Cap. I

238 12 8
                                    

Era o ano de 1980...

Na mármores Guerra, empresa muito conceituada gerava-se uma enorme discussão entre Eduardo Guerra, proprietário e presidente da mesma e o seu motorista de longa data, Miguel Raposo.

Raposo estava a ser acusado de ter uma ligação amorosa com Mariana  esposa de Eduardo.

Eduardo era muito ciumento o que causava desde sempre mau ambiente dentro de casa.  Mariana vivia triste e por vezes era com Miguel que desabafava.

Neste dia porém, Eduardo levou as coisas ao limite e despediu Miguel.
Logo ali se gerou grande confusão e só não houve agressão porque Juliette tirou o pai de dentro das instalações, saindo este a vomitar desaforos sobre Eduardo.

Miguel seguiu para casa e Juliette voltou ao seu gabinete de escriturária.

Eduardo conhecia bem Juliette.  Desde criança que a via acompanhar o pai em diversas ocasiões.   Não exitou em dar-lhe uma oportunidade de emprego.

Juliette havia conseguido o emprego para ajudar mas despesas da faculdade.  Estava no início do curso e a renda extra era bom para não sobrecarregar o pai.

Depois dos ânimos acalmados, Eduardo pediu que Juliette passasse pelo seu gabinete.

- Esqueçamos o que aconteceu hoje, Juliette.

- Não tem como esquecer.  O senhor doutor despediu o meu pai.

- O teu pai é um ingrato.  Onde já se viu, manter uma relação com a mundo patrão.

- Se o meu pai diz que não tiveram nada eu acredito.

- Tu és muito ingénua, mas não foi por isso que te chamei.
Hoje vou receber alguns empresários depois da hora de expediente e preciso que fiques um pouco mais da hora.

- Eu fico.  Vou ligar ao meu pai e ele depois vem buscar-me.

- Não ligues.  Eu levo-te no fim da reunião.

Concordei e saí,  mas apesar disso liguei ao meu pai a contar.

- Fica atenta, disse-me ele e eu notei algo na sua voz.

Todos os trabalhadores já haviam regressado a casa.  Na empresa, restava eu, o dr. Eduardo e os dois seguranças que ficavam do lado de fora.

Eduardo interfonou e pediu-me para lhe levar um café.
Não era aquela a minha função,  mas também não me custava nada.

Já passava meia hora da minha saída e nada dos outros empresários chegarem.

- Eu vou lá na minha sala,terminar algumas coisas.

- Não.   Fica aqui a fazer-me companhia.   Nunca tivemos tempo de conversar.  Apesar da minha desavença com o teu pai, não quer dizer que nós dois não possamos ser amigos.

Eduardo aproximou-se de Juliette e tentou abraçá-la.  Ela afastou-se e ele segurou na braço dela com força tentando beijá-la à força.

Juliette deu-lhe um tapa na cara o que o enfureceu mais.

Vou fazer contigo o que o teu pai anda a fazer com a minha mulher.  Amor com amor se paga.  Vou te f@der até não me apetecer mais.

- Você nem me toque.  Eu te mato seu animal.

Miguel atendeu a chamada de Juliette e não gostou.  Quando ela disse que ia fazer horas extra com o Eduardo eu desconfiei logo.

Várias vezes eu esperei por ele fora de horas em ele sempre aparecia com alguma das secretárias.

Decidiu ir até lá e como os seguranças ainda não tinham recebido a sua interdição deixaram-no entrar.

Começou a ouvir a voz alterada de Juliette ainda no corredor.   Abriu a porta e Eduardo já tinha retirado a camisa e também as calças.

Juliette estava retida atrás de uma mesa pois Eduardo colocou-se na frente da porta impedindo a sua saída.

Miguel entrou na sala.  Vinha um pouco embriagado.   Empunhava um facão, mas nem isso demoveu Eduardo de prosseguir com os desaforos para com Juliette.

Entraram numa luta corpo a corpo com Juliette a implorar ao pai para irem embora.

A certa altura Eduardo deixou de resistir e caiu para o lado sem reacção.   Todo o seu corpo estava cheio de sangue.

Juliette entrou em pânico e começou a chamar os seguranças ao mesmo tempo que pedia ao pai para ir embora.

- Vai, pai.  Sai pelo outro lado que não tem ninguém.  Eu resolvo aqui.

Miguel ainda exitou, mas foi empurrado pela filha que também lhe tirou a faca, ficando com ela e sujando igualmente as mãos.

A polícia foi chamada a tomar conta da ocorrência.
Ali tinha ocorrido um assassinato.  Era preciso investigar.


Nós dois e o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora