na cozinha em paz. – Minha mãe diz rindo e nos empurrando para fora da cozinha.

***

A comida da minha mãe, como sempre, estava maravilhosa. Contei para ela e a Vitória sobre o dia de trabalho, sobre as pessoas e poupei os detalhes sobre o Chuck para mais tarde quando minha mãe for dormir. Ninguém merece o tanto de detalhes que a Vitória pede quando eu começo a falar de algum cara. É uma curiosidade que não tem fim.
- Tia, vai dormir que a gente lava a louça! – A Vitória diz, desligando a torneira.
- Menina! Sai daqui! – Minha mãe dá um tapa de leve na mão dela e liga a torneira de novo. – Vão lá para o quarto conversar. Vocês tem muito assunto pra pôr em dia.
Vits me olha, erguendo as sobrancelhas como quem diz: "Me ajuda aqui!".
- Minha mãe é mais teimosa que você. Pode desistir. Vem! – Estico as mãos para ela.

- E o seu chefe? Gatão mesmo? – Vits pergunta assim que entramos no quarto.
- Sim. A namorada dele também é linda. Parece ser bem gente boa. Mas você precisa conhecer o Chuck. – Afirmo, dando ênfase no 'precisa'.
- Depois dessa entonação, com certeza, eu preciso. – Ela ri e deita na cama.
- Como é que está todo mundo? Você e o Caio, o Vini... Ele não deu nem sinal de vida hoje. – Tiro o notebook de cima da cama e deito ao lado dela.
- Não! Me fala mais desse Chuck!
- Depois que você me disser como o Vinícius está.
- Vinícius, meu Deus! Que morte lenta. Sério. Parece que alguém morreu. Acho que nunca o vi tão com cara de bunda. Um saco! – Ela revira os olhos e pega meu notebook.
- Tadinho, Vits! Depois do lance do beijo, eu não sei como é que está a cabeça dele. Você acha que eu deveria ligar?
- Ah, não faz isso, não! Não me coloca nessa.
- Vitória! Você é minha amiga. É para isso que você serve. – Digo depois de dar um tapa em seu braço.
- Você nunca faz o que eu falo para fazer. – Ela me olha forçando um sorriso.
- Exatamente. E sempre funciona. – Respondo, rindo.
- Idiota! – Ela diz, rindo junto.

ME SINTO EM CASA - O inesperado pode levar ao verdadeiro amorOnde histórias criam vida. Descubra agora