Hoje o perrengue foi com a minha sogra e minha irmã.
Rodolffo tinha saído, disse ele que queria fazer-me uma surpresa.
Tocaram à campainha. Desde que voltei a morar com Rodolffo dispensei a Maria nos finais de semana. Eu própria trato da casa e das nossas refeições.
Fui abrir a porta e deparo-me com a minha sogra e minha irmã.
- Não é possível que estejas de novo aqui. - pelo visto ela não sabia que eu e Rodolffo estávamos juntos.
- Bom dia para vocês também.
Estou, porquê? Eu e o seu filho somos casados. É normal duas pessoas casadas morarem juntas. Mas entrem. Não quero ser acusada de mal educada.- O vosso casamento foi uma palhaçada. Não pensei que meu filho continuasse com este joguinho.
- Pois lamento informar, mas o nosso casamento é real e vai continuar assim. Já agora o que desejam?
- Vínhamos discutir um assunto com ele, mas como não está!
- E vai demorar. Voltem outro dia, mas avisem de preferência.
- Avisar para vir à nossa casa?
- Vossa casa? Acaso moram cá?
- Não, porque tu te apropriaste dela.
Não moramos cá por tua culpa.- Não tenho culpa se o Rodolffo descobriu as cobras que vocês são.
- Com que direito me insultas a mim e à minha mãe? Respeita-nos.
- Com o mesmo direito que a tua mãe armou para eu ir presa e tu cala essa boca, que não é por seres minha irmã que eu vou passar pano. És igual a ela.
- Eu vou..., Marina levantou a mão para dar um tapa em Juliette, mas esta agarrou-lhe o pulso antes disso.
- Experimenta tocar-me.
Mariana veio em defesa da filha e disposta a agredir Juliette.
Quando atendeu a porta Juliette vinha da cozinha e trazia uma faca na mão que pousou numa mesinha da entrada. Pegou nela e ameaçou.
- Ponham-se na rua as duas. Fui presa por um crime que não cometi, mas agora se tiver que ser presa novamente as duas não ficam cá para contar.
- Está casa é do meu filho. Eu vou esperar por ele.
- Vai esperar, mas na rua. Aqui dentro não é lugar de esterco. - abriu a porta e elas saíram.
E nunca mais me apareçam à frente.Bateu a porta com força, largou a faca na cozinha e sentou-se. Logo os olhos se encheram de àgua.
Iam a entrar no carro quando Rodolffo chegou.
- O que fazem aqui?
- Vínhamos falar contigo mas aquela doida ameaçou-nos com uma faca.
- Não têem nada que vir aqui incomodar a minha esposa. Se precisam de falar comigo, marquem hora com a minha secretária e vão ao escritório.
- Filho! Eu sou tua mãe, e ela tua irmã.
- Não posso mudar essa realidade. A única coisa que posso mudar é o nosso relacionamento e que seja o menor possível.
- Aquela mulher deu-te a volta à cabeça.
- Graças a Deus. Sou grato a ela por me ter aceite depois do que a minha família lhe fez.
Agora vou entrar. Segunda feira, marquem uma hora com a Teresa, mas aviso já que se o assunto for dinheiro, nem vale a pena.- Como mudaste! Esse não é o meu filho.
- Então me esqueça.
E tu minha irmã, já arranjaste emprego, ou ainda continuas a sonhar acordada?- Bem sabes que não é fácil. Eu não me formei.
- Há muito trabalho que não necessita de um canudo. Basta saber ler, escrever e contar. Ninguém te mandou largares a escola.
- Grosso.
- Até segunda se o assunto não meter dinheiro.
Rodolffo entrou e fechou a porta deixando as duas na rua.
Juliette ainda estava com cara de choro quando ele chegou perto dela.
- Elas não merecem as tuas lágrimas.
- Eu até tentei ser simpática, mas elas insultaram-me e queriam bater-me.
- Mas não te tocaram, pois não?
- Porque eu peguei na faca. Voltei a ver a cena de há mais de cinco anos.
- Vem cá. Não penses nisso. Eu já as proibi de voltar aqui.
Levei Juliette para o sofá, sentei-a no meu colo e ela deitou a cabeça no meu ombro. Fiquei fazendo carinho nela até ela se acalmar por completo.