Cap. XXVI

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- Amor, leva o teu carro que hoje eu vou ter uma reunião com uns clientes após o expediente. Não sei a que horas vou chegar.

- Não precisas de mim?

- Não. Hoje só vamos conversar sobre negócios. Se tudo der certo depois preciso na assinatura dos contratos.

- Vai andando. Eu vou chegar um pouco mais tarde. Não acordei muito bem.

- Queres que cancele e fico contigo em casa?

- Não é preciso. Vou fazer um chá e daqui a pouco chego ao escritório.

- A Maria está a chegar. Qualquer coisa, telefona-me.

Dei um beijo na minha mulher e saí.

Toda a semana passada eu esperei pela visita de minha mãe e minha irmã. Como não apareceram eu entendi que o assunto era dinheiro e isso elas já estavam avisadas que não teriam.

...

Tomei um chá e o meu estômago acalmou. Conversei com Maria sobre o jantar e fui para o escritório, mas no caminho tive a sensação de estar a ser seguida.

Parei em frente a uma farmácia e entrei para comprar um remédio para o enjoo. Paguei e no momento que sai e abri a porta do carro ouvi o roncar de um carro em alta velocidade.

Fechei a porta e não me recordo de mais nada. Acordei no hospital toda dolorida e com um braço engessado.
Rodolffo estava a meu lado segurando a minha mão e com olhos de choro.

- O que aconteceu, amor?

- Foste atropelada à porta da farmácia. Tens o braço partido.
Viste quem foi?

- Não. Lembro que ouvi um carro em alta velocidade, mas não deu tempo de ver nada.

- A farmácia tem câmaras de vigilância. A polícia já está a analisar as imagens.

- Choraste porquê? É só um braço partido. Logo eu fico bem.

- Não é só o braço, Juliette.

- Então? O que eu tenho mais?

- O nosso bébé. Perdemos o nosso bébé. Tu estavas grávida.

- NÃO!!! - Juliette quis levantar-se e eu impedi-a.

- O meu bébé não.

Abracei-a e chorámos juntos.

- Ainda era muito pequenino. A batida foi forte e tiveste um aborto.

- Eu não sabia que estava grávida. Desculpa. Eu não cuidei dele.

- Calma. Tu não tiveste culpa. Nós vamos saber quem foi e vai ter o castigo que merece.

- Achas que foi de propósito? Eu tive a sensação de ser seguida.

- E não viste o carro?

- Estava longe. Não dava para identificar matrícula nem modelo.

Juliette começou a ficar bastante agitada e eu fui pedir um calmante à enfermeira.

- Ela vai dormir por um bom par de horas. Se precisar de sair pode aproveitar agora.

Saí e fui em direcção à polícia. O delegado disse que já tinha as imagens e queriam que eu as visse também.

Fiquei chocado com o que vi. Nas imagens não só era bem visível o carro, como o condutor e passageiro.

Não é possível uma maldade deste tamanho. A que ponto chega a ganância do ser humano.

Desta vez eu vou até onde for preciso, mas esta maldade vai ter o seu castigo.

A vida da minha esposa é preciosa de mais e assassinaram o meu bébé.

Nunca terão o meu perdão, nunca.

Doutor, eu faço questão de estar presente quando estas pessoas forem detidas.

- Vamos agora mesmo. Pode haver perigo de fuga.

Entrei na viatura do delegado e segui com eles até um endereço que eu conhecia muito bem.

Nós dois e o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora