Eu estou aqui na casa do Mário e do Rui que me receberam com o maior carinho. Confesso que não tenho disposição para nada, mas preciso reagir e procurar emprego.
Mário ligou-me e pediu-me para eu ligar a TV às 17 horas. Disse ele que Rodolffo convocou uma conferência de imprensa.
Ouvi com atenção tudo o que ele falou e a minha atenção focou na Mariana e no Filipe que não sabiam onde se meter.
Achei que o Rodolffo estava muito abatido, mas muito firme nas palavras.Gostei dele querer falar com as outras mulheres e comigo. Não sei se consigo perdoar.
A ele só lhe tenho que culpar a humilhação que passei. Ele poderia ter investigado como eu fiz, mas resolveu aceitar o veredicto do julgamento. Tudo o resto não o culpo. Ele nem estava cá quando fui condenada.
Já passou uma semana deste que aconteceu o escândalo. Mariana e Filipe foram capa de todos os jornais e abertura de notícias. Foram indiciados por corrupção e aguardam julgamento
Hoje vim aqui a casa onde estão a morar minha irmã e minha mãe.
- Ainda tens a lata de vires aqui, diz Marina.
- Venho terminar este processo já longo. Chama a mãe.
Sentei-me com as duas e sem rodeios disse:
- A partir de agora, vou dar-vos a mesada habitual, só porque a empresa também é vossa. Vou pagar as despesas básicas desta casa, àgua, luz, seguro e o que diga respeito à casa. Tudo o mais será de vossa responsabilidade. Empregados, despesas das viaturas e outras sairá do vosso bolso.
- Assim as mesadas não chegam para nada.
- Então façam vocês. Lavem, passem, cozinhem e esfreguem como todo o mundo, ou então cada uma vai arranjar emprego.
- Tu não podes fazer isso. A empresa também é nossa.
- Certo. Eu arranjo lá emprego para as duas. O que sabes fazer, Marina?
E a senhora, mãe?
Nenhuma de vós tem profissão. Estou a admitir faxineiras, querem habilitar-se?- Não nos ofendas, Rodolffo.
- Ah, mãe! As despesas do seu julgamento vão sair do seu bolso, ou peça ajuda ao Filipe. Ah, não pode. Ele tem a cédula retirada.
- Por tua culpa ele terminou comigo.
- Livramento minha irmã. Ele estava de olho no teu dinheiro. E tem mais, aquela propriedade que o teu pai te deu, vais vender e dar metade à Juliette.
- Mas o meu pai deu-me.
- Mas era da família. Nunca te poderia ter dado uma coisa que não lhe pertencia exclusivamente.
Eu já pedi aos advogados da empresa para tratarem disso. Se quiseres vender-me a mim resolvemos já.- Eu vou pensar.
- Pensa depressa. Talvez assim a mãe tenha dinheiro para o que vem aí.
- Vais mesmo abandonar-me, Rodolffo?
- Não mãe, mas a nossa relação nunca mais será igual. Imagina, hoje alguém fazer com a Marina o que fizeste com a Juliette. Como te sentirias se ela fosse presa por cinco anos e ainda sendo inocente.
- Mas se nem o pai dela a livrou.
- Outro canalha. Mereceu o fim que teve.
- Eu amava-o.
- Pedisses o divórcio ao pai. Mas o teu amante não te podia proporcionar uma vida de luxo, não era?
- Marina, pensa na venda e telefona-me, mas lembra-te que só recebes metade do valor.
Saí dali com a sensação de mais um capítulo da minha vida encerrado.
Fui ao escritório. Precisava falar com Mário para saber como ela estava.