🍧 01. Algodão Doce 🍧

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Escrita com
Carolleite26 ✨ ♥️

Mais um dia começou e eu mal consegui dormir preocupada com as coisas, comida que faltava, leite que não tinha para a minha bonequinha, remédios, nada, absolutamente nada. Os armários estavam vazios, o gás estava prestes a secar e ela chorava com fome. Por mais que sugasse o meu peito, não conseguia muito leite, eu não estava me alimentando como deveria para produzir mais, fora todo o estresse que passava. Tomei um banho bem rápido para economizar a pouca água que tinha, dei banho na minha filha e nos arrumei para sairmos. A sorte foi uns poucos ingredientes que consegui ontem para fazer alguns docinhos, precisava arrumar dinheiro para comida ou nós duas morreriamos de fome. Peguei a bolsa dela, a sacolinha com os doces e saímos. Mas na hora que iria fechar a porta, a chave caiu no chão, assim como a bolsa dela. Comigo era sempre assim, um desastre sem fim.

Dionisio: Te ajudo – peguei suas coisas do chão lhe entregando – Aproveito para falar que sua filha chora demais, eu preciso dormir para trabalhar a noite, será que dá para fazê-la ficar quieta? - estava fazendo bico como segurança em uma fábrica, precisava dormir de dia para aguentar o turno da noite, essa bebêzinha me enlouquecia.

Refúgio: Obrigada - peguei as coisas de sua mão, estava totalmente constrangida com o que ele falou - eu sinto muito Sr, mas ela é apenas um bebê que não entende absolutamente nada e o Sr tão pouco, porque se entendesse não faria esse tipo de comentário - fechei a porta.

Dionisio: Não sou idiota, sei como funciona um bebê, a questão é que necessito dormir e ela como um bebê devia dormir mais assim ficaria mais tempo em silêncio e eu poderia descansar, você não trabalha? Não tem uma creche?

Refúgio: Ela não é uma máquina para saber como funciona. E você acha que eu também não preciso? Mas ela sente fome e por isso chora - senti os meu olhos molharem com a dor de minhas palavras - nossa, quanto cavalheirismo, pode dormir a tarde toda Sr, ficarei fora, só voltarei a hora que foi sair, a propósito pode me falar qual horário devo retornar para casa?

Dionisio: Por isso tem uma mãe, se a colocar para dormir vai poder descansar junto com ela – observei o seu olhar – Eu irei dormir, o mais tarde que você puder ficar fora estou cansado demais desses últimos dias.

Refúgio: Claro, eu sou uma irresponsável mesmo. Pode dormir tranquilo, só voltarei a noite, tenha um bom descanso Sr. Vamos meu amor - saí com a minha menina, a verdade é que eu queria chorar. Ele acha que eu não quero dar comida e uma boa noite de sono para a minha filha, mas não sabe o que nós passamos.

Dionisio: Obrigado – entrei em meu apartamento, não sou um idiota percebi pelo seu olhar que estava passando por problemas, pelo jeito não tinha ninguém para ajudar, comecei a separar alguns mantimentos, sei lá o que ela precisaria, mas separei pães, frutas, todos os leites que tinha em casa mais algumas outras coisas, deixei em sua porta, fui tomar um banho e dormir um pouco.

Esse dia foi totalmente um desastre, já comecei o dia com o pé esquerdo batendo com aquele vizinho chato, que achava minha vida fácil, um tremendo engano. Quando comecei a andar pela rua, o que mais escutava eram piadas, acusações por estar me fazendo de vítima e ainda mais usando um bebê de apenas três meses para isso. As pessoas não sabiam como doía escutar isso, estava ali tentando trabalhar, sim, era trabalho vender os meus doces para alimentar eu e a minha filha. Na segunda esquina que dobrei minha sandália torou, mas eu não chorei, me segurava, tudo era um aprendizado e essa fase iria passar. Horas depois o tempo fechou de repente e começou uma chuva muito forte, precisei me abrigar com a Olívia embaixo da marquise de uma loja, a chuva só piorava e o tempo esfriava. Ouvi um enorme estrondo e a marquise desabar, foi por um triz que não nos atingiu. Eu já não aguentava segurar tudo, o choro veio e as lágrimas se misturavam às gotas da chuva. Cheguei em casa toda ensopada, muito antes de entrar vi uma cesta de mantimentos ali na porta, chorei tanto, queria agradecer a esse anjo, mas não sabia quem era. Entrei em casa como a minha filha toda molhada, ela chorou tanto que adormeceu. Sequei ela e lhe agasalhei deixando na cama. Tomei um banho rápido e me deitei com ela.

Caramba olhei o celular ainda era cedo para acordar e a pirralha começava o seu choro, que saco me levantei irritado, nem pense que sou o chato é que virou rotina essa criança ficar chorando a noite toda atrapalhando meu sono e o desempenho no trabalho, fiz o café tentando tomar em paz, mas estava impossível a criança gritava em plenos pulmões, não, não, não aguentava mais sua mãe iria me ouvir, bati em sua porta incessantemente, ninguém atendia, ela estava maluca, virei a maçaneta da porta e estava aberta? Que se dane entrei seguindo o choro até o quarto pegando a bebê no colo, a mãe ao lado nem se importou, como pode? 

Dionisio: Pronto bebê, pronto não precisa mais chorar – senti um cheirinho ruim vindo da fralda devia ser isso o motivo do seu choro, com muito custo troquei e a bebê se calou, mas não por muito, agora era fome – Ei, você, não vai cuidar da sua filha, está fingindo que dorme? Saco – sai do quarto para fazer a mamadeira, agora tinha me tornado babá, dei de mamar, fiz arrotar e agora iria acordar aquela mulher, coloquei a bebê na cama e fui chacoalhar a mulher, não acordou? Toquei sua testa que estava queimando em febre – Droga, droga e droga, levo ao hospital ou tento algo aqui mesmo? - carreguei seu pequeno corpo para o banheiro ligando o chuveiro bem morno acabando os dois se molhando, com dificuldades a sequei, troquei sua roupa e a levei para a cama, tive que voltar para o meu apartamento tirar a roupa molhada e ligar para o meu trabalho avisando que não poderia trabalhar hoje e voltei para cuidar das duas, não sou uma má pessoa.

Refúgio: Na... não... Oli... Oli... mi... minha filha...- gemia sentindo um frio terrível - a ma... a mamãe... está... aqui... vai... vai passar... na... não... chora...

Dionisio: Está tudo bem com a sua filha, não se preocupe – a inclinei um pouco para que tomasse o medicamento para ajudar na febre além de hora em hora trocar o pano em sua testa - Agora beba e descanse, está tudo bem – a bebê resmungou mais uma vez - Não chora bebê - a ajeitei melhor na cama, agora estava sem sono com tempo sobrando sem poder fazer nada, sai do quarto vendo a bagunça que estava em sua casa então comecei a recolher as roupas sujas para lavar em minha casa, depois fazer uma faxina na casa, guardar os pouco brinquedos, por mais que fosse madrugada fui cozinhar uma sopa e reparar que não tinha nada ali somente o que tinha dado, fui em casa mais uma vez para pegar o que faltava, tudo pronto, limpei minha bagunça e fui sentar na sala não por muito tempo já que a bebê chorou mais uma vez.

Não sei quanto tempo dormi, mas quando acordei foi no susto, dormi demais e a minha filha deveria estar desesperada sem que eu a pegasse. Me levantei da cama rapidamente, mas quase caí sentindo uma tontura. Sentei ali e não vi a pequena, mas ouvia ela balbuciando. Respirei fundo e levantei com a força que ainda me restava.

Refúgio: Olívia - fui caminhando até o sofá e me sentei ao lado dele - me perdoe, me desculpe, eu... não... não deveria ter te acordado - fui pegar a minha filha de seus braços, mas ele não deixou - eu posso sair moço, fico lá fora com ela para que descanse.

Dionísio: Devia voltar para a cama só que como acordou vou trazer a sopa para que coma um pouco – me levantei com a bebê - Acordei, não está em condições de fazer nada – na cozinha peguei a sopa que estava quentinha – Come tudo sem reclamar e volta para a cama, daqui a pouco suas roupas ficam prontas, vai ficar lá fora piorando sua febre para depois me culpar?

Refúgio: Te culpar? Claro que não, sou eu quem estou incomodando e muito, eu te agradeço por tudo, tudo mesmo que fez por mim e por ela, mas agora quem vai descansar é você. Eu estou bem, vou sair para resolver algumas coisas, só assim você pode descansar sem escutar o chorinho dela - peguei a sopa e deixei sob o pequeno centro em frente ao sofá - obrigada mesmo... obrigada, obrigada - me aproximei e peguei a minha pequena - agradece ao homem filha, ele cuidou muito bem de você - sorri fraco querendo chorar - se... se existir alguma coisa que eu possa fazer por você, por favor me diga, eu farei com todo prazer.

Dionisio: Eu estou bem, quem não está é você passou a noite com febre e não vai sair da cama hoje – peguei a filha dela de volta e me levantei do sofá - Existe um jeito de me agradecer – falei safado – Vai comer a sopa, voltar para a cama e dormir o resto do dia enquanto eu e a pequena vamos dar um passeio, anda, coma logo.

Continua...

Algodão Doce - Refúgio y Dionísio (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora