Cheguei a casa do Mario e ele apresentou-me o companheiro Rui que por sinal era bem simpático.
- Trouxe vinho. Ia trazer a sobremesa mas não sei o que vocês gostam.
O almoço foi muito agradável. Mário e o companheiro são muito bons de papo e eu sou uma tagarela.
No final Rui foi tirar um cochilo e deixou-nos a sós.
Contei ao Mário tudo desde a discussão do meu pai com o Dr. Eduardo, a morte deste depois da tentativa de violação, o julgamento e depois mostrei o contrato com Rodolffo.
- Meu Deus, Juliette. Eu estou abismado com tudo o que fizeram contigo. O teu pai foi pior que o pai dele. Deixar tu ires presa no lugar dele? E nunca te visitar?
- Fui eu que quis assumir a culpa pensando que podia contar com legítima defesa. Eu é que mandei o meu pai desaparecer.
- E mesmo assim foste condenada. O advogado agiu mal.
- Ele nem sequer mencionou o facto de eu estar prestes a ser violada se o meu pai não chegasse. Abafaram o facto de terem encontrado o doutor semi nu.
- Que advogado é esse?
- O Dr. Filipe.
- Ah, esse? Já o vi lá na empresa. Dizem que namora a irmã do Rodolffo.
- Esse mesmo. Eu acho que ele recebeu suborno da mãe do Rodolffo.
Eu preciso de provas disso e outras coisas mais.- Vamos ver o que tens para mim.
- Eu acho que o meu pai e a mãe do Rodolffo eram mesmo amantes. Também acho que foi ela quem o ajudou a fugir da empresa pois a segurança não o viu sair. E por último eu desconfio que a irmã do Rodolffo seja minha irmã também.
- Espera lá. Conta de novo que agora deu um nó aqui.
- Tenho estes documentos desta propriedade que preciso de saber em que nome está registada.
Tenho este apontamentos de transferência de 300.000 reais para esta conta e também preciso de saber o nome do titular e preciso pedir um teste de ADN destas duas mechas de cabelo.- Vou ver o que consigo, Juliette. Sabes que o sigilo bancário é difícil quebrar, mas eu tenho um amigo que talvez me possa ajudar.
- Esta semana eu vou tentar encontrar outras provas.
- Eu não compreendo é este contrato. Porque aceitaste?
- Porque só dentro do covil de lobos eu posso encontrar provas.
- Mas é muita humilhação. O que ele te faz passar lá na empresa não é bonito de se ver. E ainda deixa alguns debocharem de ti.
- Não faz mal. Um dia da caça outro do caçador.
Conversámos durante toda a tarde. O Rui acordou e nós ainda estávamos de conversa, agora já sobre nós mesmos e não os meus problemas.
Fui tirada deste assunto com uma chamada do hospital onde me informaram do falecimento de minha mãe.
Mário abraçou-me e dispôs-se a ir lá comigo.
Vi minha mãe uma última vez e voltei para casa a chorar.
Na manhã seguinte acordei como de costume e contei a Maria. Não sabia a data do funeral ainda. Fiz o café de Rodolffo e fui arrumar o quarto quando ele desceu. Ao ver os meus olhos de choro perguntou a Maria o que tinha acontecido.
- A mãe faleceu ontem à tarde.
Rodolffo subiu e viu que ela chorava enquanto fazia a cama.
- Lamento a tua perda. Quando ela passou por ele não resistiu e abraçou-a.
Ela sentiu o abraço, mas afastou-se imediatamente.
- Desculpe. Preciso terminar isto.
- Não vás à empresa hoje. Trata o que tiveres a tratar.
- Eu vou. Não sei o dia do funeral. Nada vai mudar. Eu só vou precisar de umas horas para o enterro.
- Larga de seres casmurra. Fica em casa.
- Licença senhor. Preciso terminar, senão vou chegar atrasada.
Juliette foi limpar o banheiro e eu desci para sair.
Da minha janela eu via quem chegava e lá vinha ela , teimosa de óculos escuros. Mandei chamar o Mário.