Cap. XV

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Cheguei a casa do Mario e ele apresentou-me o companheiro Rui que por sinal era bem simpático.

- Trouxe vinho.  Ia trazer a sobremesa mas não sei o que vocês gostam.

O almoço foi muito agradável.  Mário e o companheiro são muito bons de papo e eu sou uma tagarela.

No final Rui foi tirar um cochilo e deixou-nos a sós.

Contei ao Mário tudo desde a discussão do meu pai com o Dr. Eduardo, a morte deste depois da tentativa de violação,  o julgamento e depois mostrei o contrato com Rodolffo.

- Meu Deus, Juliette.   Eu estou abismado com tudo o que fizeram contigo.  O teu pai foi pior que o pai dele.  Deixar tu ires presa no lugar dele?  E nunca te visitar?

- Fui eu que quis assumir a culpa pensando que podia  contar com legítima defesa.  Eu é que mandei o meu pai desaparecer.

- E mesmo assim foste condenada.  O advogado agiu mal.

- Ele nem sequer mencionou o facto de eu estar prestes a ser violada se o meu pai não chegasse.  Abafaram o facto de terem encontrado o doutor semi nu.

- Que advogado é esse?

- O Dr. Filipe.

- Ah, esse?  Já o vi lá na empresa.  Dizem que namora a irmã do Rodolffo.

- Esse mesmo.  Eu acho que ele recebeu suborno da mãe do Rodolffo.
Eu preciso de provas disso e outras coisas mais.

- Vamos ver o que tens para mim.

- Eu acho que o meu pai e a mãe do Rodolffo eram mesmo amantes.  Também acho que foi ela quem o ajudou a fugir da empresa pois a segurança não o viu sair.  E por último eu desconfio que a irmã do Rodolffo seja minha irmã também.

- Espera lá.  Conta de novo que agora deu um nó aqui.

- Tenho estes documentos desta propriedade que preciso de saber em que nome está registada.
Tenho este apontamentos de transferência de 300.000 reais para esta conta e também preciso de saber o nome do titular e preciso pedir um teste de ADN destas duas mechas de cabelo.

- Vou ver o que consigo, Juliette.   Sabes que o sigilo bancário é difícil quebrar, mas eu tenho um amigo que talvez me possa ajudar.

- Esta semana eu vou tentar encontrar outras provas.

- Eu não compreendo é este contrato.   Porque aceitaste?

- Porque só dentro do covil de lobos eu posso encontrar provas.

- Mas é muita humilhação.  O que ele te faz passar lá na empresa não é bonito de se ver.  E ainda deixa alguns debocharem de ti.

- Não faz mal.  Um dia da caça outro do caçador.

Conversámos durante toda a tarde.  O Rui acordou e nós ainda estávamos de conversa, agora já sobre nós mesmos e não os meus problemas.

Fui tirada deste assunto com uma chamada do hospital onde me informaram do falecimento de minha mãe.

Mário abraçou-me e dispôs-se a ir lá comigo.

Vi minha mãe uma última vez e voltei para casa a chorar.

Na manhã seguinte acordei como de costume e contei a Maria.  Não  sabia a data do funeral ainda.  Fiz o café de Rodolffo e fui arrumar o quarto quando ele desceu.  Ao ver os meus olhos de choro perguntou a Maria o que tinha acontecido.

- A mãe faleceu ontem à tarde.

Rodolffo subiu e viu que ela chorava enquanto fazia a cama.

- Lamento a tua perda.  Quando ela passou por ele não resistiu e abraçou-a.

Ela sentiu o abraço, mas afastou-se imediatamente.

- Desculpe.  Preciso terminar isto.

- Não vás à empresa hoje.  Trata o que tiveres a tratar. 

- Eu vou.  Não sei o dia do funeral.  Nada vai mudar.  Eu só vou precisar de umas horas para o enterro.

- Larga de seres casmurra.  Fica em casa.

- Licença  senhor.   Preciso terminar, senão vou chegar atrasada.

Juliette foi limpar o banheiro e eu desci para sair.

Da minha janela eu via quem chegava e lá vinha ela , teimosa de óculos escuros.  Mandei chamar o Mário.

Nós dois e o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora