Eu me lembro de como era estranho pensar que meu pai, aquele homem gentil e amoroso, um dia escondeu de mim que era líder de uma gangue. No entanto, à medida que conversávamos, tudo parecia se encaixar. Ele respondia a todas as minhas perguntas com calma e sinceridade, como se estivesse finalmente abrindo seu coração para mim. Nossas conversas fluíam normalmente, como se aquele segredo do passado não fosse mais uma barreira entre nós. Era reconfortante ver como ele estava disposto a compartilhar esse lado desconhecido de sua vida comigo, e nossa conexão apenas se fortalecia a cada revelação.
E Haruchyo estava ali para ajudar meu pai a contar tudo.
Ele contou que desde a adolescência vem seguindo esse estilo de vida de criminoso, bem antes da morte da mamãe. E o tio Shinichiro — também era um, assim como os outros tios. E essa seria a terceira organização criminosa a ser criada por ele, e ao meu ver a mais perigosa. No fundo, eu acho que já sabia, apenas negava a mim mesma, ou sou muito lenta mesmo. As tatuagens, saídas inesperadas de meu pai no meio da noite com seus amigos, armas. Tudo. Só não percebi.
—— Bom, com tudo resolvido, se me der licença, estarei indo a um compromisso com os Haitanis. Nos vemos amanhã? — perguntou para mim. De dentro da minha bolsa, peguei alguns pirulitos e balas, e coloquei em sua mão.
—— Chega de substâncias ilícitas por hoje, certo? Tente trocá-las por isso. Acredite em mim, é muito melhor. — passei meu braço em volta de sua cintura, dando-lhe um abraço novamente. Desenvolvi um carinho imenso pelo Sanzu, ele é mais do que um motorista, é como um irmão... Para mim? — Até amanhã, Haru!
—— Até, mocinha. — ele deixou um beijo em minha testa, curvou-se diante de meu pai e logo passou pela porta em direção ao seu destino.
Olhei para meu pai, que me observava com um sorriso no rosto. Aproximei-me dele e o abracei também, percebendo que realmente sou mais alta que ele, o que chega a ser engraçado.
— Vou tomar um banho antes de dormir, está bem? Boa noite, pai!
— Boa noite, filha!
Subo as escadas rapidamente, atravessando o corredor até chegar ao meu quarto e trancando a porta assim que passo por ela. Deixo meus sapatos de lado e abro as janelas.Desfaço-me do vestido e permaneço apenas com minhas roupas íntimas. Caminho em direção ao meu banheiro, abro a torneira da banheira e pego sais de banho com aroma de maracujá.
Paro em frente à pia, levando meu indicador até meu olho direito, retirando minha lente de contato. E repeti o mesmo processo com o outro olho. Ali estavam meus olhos de tonalidade roxa, tão brilhantes quanto ametistas. São lindos, pena que não se assemelham aos do meu pai.
Desligo a torneira assim que a banheira se enche e, após me despir das roupas íntimas, adentro a banheira.
Mergulho na água, sentindo-a me envolver aos poucos, e meu corpo relaxando a cada instante. Fecho os olhos, desfrutando da sensação deliciosa em meu corpo, permitindo que o cansaço se dissipe.
Vou descansar um pouquinho.
Quem diria que, depois de vinte anos, eu encontraria Harleen novamente. E pensar que conheci a mãe dela... Uma mulher tão bondosa. Harleen é igualzinha a ela, diferente de seu pai. Pulei a janela de seu quarto, percebendo o silêncio. Não ficaria surpreso se Manjiro aparecesse aqui com uma arma. Foi bastante fácil entrar neste condomínio.
Sentei-me na cama de Harleen, observando os detalhes do ambiente: muitos ursinhos, quadros dela com seu pai espalhados, predominância de tons de rosa. Ela se tornou uma mulher incrível, tão bela, tão cativante.
Cansado de permanecer sentado, decidi bater na porta de seu banheiro, que estava fechada. Como não obtive resposta, cobri meus olhos e abri a porta. Não ouvi nenhum grito, nenhuma ameaça, então abri os olhos.
Meu coração quase saltou pela boca ao vê-la desmaiada na banheira. Dirigi-me rapidamente até ela, abaixando-me em frente à banheira para retirá-la com cuidado. Coloquei uma toalha sobre seu corpo e a levei para sua cama.
—— Caramba, mulher, quer me deixar louco? — murmuro, vendo-a se remexer sobre a cama. Esta sensação de querer protegê-la sempre está me deixando perturbado. — que irresponsabilidade.
Cubro-a com um lençol e me aproximo da porta de seu quarto, destrancando-a. O que aconteceria se eu não chegasse a tempo?
Ela realmente se comportou de forma imprudente, como a sua mãe.Se eu pudesse voltar no passado, não teria criado rivalidade com Manjiro, participado daquela lamentável disputa, e muito menos quase causado a morte daquela adorável bebê. E me sinto um monstro nutrindo sentimentos por essa mulher, eu era literalmente um adolescente quando ela era apenas uma... Céus.
Eu caminhava de um lado para o outro extremamente inquieto, sentindo aquilo martelar em minha mente. Se eu pudesse esquecer esses sentimentos, se eu pudesse não ter conhecido essa mulher...A cada dia que passava, eu tentava em vão suprimir os sentimentos que nutria por ela. No começo, eu só tentava entender como uma mulher de 19? 20 anos? Era tão inocente e boazinha. É como se ela fosse um lugar novo, diferente, e eu fosse um explorador curioso. Cada gesto, cada palavra dela ecoava em minha mente, alimentando essa curiosidade que tenho em relação a ela. Os dias foram passando desde aquele encontro no parque, e eu não conseguia parar de refletir sobre a sua personalidade. Não, não estou apaixonado. Apenas intrigado, como mencionei, em relação à sua natureza tão gentil e delicada, que chega a ser irritante.
Entrei no seu banheiro e recolhi suas roupas, colocando-as no cesto que presumi ser de roupa suja. No entanto, ao olhar para cima da sua pia, deparei-me com um estojo de lentes de contato. Sendo bastante curioso, decidi abri-lo e percebi que eram lentes pretas. Que estranho, quem usa lentes de contato de cor diferente, ainda mais pretas?
—— Você não para de me surpreender, Alerquina.
Olhei pela porta e vi aquela pequena mulher se remexendo inquieta sobre a cama. Logo, decidi sair daquele banheiro.
Me aproximei dela, decidindo esclarecer uma dúvida. Assim que toquei em seu cabelo observei os fios de sua nuca e percebi que, naquela região, apresentavam uma tonalidade diferente. Talvez tenham sido descoloridos, ou minha suspeita pode estar correta.
Passo pelas janelas, dando uma última olhada no quarto. Esta é a minha consequência: apaixonar-me por alguém cuja morte um dia quase causei.
E então, alguma dúvida do que eu possa ter mudado?? Quero ver teorias :)
Votem e comentem.
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🃏𝗔 𝗗𝗘𝗔𝗗𝗟𝗬 𝗣𝗨𝗥𝗜𝗧𝗬; 𝗦𝗼𝘂𝘁𝗵 𝗧𝗲𝗿𝗮𝗻𝗼
Fanfiction"Apenas um perverso das três divindades apaixonado por alguém tão inocente ao ponto de incomodá-lo"