Quando fui dormir ainda não tinham regressado do hospital, mas pela conversa que ouvi Mariana ter ao telefone, era só um caso de alergia, o que não era novidade para mim.
Acordei quando ele entrou, mas não ouvi nada.
Sábado correu normalmente com a Mariana de mau humor por não ter o seu jantar.
Soube que Filipe precisou de passar a noite no hospital para tomar soro mas sairia pela manhã. Marina ficou com ele.
Ao café Rodolffo perguntou se eu sabia que ele era alérgico aos frutos secos e eu afirmei que não tinha como saber.
- Mentira, disse Mariana. Ela quase confessou que fez de propósito e que da próxima o alvo seria outro.
- Eu? Tenha vergonha. Eu é que fui ameaçada.
- Rodolffo, eu e Marina vamos sair desta casa. Tu deste cabo da tua vida ao deixares entrar esta pessoa nesta casa. Quanto mais depressa resolveres o assunto melhor. Segunda eu viajo de novo com a Marina e quando regressarmos nós iremos para a outra casa.
- Já vai tarde. Até faço questão de ajudar a arrumar as vossas coisa.
- Insolente.
Logo vou comprar umas embalagens. Depois arranja alguém que me ajude na mudança, Rodolffo.- Está bem. Eu mando arrumar tudo e entregar lá em casa. Quando voltarem já vai estar lá tudo.
À tarde Juliette aproveitou para visitar a mãe pois domingo tinha encontro com o Mário.
Voltou para casa e no caminho comprou duas garrafas de bom vinho.
À noite o jantar era só para dois porque Marina estava em casa de Filipe.
Após o jantar ela fez a sua recomendação.
- Como sabem amanhã não há funcionários. A senhora pode aproveitar para comprar e cozinhar a sua carne pois eu não vou estar e nem ver.
Só aconselho que deixem a cozinha limpa conforme vai ficar hoje.Mariana encolheu os ombros e saiu em direcção ao seu quarto.
- E o vinho que trouxeste à tarde? É para quê?
- Amanhã tenho um almoço especial. Merece um vinho.
- Atenção ao contrato.
- Sossegue que eu não o vou trair com ninguém. O que eu prometo cumpro. E como não devo nada a ninguém, vou almoçar com o Dr. Mário e o companheiro.
- O Mário lá da empresa?
- Sim. Ele e a Teresa são os únicos que me tratam com respeito e não me humilham.
- De humilhação tu percebes.
- Infelizmente muito, mas eu sei que muita coisa boa está guardada para mim e como diz a biblia, os humilhados serão exaltados.
- Juliette, colocas a hipótese de rever algumas alíneas do contrato?
- Não. Só termina com a denúncia de um de nós. Porquê?
- Nada. Cogitei umas alterações.
- Não aguenta, denuncie. A primeira proposta foi sua. E eu nunca teria um milhão para pagar nem que trabalhasse a vida toda.
- Deixa estar.
Eu já não suporto esta situação. O ódio que eu sentia inicialmente foi-se esfumando e agora o sentimento é outro. Eu só queria deixá-la ir e esquecer tudo. Vê-la todos os dias e não poder dizer-lhe o que sinto está a matar-me aos poucos. Espero pacientemente o dia em que isto irá terminar.