17 - O que é que eu posso fazer?

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PIETRA VALENTIN

Eu tive um fim de semana maravilhoso, e por isso resolvi dormir mais um pouco e pedir um carro no aplicativo para ir ao trabalho hoje. Abro as janelas ao acordar e agradeço aos céus pelo clima. Frio. Muito frio. Abro o guarda roupa e separo uma calça jeans claro de cós alto e cano curto, camiseta preta justa, um sobretudo preto, botas curtas e um cinto preto. Tomo um banho escaldante e volto para o quarto para me arrumar.

Entro no carro, dou bom dia ao motorista e abro a janela. São poucas as sensações na vida que eu amo mais do que o vento batendo no meu rosto e definitivamente não é a única coisa de cunho infantil que é uma das minhas preferidas até hoje. Eu ainda amo assistir desenhos, e tomar iogurtes, e jogar vídeo game, e descobrir formas nas nuvens... A brisa fria está quase congelando meu nariz, mas eu me recuso a fechar a janela. Talvez o motorista reduza minhas estrelas no aplicativo, porque está um frio insuportável aqui dentro, mas eu não me importo. Sempre que eu entrar em um carro, eu vou abrir as janelas.

Fazem algumas semanas que estou trabalhando na PW e mais que nunca, sinto que me encontrei profissionalmente. Minha remuneração é ótima, tenho muitos benefícios, a carga horária é maravilhosa, o local é lindo e as pessoas são incríveis também. Todos me acolheram tão bem que eu já sinto como se trabalhasse aqui há anos. Gabi é a mais nova versão da Vitória na minha vida e isso me deixa extremamente feliz porque além de ser uma pessoa incrível, ela ameniza a saudade que eu sinto da minha melhor amiga todos os dias.

- Ah meu Deus! – Gabi grita ao me ver, dando a volta no balcão para me abraçar.
- O que houve? – Rio, abraçando-a de volta.
- Você está a coisa mais fofa do mundo com esse nariz vermelho. – Apertando minhas bochechas, ela ri.
- Bom dia para você também. – Digo, rindo.
- O Chuck já está na sala esperando você. – Ela diz, voltando para trás do balcão.
- Obrigada! – Sopro um beijo para ela e caminho até a sala.

Subo as escadas de duas em duas, batendo de leve na mão do homem aranha que está pendurado no teto quando me aproximo dele. Chuck me levou para uma tour pela PW e ela é maior e mais incrível do que eu imaginava. No primeiro andar, além da recepção, há banheiros. No segundo, o escritório do Pedro e salas para vários setores. No terceiro andar tem uma sala imensa com jogos de tabuleiro e vídeo game, uma outra com poltronas superconfortáveis e estantes repletas de livro, e uma cozinha com refeitório. Apesar de todos os super-heróis maiores que eu espalhados pela empresa e da sala de jogos, o meu lugar preferido se tornou a cobertura. Há um jardim lindo com vários puffs de pallets espalhados por ele e um lago artificial repleto de peixinhos. Depois que descobri esse lugar, dificilmente almoço fora ou no refeitório. Compro algo ou vou a cozinha pegar a comida e corro para cá.

Me aproximo da sala de Chuck e o vejo ligando seu computador, então dou dois toques de leve na porta.
- Bass! Eu terminei o layout da última tela que estava faltando e agora o protótipo está finalizado! Com todas as interações. Dá uma olhada! – Entro na sala, tirando o tablet da mochila.
- Em que momento você fez isso? – Chuck pergunta, franzindo a testa. – A gente acabou de chegar.
- No fim de semana! – Aperto o botão de power e sento na beira da mesa, aguardando o aparelho ligar.
- Meu Deus! Você trabalhou no fim de semana? – Ele me olha como se eu tivesse feito a coisa mais absurda do mundo.
- Você precisa conhecer a Vitória! – Respondo rindo e mostrando a ele o protótipo. – Olha!
- Quem é Vitória? – Abaixando o tablet, ele olha para mim com olhos de expectativas.
- Você pode olhar primeiro? – Balanço a cabeça, rindo e levanto o aparelho novamente em sua direção.
- Você é boa mesmo, não é? – Ele afirma depois de alguns minutos analisando o protótipo, me devolvendo o tablet e batendo palmas. – O Pedro vai aprovar, com certeza.
- Será que eu mostro para ele agora? – Coloco minha mochila em cima de uma mesa no canto da sala e olho para ele esperando sua resposta. – Bass!! – Chamo sua atenção quando ele não me responde. – No que está pensando? – Pergunto quando ele me olha.
- Quem é Vitória?
Ambos rimos e eu me aproximo dele tirando o celular do bolso para mostrar fotos da Vitória.

ME SINTO EM CASA - O inesperado pode levar ao verdadeiro amorOnde histórias criam vida. Descubra agora