Cap. XIX

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Eu estou aqui na casa do Mário e do Rui que me receberam com o maior carinho.  Confesso que não tenho disposição para nada, mas preciso reagir e procurar emprego.

Mário ligou-me e pediu-me para eu ligar a TV às 17 horas.   Disse ele que Rodolffo convocou uma conferência de imprensa.

Ouvi com atenção tudo o que ele falou e a minha atenção focou na Mariana e no Filipe que não sabiam onde se meter.
Achei que o Rodolffo estava muito abatido, mas muito firme nas palavras.

Gostei dele querer falar com as outras mulheres e comigo.  Não sei se consigo perdoar.

A ele só lhe tenho que culpar a humilhação que passei.  Ele poderia ter investigado como eu fiz, mas resolveu aceitar o veredicto do julgamento.   Tudo o resto não o culpo.   Ele nem estava cá quando fui condenada.

Já passou uma semana deste que aconteceu o escândalo.   Mariana e Filipe foram capa de todos os jornais e abertura de notícias.  Foram indiciados por corrupção e aguardam julgamento

Hoje vim aqui a casa onde estão a morar  minha irmã e  minha mãe.

- Ainda tens a lata de vires aqui, diz Marina.

- Venho terminar este processo já longo.  Chama a mãe.

Sentei-me com as duas e sem rodeios disse:

- A partir de agora, vou dar-vos a mesada habitual, só porque a empresa também é vossa.  Vou pagar as despesas básicas desta casa, àgua, luz, seguro e o que diga respeito à casa.  Tudo o mais será de vossa responsabilidade.  Empregados, despesas das viaturas e outras sairá do vosso bolso.

- Assim as mesadas não chegam para nada.

- Então façam vocês.   Lavem, passem, cozinhem e esfreguem como todo o mundo, ou então cada uma vai arranjar emprego.

- Tu não podes fazer isso.  A empresa também é nossa.

- Certo.  Eu arranjo lá emprego para as duas.  O que sabes fazer, Marina?
E a senhora, mãe?
Nenhuma de vós tem profissão.   Estou a admitir faxineiras, querem habilitar-se?

- Não nos ofendas, Rodolffo.

- Ah, mãe!  As despesas do seu julgamento vão sair do seu bolso, ou peça ajuda ao Filipe.  Ah, não pode.  Ele tem a cédula retirada.

- Por tua culpa ele terminou comigo.

- Livramento minha irmã.   Ele estava de olho no teu dinheiro.  E tem mais, aquela propriedade que o teu pai te deu, vais vender e dar metade à Juliette.

- Mas o meu pai deu-me. 

- Mas era da família.   Nunca te poderia ter dado uma coisa que não lhe pertencia exclusivamente.
Eu já pedi aos advogados da empresa para tratarem disso.  Se quiseres vender-me a mim resolvemos já.

- Eu vou pensar. 

- Pensa depressa.  Talvez assim a mãe tenha dinheiro para o que vem aí.

- Vais mesmo abandonar-me, Rodolffo?

- Não mãe, mas a nossa relação nunca mais será igual.  Imagina, hoje alguém fazer com a Marina o que fizeste com a Juliette.   Como te sentirias se ela fosse presa por cinco anos e ainda sendo inocente.

- Mas se nem o pai dela a livrou.

- Outro canalha.  Mereceu o fim que teve.

- Eu amava-o.

- Pedisses o divórcio ao pai.  Mas o teu amante não te podia proporcionar uma vida de luxo,  não era?

- Marina, pensa na venda e telefona-me,  mas lembra-te que só recebes metade do valor.

Saí dali com a sensação de mais um capítulo da minha vida encerrado.

Fui ao escritório.  Precisava falar com Mário para saber como ela estava.

Nós dois e o restoOnde histórias criam vida. Descubra agora