Cap. XXVII

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Eu fui na frente e toquei à campainha.

A porta abriu-se e na minha frente estava a responsável pela morte do meu filho.

- Porquê, mãe?  O que eu fiz de tão grave que justifique vingares-te na minha mulher e meu filho?

- Que filho estás a falar?

- A Juliette estava grávida, grávida!  Entendes?

O delegado aproximou-se e algemou Mariana.

- Eu não fiz nada, disse ela aos gritos o que chamou a atenção de Marina que foi igualmente algemada.

Enquanto as duas davam entrada na delegacia para prestar declarações,  Rodolffo regressou ao hospital.
Juliette ainda dormia tranquilamente.

Rodolffo recostou-se no cadeirão ao lado dela e fechou os olhos tentando imaginar uma criança a correr pela sua casa.
Estes pensamentos fizeram-no chorar novamente.

Juliette despertou.  Perguntou se já sabiam quem a tinha atropelado e ele mentiu ao dizer que não.   Não teve coragem para contar.  Deixaria para quando ela estivesse mais serena.

No dia seguinte ela teve alta e já em casa Rodolffo resolveu contar.  Juliette chorou tanto que Rodolffo teve que lhe dar novo calmante.

As duas ficaram a aguardar julgamento em prisão preventiva.   Mariana assumiu toda a culpa, mas como Marina estava de lado foi considerada cúmplice.  Se ia ser acusada, só saberíamos no julgamento.

Rodolffo quis falar com ela e saber muitos porquês.

- Desde que conheceste essa mulher,  tudo mudou para nós.  Ela tirou-nos tudo.  Casa, dinheiro e até o teu amor.

- Não foi ela, não.   Foram vocês com as vossas atitudes.  Agora vão sofrer na pele o que ela sofreu.

- Liberta a tua irmã.   Ela não tem culpa.

- Eu não vou mexer uma palha.  O tribunal que decida.

- Então arranja-nos um advogado decente.

- Nem um centavo para advogado.  Virem-se.

- Diz ao teu tio que eu quero vê-lo.

Saí dali sem me despedir.   Fui à casa do meu tio, que já me tinha contactado e eu combinei encontrar com ele.

- Que tragédia meu sobrinho.

- Está a referir-se à morte do meu filho ou à prisão da sua irmã?

- Às duas.  Não tinha que ser assim.

- Elas assim o quiseram.

- É preciso contratar um advogado.

- Por mim elas podem apodrecer lá.  Não vou mexer uma palha.

- É a tua mãe e irmã!

- E era o meu filho.   Não tio, eu não vou contratar advogado.

Dois meses depois...

Minha mãe foi condenada a quatro anos de prisão e minha irmã por co-autoria do crime a dois com pena suspensa.

Uma semana depois Marina chegou ao meu gabinete e disse que eu precisava aumentar a mesada dela pois sem a da mãe não conseguia se sustentar.

Propus a compra da parte dela e da mãe na empresa.  Entreguei-lhe os documentos necessários.   Se quisesse dinheiro,  ela que se desenrascasse.

Dois dias depois eu fazia a transferência do valor para a conta dela e pedi para nunca mais me procurar ou à Juliette,  pois iria pedir ao tribunal uma restrição de aproximação.

Juliette voltou agora ao trabalho, mas perdeu um pouco da alegria que tinha.
Eu bem tento fazer programas com ela para ver se ela esquece, mas não tem como.

Por vezes dou com ela a acariciar a barriga e a chorar.  Nesses momentos só a abraço e ficamos juntinhos em silêncio

O braço dela já está quase recuperado.  Mais umas sessões de fisioterapia e tudo volta ao normal.  Agora é arrumar o psicológico.   Sobre a prisão e condenação da minha mãe ela não proferiu uma só palavra.  Também não quis estar presente no julgamento.

Eu tirei uma semana de férias para nós dois.  Vamos fazer uma viagem e aproveitar para estarmos só nós dois, longe deste pesadelo.

Nós dois e o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora