Contrato
Entre Rodolffo Guerra e Juliette Raposo é celebrado um contrato expresso no que abaixo se descreve.
O primeiro contratante, Rodolffo Guerra, contrata o segundo, Juliette Raposo, para exercer funções não especificadas na empresa Mármores Guerra cujo primeiro contratante é proprietário.
Contrata ainda o segundo para exercer funções na sua residência, sita na rua .... , que será após a assinatura deste contrato a residência da segunda nomeada.
Para o efeito será celebrado um contrato de casamento adicional a este em que ambos se comprometem a honrar o mesmo.
A segunda nomeada receberá um salário correspondente às funções que vai desempenhar tanto na residência como na empresa do primeiro.
Na assinatura deste acordo deverá o primeiro contratante pagar ao segundo o valor de Quinhentos mil reais que terão que ser devolvidos em dobro caso algum dos envolvidos o denuncie.
- Deve ser doido o homem. Não sabe com quem se meteu.
Juliette rabiscou algumas notas no referido contrato e acrescentou:
- Total autonomia e liberdade de gerir e para sair e entrar na residência.
- Só prestar contas a ele e mais ninguém. Também não recebia ordens de ninguém além dele.
- Impedir a entrada na residência comum de outras mulheres que não sejam familiares.
- Viatura própria em seu nome.
- Salário na empresa e casa no valor de 40 mil cada.
- As funções na empresa devem ser exclusivamente dentro da empresa. Todo o trabalho no exterior deverá ser negociado.
- Não haverá entre nós contacto íntimo.- Vamos lá ver se o maluco é mesmo maluco e aguenta o rojão.
Eu vou aceitar. Preciso estar dentro do covil do inimigo para encontrar as respostas que eu preciso.
Quando o advogado veio buscar o contrato ela apresentou as alterações e ainda pediu 15 dias para que pudesse resolver tudo sobre a mãe. O advogado partiu para apresentar as novas condições ao patrão.
Juliette ainda pensou que ele não ia aceitar, mal tal como ela achava as exigências dele absurdas, também ele poderia achar.
No fundo acho que os dois somos parecidos.Rodolffo ao ver as anotações dela, sorriu vitoriosamente.
Mandou que o advogado redigisse novo documento e buscasse a assinatura dela.Em dois dias Juliette assinou o acordo e recebeu 500.000 reais.
O casamento civil foi feito e cada um seguiu para a sua vida.
Agora estava à vontade para tratar do internamento urgente da mãe.No dia seguinte foi a primeira coisa que fez. A mãe questionou-a, mas ela não se alargou nas explicações.
Tinha quinze dias agora para aproveitar sem a pressão de falta de dinheiro.
O internamento da mãe foi feito, preparou a casa para ficar fechada, entregou a cópia da chave à vizinha e partiu para o seu novo cativeiro.
À chegada foi recepcionada por Rodolffo que logo lhe entregou uma lista a que ela não deu importância.
Estavam a mãe e a filha que olharam para ela de lado.Ela levantou a cabeça, segurou a mala e seguiu Rodolffo até ao seu quarto.
- Por hoje limite-se a instalar-se. As funções cá em casa começam amanhã e na próxima semana irá para a empresa.
Ele saiu e fechou a porta. O quarto não era luxuoso, mas tinha o básico e principalmente tinha um banheiro só meu.
Olhei a lista que me foi entregue.
- Fazer o café da manhã para Rodolffo
- Arrumar os quartos.
- Fazer o jantar para todos.
- Cuidar da roupa.- Uma faxineira, é? Tu vais ver a faxineira.
Deves pensar que eu tenho medo de trabalho.Tomei um banho, arrumei as minhas roupas que não eram assim tantas e deitei-me na cama.
À hora de jantar Marina veio chamar-me e eu segui-a. À mesa já estava Rodolffo e a mãe. Eu vi que havia quatro lugares. Marina sentou-se e eu falei.
- Vou jantar na cozinha.
- Este lugar é para si, disse Marina.
- Lugar da faxineira é na cozinha. Eu não vejo aí lugar para os outros serviçais. Eu farei as minhas refeições sempre na cozinha.
Ah! E já vou logo avisando, sr. Rodolffo. Daquela lista eu só arrumo o meu e o seu quarto. Os demais cada um que arrume.Saí em direcção à cozinha, sem esperar qualquer reacção.