Cap. XIV

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Quando fui dormir ainda não tinham regressado do hospital,  mas pela conversa que ouvi Mariana ter ao telefone, era só um caso de alergia, o que não era novidade para mim.

Acordei quando ele entrou, mas não ouvi nada.

Sábado correu normalmente com a Mariana de mau humor por não ter o seu jantar.

Soube que Filipe precisou de passar a noite no hospital para tomar soro mas sairia pela manhã.   Marina ficou com ele.

Ao café Rodolffo perguntou se eu sabia que ele era alérgico aos frutos secos e eu afirmei que não tinha como saber.

- Mentira, disse  Mariana.  Ela quase confessou que fez de propósito e que da próxima o alvo seria outro.

- Eu?  Tenha vergonha.  Eu é que fui ameaçada.

- Rodolffo,  eu e Marina  vamos sair desta casa.  Tu deste cabo da tua vida ao deixares entrar esta pessoa nesta casa.  Quanto mais depressa resolveres o assunto melhor.  Segunda eu viajo de novo com a Marina e quando regressarmos nós iremos para a outra casa.

- Já vai tarde.   Até faço questão de ajudar a arrumar as vossas coisa.

- Insolente.
Logo vou comprar umas embalagens.  Depois arranja alguém que me ajude na mudança, Rodolffo.

- Está bem. Eu mando arrumar tudo e entregar lá em casa.  Quando voltarem já vai estar lá tudo.

À tarde Juliette aproveitou para visitar a mãe pois domingo tinha encontro com o Mário.

Voltou para casa e no caminho comprou duas garrafas de bom vinho.

À noite o jantar era só para dois porque Marina estava em casa de Filipe.

Após o jantar ela fez a sua recomendação.

- Como sabem amanhã não há funcionários.   A senhora pode aproveitar para comprar e cozinhar a sua carne pois eu  não vou estar e nem ver.
Só aconselho que deixem a cozinha limpa conforme vai ficar hoje.

Mariana encolheu os ombros e saiu em direcção ao seu quarto.

- E o vinho que trouxeste à tarde?  É para quê?

- Amanhã tenho um almoço especial.  Merece um vinho.

- Atenção ao contrato.

- Sossegue que eu não o vou trair com ninguém.   O que eu prometo cumpro.  E como não devo nada a ninguém, vou almoçar com o Dr. Mário e o companheiro.

- O Mário lá da empresa?

- Sim.  Ele e a Teresa são os únicos que me tratam com respeito e não me humilham.

- De humilhação tu percebes.

- Infelizmente muito, mas eu sei que muita coisa boa está guardada para mim e como diz a biblia, os humilhados serão exaltados.

- Juliette,  colocas a hipótese de rever algumas alíneas do contrato?

- Não.  Só termina com a denúncia de um de nós.  Porquê?

- Nada.  Cogitei umas alterações.

- Não aguenta, denuncie.  A primeira proposta foi sua.  E eu nunca teria um milhão para pagar nem que trabalhasse a vida toda.

- Deixa estar.

Eu já não suporto esta situação.  O ódio que eu sentia inicialmente foi-se esfumando e agora o sentimento é outro.  Eu só queria deixá-la ir e esquecer tudo.  Vê-la todos os dias e não poder dizer-lhe o que sinto está a matar-me aos poucos.  Espero pacientemente o dia em que isto irá terminar.

Nós dois e o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora