Cap. XXIV

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Hoje o perrengue foi com a minha sogra e minha irmã.

Rodolffo tinha saído, disse ele que queria fazer-me uma surpresa.

Tocaram à campainha.  Desde que voltei a morar com Rodolffo dispensei a Maria nos finais de semana.  Eu própria trato da casa e das nossas refeições.

Fui abrir a porta e deparo-me com a minha sogra e minha irmã.

- Não é possível que estejas de novo aqui. - pelo visto ela não sabia que eu e Rodolffo estávamos juntos.

- Bom dia para vocês também.
Estou, porquê?  Eu e o seu filho somos casados.   É normal duas pessoas casadas morarem juntas.  Mas entrem.  Não quero ser acusada de mal educada.

- O vosso casamento foi uma palhaçada.  Não pensei que meu filho continuasse com este joguinho.

- Pois lamento informar, mas o nosso casamento é real e vai continuar assim.  Já  agora o que desejam?

- Vínhamos discutir um assunto com ele, mas como não está!

- E vai demorar.   Voltem outro dia, mas avisem de preferência.

-  Avisar para vir à nossa casa?

- Vossa casa?  Acaso moram cá?

- Não,  porque tu te apropriaste dela.
Não  moramos cá por tua culpa.

- Não tenho culpa se o Rodolffo descobriu as cobras que vocês são.

- Com que direito me insultas a mim e à minha mãe?  Respeita-nos.

- Com o mesmo direito que a tua mãe armou para eu ir presa e tu cala essa boca, que não é por seres minha irmã que eu vou passar pano.  És igual a ela.

- Eu vou..., Marina levantou a mão para dar um tapa em Juliette,  mas esta agarrou-lhe o pulso antes disso.

- Experimenta tocar-me.

Mariana veio em defesa da filha e disposta a agredir Juliette.

Quando atendeu a porta Juliette vinha da cozinha e  trazia uma faca na mão que pousou numa mesinha da entrada.  Pegou nela e ameaçou.

- Ponham-se na rua as duas.  Fui presa por um crime que não cometi, mas agora se tiver que ser presa novamente  as duas não ficam cá para contar.

- Está casa é do meu filho.  Eu vou esperar por ele.

- Vai esperar, mas na rua.  Aqui dentro não é lugar de esterco. - abriu a porta e elas saíram.
E nunca mais me apareçam à frente.

Bateu a porta com força, largou a faca na cozinha e sentou-se.  Logo os olhos se encheram de àgua.

Iam a entrar no carro quando Rodolffo chegou.

- O que fazem aqui?

- Vínhamos falar contigo  mas aquela doida ameaçou-nos com uma faca.

- Não têem nada que vir aqui incomodar a minha esposa.  Se precisam de falar comigo, marquem hora com a minha secretária e vão ao escritório.

- Filho!  Eu sou tua mãe, e ela tua irmã.

- Não posso mudar essa realidade.  A única coisa que posso mudar é o nosso relacionamento e que seja o menor possível.

- Aquela mulher deu-te a volta à cabeça.

- Graças a Deus.  Sou grato a ela por me ter aceite depois do que a minha família lhe fez.
Agora vou entrar.   Segunda feira, marquem uma hora com a Teresa, mas aviso já que se o assunto for dinheiro, nem vale a pena.

- Como mudaste!  Esse não é o meu filho.

- Então me esqueça.
E tu minha irmã,  já arranjaste emprego, ou ainda continuas a sonhar acordada?

- Bem sabes que não é fácil.  Eu não  me formei.

- Há muito trabalho que não necessita de um canudo.  Basta saber ler, escrever e contar.   Ninguém te mandou largares a escola.

- Grosso.

- Até segunda se o assunto não meter dinheiro.

Rodolffo entrou e fechou a porta deixando as duas na rua.

Juliette ainda estava com cara de choro quando ele chegou perto dela.

- Elas não merecem as tuas lágrimas.

- Eu até tentei ser simpática, mas elas insultaram-me e queriam bater-me.

- Mas não te tocaram,  pois não?

- Porque eu peguei na faca.  Voltei a ver a cena de há mais de cinco anos.

- Vem cá.  Não penses nisso.  Eu já as proibi de voltar aqui.

Levei Juliette para o sofá, sentei-a no meu colo e ela deitou a cabeça no meu ombro.  Fiquei fazendo carinho nela até ela se acalmar por completo.

Nós dois e o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora