🃏𝗔 𝗗𝗘𝗔𝗗𝗟𝗬 𝗣𝗨𝗥𝗜𝗧𝗬; 𝗦𝗼𝘂𝘁𝗵 𝗧𝗲𝗿𝗮𝗻𝗼

Capítulo 2

—— Você precisa parar de ser tão certinha, Harleen. — Mirai disse, enquanto caminhávamos pelo corredor em direção à nossa sala — o Shin, o rapaz mais belo desta faculdade, está interessado em você e você aí, com desculpas de que ele não é o seu tipo? Amiga, não existe tipo quando se trata de transar!

—— Pare com isso! — virei meu rosto envergonhada.

—— Harleen... Você ainda está com aquele papo de não se relacionar com outro rapaz depois daquilo? — apoiou suas mãos em meu ombro, se aproximando —  você nunca se envolveu com outro homem?

—— Eu nunca nem dei meu primeiro beijo. —abaixei meu olhar, sentindo minhas bochechas esquentarem — e, além disso, não sei o que é realmente gostar de alguém.

—— Sua mãe nunca conversou sobre isso com você? — entramos na sala e nos sentamos nas primeiras cadeiras perto da parede.

—— Esqueceu que moro com meu pai? — ela suspira fundo, e vejo a professora entrar na sala.

—— Ah, verdada. — ouvi uma gargalhada de sua parte.

Meu pai mandou uma mensagem avisando que meu novo motorista já estava me esperando para me levar. Saí da escola conversando com a Mirai, ela falava sobre sua vida amorosa enquanto eu apenas escutava, ou fingia que escutava.

Ontem à noite mesmo, meu pai avisou que o meu antigo motorista foi demitido por ter cometido uma bobagem, assim como os três anteriores. E agora ele contratou um novo, e espero que ele não seja igual aos anteriores, pois estou cansada de ter um novo motorista a cada mês.

Bmw vermelha... achei.

—— Tchau, amiga! — interrompi sua fala, acenando com a mão enquanto me afastava.

Caminho lentamente em direção ao veículo, a janela se abaixou suavemente revelando o semblante do meu novo motorista. Ele possuí cabelos cor-de-rosa e uma pele muito clara. E seus olhos... tão azuis quanto um oceano, e ele usava uma máscara. Seria inadequado eu afirmar que ele é lindo?

—— Boa tarde — ele abre a porta do carro, e eu entro em seguida. — Me chamo Haruchyo Sanzu, o seu novo motorista. Seu pai mencionou que você tem alguns compromissos, e estou aqui para levá-la.  Poderia me dizer onde é?

—— Bem, eu tenho que ir para a aula de balé, que fica no centro. — digo nervosamente, observando-o assentir. — Você trabalha com meu pai, sim? Peço desculpas por ter que cuidar de uma garotinha mimada agora.

—— Não tem problema, sempre te vejo quando vou resolver assuntos em sua casa. E acho você uma pessoa encantadora, muito educada. - Sorrio com seu elogio. Ele acelera o veículo dando partida.

Sou considerada "santa" e mimada na escola, tudo isso porque nunca me envolvi com garotos, nunca beijei e nem me relacionei. A verdade é que já senti atração, talvez não devesse usar essa palavra, mas foi por um rapaz no segundo ano do ensino médio, e poucos se recordam disso. A única amizade que tenho, e acho que posso considerar assim, é com a Mirai, pois somos primas.

Passei a mão dentro da minha bolsa para pegar meu celular e lembrei que o guarda-chuva ainda estava lá dentro. Espero encontrar o dono para devolvê-lo.

Sanzu estaciona o carro em frente ao salão de balé e desce, contornando o veículo para abrir a porta para mim. Coloco a mochila sobre o ombro e saio.

—— Eu saio às cinco, espero que não seja um problema para você. — ele nega com a cabeça e põe sua mão sobre minha cabeça, acariciando.

—— Tudo bem, estarei aqui às cinco. — Ele dá passagem para eu passar. Caminho em direção à entrada e, assim que entro, vejo-o indo embora.

Caminho entre as outras alunas, indo em direção ao vestiário feminino. Pego uma chave no bolso da minha bolsa e abro o meu armário. Pego a saia de tule e o Bóris, ambos rosa. Assim que me troco, coloco minha sapatilha, dando um laço no fim. Olho no grande espelho, meu cabelo em um coque, pego minha faixa branca e coloco em minha cabeça.

Guardo minha bolsa em meu armário, e o tranco em seguida.

Vou em direção à minha sala, ouvindo murmúrios pelo corredor, e várias meninas indo em direção às suas salas. Abro a porta, notando que minha professora ainda não havia chegado, e vou para a barra começando a me alongar.

—— Harleen, querida. — ouço uma voz pouco familiar. Me viro e vejo Maria, uma estrangeira muito encantadora que chegou recentemente ao Japão. Ela possui cabelos cacheados e longos, uma pele bronzeada e olhos castanhos. —  Acho você extremamente fofa e educada, vamos ser amigas?

—— Obrigada, será um prazer. Acho você muito bonita também! - respondo com um sorriso no rosto.

—— Obrigada. Hoje vou sair com meu primo para passear, gostaria de nos acompanhar? Pode ser uma ótima oportunidade para nos conhecermos melhor. — a professora entra na sala, chamando nossa atenção — Se decidir aceitar, me encontre na saída.

—— Combinado.

Parece ser uma excelente oportunidade para fazer novas amizades e, além disso, estou precisando me divertir.